Estava viajando na internet, pesquisando um pouco sobre Marisa Monte e me deparei com o seguinte nome: Carlos Zéfiro. De repente, descobri que ele era o autor daquelas magníficas imagens que estampam o álbum “Barulhinho bom” de 1998. Numa pesquisa pelo Google, encontrei um site que além de trazer versões digitalizadas de suas revistinhas, exibe também uma cópia do projeto de conclusão de curso de Lucas Frasão e Marcio Orsolini. De maneira detalhada, os jornalistas contam um pouco da história do “maior quadrinista pornográfico do Brasil”.
Carlos Zéfiro é na verdade o pseudônimo de Alcides Aguiar Caminha. O carioca (nascido em 25 de setembro de 1925) nunca foi desenhista profissional, se baseava em recortes de modelos de lingerie e de revistas. Casado com Dona Serat Caminha (e com cinco filhos), o funcionário público manteve por muitos anos o seu nome em anonimato com medo de se meter em algum escândalo. As revistinhas, conhecidas com “Catecismos” eram vendidas em surdina pelos donos das bancas de jornal (foram vendidos mais de 30.000 exemplares, tanto para o Nordeste e Sudeste do Brasil, quanto Argentina).
Frasão e Orsolini chegam a considerá-lo um dos mais recentes educadores sexuais da história do Brasil. “(…) invadiu banheiros de mais de uma geração, especialmente dos adolescentes dos anos 1950,1960 e 1970. No mercado da pornografia daquele tempo, nada fazia mais sucesso do que suas revistinhas de sacanagem. Isso porque esse tipo de comércio era coibido por uma sociedade conservadora.”
Sua identidade só veio a público através de uma reportagem de Juca Kfouri para a Revista Playboy em 1991, um ano antes de sua morte. Alcides Aguiar Caminha temia mostrar sua identidade com medo de ser ver envolvido em um escândalo e também por temer perder seu emprego, já que estava submetido a Lei 1.711 de 1952 que poderia punir o funcionário por incontinência pública escandalosa”. Conforme o trabalho de Frasão e Orsolini, Alcides nunca foi rico, ganhando fama repentina depois da entrevista cedida a Playboy.