Mulheres a beira de um ataque de nervos

—”Miénteme. Dime que me has esperado todos estos años. Dímelo.
—Te he esperado todos estos años.
—Dime que habrías muerto si yo no hubiera vuelto
—Habría muerto si tú no hubieras vuelto.
—Dime que me quieres todavía, como yo te quiero.
—Te quiero todavía como tú me quieres.
—Gracias. Muchas gracias.”

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26º Festival de Jabuticaba em Sabará

Sabará já espera visitantes da capital mineira e outros estados para a 26ª edição do tradicional Festival da Jabuticaba de Sabará. Este ano, o evento será realizado junto à Feira de Negócios do Artesanato. A festa acontece nos dias 30 de novembro de 2012, sexta-feira, das 13 às 20 horas; dia 01 de dezembro, sábado, das 10 às 21 horas, e no dia dois de dezembro, domingo, das 9 às 20 horas, na Praça de Esportes, no Centro Histórico. O evento terá ingressos a preço popular de R$ 3,00, sendo que crianças até 12 anos e adultos acima de 60 anos não pagam. A festa contará com 30 expositores de derivados da jabuticaba, 30 stands de artesanato, praça de alimentação com gastronomia típica e barracas da fruta in natura.

Confira algumas curiosidades:

– A Jaboticabeira é uma árvore típica da Mata Atlântica. Possui uma boa quantidade de vitaminas do complexo B e também vitamina C. Cada 100 gramas de jabuticaba apresenta, aproximadamente, 45 calorias. Portanto, é uma fruta pouco calórica. A Jabuticaba é rica em sais minerais como, por exemplo, cálcio, fósforo e ferro. Tem apenas uma safra por ano, entre agosto e novembro, fim de inverno e primavera.
– Sabará é considerada a “terra da jabuticaba” e deu nome à variedade da fruta que se tornou a mais popular do País.
– É na polpa da jabuticaba que a gente encontra ferro, fósforo, vitamina C e boas doses de niacina, uma vitamina do complexo B que facilita a digestão e ainda nos ajuda a eliminar toxinas.
-É uma das frutíferas mais cultivadas, desde o Brasil Colônia, em pomares domésticos. É tradição o aluguel de pés de jabuticaba, o que permite a colheita e o consumo de todas as frutas de um dado pé durante um certo período de tempo.- Há vinte anos,  prefeitura de Sabará concede desconto no IPTU a imóveis com uma ou mais jabuticabeiras no quintal. A economia pode chegar a 25% do imposto. Cada pé dá direito a 5% de desconto, e o limite máximo são cinco. Mas tem um, porém: o benefício vale somente para árvores com cinco centímetros de diâmetro, no mínimo. A lei nº 146/82 entrou em vigor em 23 de agosto de 1982. Foi uma década em que houve uma grande expansão urbana e a regra entrou em vigor para estimular a preservação das jabuticabeiras.
– A Prefeitura de Sabará também promoveu e registrou o festival como patrimônio imaterial do município, um dos maiores produtores da fruta no estado. o Festival é uma festa anual, realizada geralmente no final de outubro ou princípio de novembro, teve seu início em 1987.
– O aluguel de jabuticabeiras também é uma das características do festival. A taxa para alugar  fica entre 50 e 70 reais. A pessoa entra em contato com donos de sítios e pode consumir a fruta no local ou colher e levá-la pra casa.
– A jabuticaba é uma fruta originária do Brasil. Nativa da Mata Atlântica, ela pode ser encontrada nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, além de outros. A fruta também pode ser encontrada em certas regiões da Argentina, Paraguai e Uruguai.

o coração de Mariana…

Mariana me disse que estava cansada.

Perguntei: Cansada de quê?

Mariana não sabia responder.  Disse que estava com a cabeça a mil, cheia de problemas e questões que não a deixavam dormir. Estava preocupada com a família, com a escola, com o trabalho, com os amores, com o dinheiro. Queria entender o mundo, queria entender sua fé. Vivia pensando em como poderia melhorar de vida, de saúde. Queria aprimorar a escrita, ler mais clássicos, conhecer outras bandas, outros países: outros mundos. Queria fazer uma faxina: na casa e na vida.  Queria parecer mais alegre, clarear e colorir os dentes. Disse que enquanto trabalhava, pensava se a avó estava bem, se a mãe tinha descansado, se o tio não estava aprontado, se os gatos não mexeram na comida e se a nota da faculdade tinha saído.

Respondi que às vezes o coração tenta acompanhar o ritmo da vida. Se estamos correndo, ele bate rápido, até provoca palpitações. Mas que precisamos ter cuidado: se o coração não conseguir acompanhar Mariana: uma hora ou outra, resolve parar.

O Humor Negro em American Horror Story

Caricatura da personagem Pepper.
A presença do humor negro em séries americanas não é uma novidade. The Big Bang Theory, Desperate Housewives, House e tantas outras estão aí para servir de exemplo. No caso de AHS grande  parte das piadas ficam por conta dos fãs. Os produtores dão a deixa e os espectadores se apoderam sem piedade das frases apimentadas e erotizadas. Brincam com expressões mais sérias e parecem não se importar com cenas que para alguns são profundamente chocantes: exorcismo, sadismo, aborto (…).

De fato, o crescimento de American Horror Story está evidente. No Facebook são mais de cem fanpages brasileiras e no Twitter, a série chegou a ocupar os TT’s com a hashtag #AHS. Com um humor impressionante, pessoas do mundo inteiro dividem fotos, gifs, vídeos e participam de fóruns de discussão. Eu não poderia ficar alheia a essas mainifestações: me divirto com o rumo de algumas piadas e participo de dezoito páginas de humor sobre a série. Além disso, há um detalhe que me levou a escrever esse post: A última publicação sobre a série foi a mais visitada do LA AMORA, recebemos em menos de um mês: 680 visitas.

A segunda temporada de American Horror Story está fascinante, a cada episódio uma surpresa. Um delas, é a inquietante personagem “Pepper”, uma das internas do Hospício. Me arrisco a dizer que Pepper foi inspirada no filme Freaks de Tod Browning, de 1932. A “princesinha” virou garota propaganda da série e volta e meia, tem sua foto escancarada em uma das páginas de humor. Não é por menos. Pepper está sempre sorridente, segurando uma flor ou balançando o vestidinho. A figura esquisita que a princípio parece inocente matou e arrancou as orelhas da irmã.

Há mais de um mês os espectadores se perguntam quem seria o serial killer que assusta os arredores do hospício, sequestra, mata e arranca a pele de mulheres na faixa dos trinta anos para fazer Abajur. O grande suspeito é Kit, um homem que afirma ter visto ET’s no quintal de casa e que sua mulher: Alma, foi abduzida. No quinto episódio (particularmente meu preferido) temos a surpreendente revelação. Descobrimos quem é o assassino, conhecido como Bloody Face e quais são seus motivos para matar tão brutalmente essas mulheres. As imagens feitas pelos fãs sobre os assassinatos, são engraçadissimas!

A Sister Jude (ou Irmã Jude) não poderia ficar fora dessa. Um dos personagens mais complexos que a Jessica Lange interpretou, ganhou inúmeras páginas no Facebook que brincam com uma acidez impressionante e exploram pequenos detalhes que não poderiam passar despercebidos.  Como todo mundo sabe a freira (diretora do hospício) constantemente castiga os internos com porretes. Isso mesmo, quando um paciente apronta, ele é logo chamado a comparecer na sala da irmã para receber pauladas na bunda.

Desenho da Irmã Jude, disponibilizado pela pagina no facebbok “AHS Comédia”

Mas Jude, que transparece uma imagem de “quase santa” esconde inúmeros segredos.  A Irmã era uma prostituta famosa da cidade e chegou a atropelar uma garotinha que não resistiu ao acidente e morreu. Jude estava bêbada e nem ao menos saiu do carro para socorrê-la. Além disso, possui um desejo secreto por um padre – não pensa duas vezes quando veste sua lingerie vermelha e começa a “orar” por ele. A zuação maior fica por parte do Batom Vermelho.

A Irmã Jude, quando prostituta, tinha o costume de usar um Batom Vermelho chamado “Ravish me Red” ou “Violenta-me Vermelho”. Não podia dar outra. A sessão de piadinhas com o nome do Batom só perde para as piadas feitas com a Jornalista Lana. Sister Jude que a chamava de “Lana Banana” foi a responsável pelo apelido pegar. Mas existe ironia maior chamar uma lésbica de banana? Os fãs acham que não. E aproveitaram para colocar Lana como um dos maiores alvos das piadas. E o pior: Lana tenta fugir do hospício e acaba nas mãos do assassino Bloody Face. Seu destino de Abajur virou motivo de chacota.

De último, mas não menos importante…. A música que se tornou o HIT da série. Presente em TODOS os episódios, a música sempre toca em momentos que deixam o espectador com o coração na mão. A repetição é tanta que não chega ao ponto de não sair da cabeça por uns dias.  É claro, não poderia deixar de ser um motivo para as piadas:

“Dominique, nique, nique s’en allait tout simplement”
Routier pauvre et chantant
En tous chemins, en tous lieux, il ne parle que du bon Dieu
Il ne parle que du bon Dieu
A l’e poque ou Jean-sans-Terre de’ Angleterre etait Roi

Confira outras imagens engraçadas:

Tantas vezes Helen Mirren

Se existe uma prova viva da importância que o Oscar pode trazer para uma carreira artística é a inglesa Helen Mirren. Depois de ganhar o prêmio de melhor atriz em 2007, sua imagem tornou-se badala nos filmes e tapetes vermelhos de Hollywood. Mirren, que já interpretou rainhas Elizabeth’s mais de quatro vezes tem uma trajetória muito interessante e fez ótimas participações em filmes que, de uma forma ou outra, acabaram caindo no esquecimento.

O primeiro filme que vi com Helen Mirren (e que revi no domingo passado) foi “Tentação Fatal”, de 1999 com Katie Holmes. Sabe aqueles filmes que marcam a adolescência? Pois esse é um deles. Mirren interpreta a malévola Mrs. Eve Tingle, uma professora de história que só sabia maltratar os alunos. A mulher era tão assombrosa que quando caminha pelo corredor da escola, todos saem correndo (inclusive o diretor).

Acontece que Leigh Ann Watson, uma aplicada aluna, precisa tirar nota boa em história para conseguir uma bolsa de jornalismo na faculdade.  Leigh fica seis meses fazendo pesquisas documentadas e escreve 365 páginas retratando o diário de uma mulher medieval, acusada de bruxaria. A menina que precisa de uma nota A, ganha nota C da bruxa Mrs Tingle.

A única coisa que ela tem a fazer é ir bem na última prova escrita. Um belo dia, quando fazia aulas extras, seu colega de turma, Luke, rouba a prova escrita e oferece a Leigh. A garota, sempre certinha se nega a aceitar, mas a professora pega os dois “no pulo” e coloca a culpa em Leigh, que teme perder sua bolsa e consequentemente a oportunidade de ir a faculdade.

Nessa mesma noite, ela e dois amigos decidem ir a casa da Mrs Tingle explicar o que aconteceu. Mas a situação foge completamente do controle, Mrs. Tingle chega a bater em Luke e durante uma discussão e chama a polícia. Para tentar detê-la, os alunos então decidem amarrá-la na cama e chantageá-la até convencê-la a mudar de ideia.

O que eu gosto na Helen Mirren é que ela não tem medo de mostrar seu envelhecimento nem gosta de ficar escondendo seus fios brancos. E se tem um filme em que ela está linda e grisalha é em Matadores de Aluguel de 2006,  dirigido por Lee Daniels.

O filme é bem obscuro, mas com uma proposta dessas não poderia ser diferente. Conta a história de Rose (Mirren) que é uma assassina de aluguel e que está com um câncer, prestes a morrer.  Rose possui um parceiro, Mickey (Cuba Gooding Jr) e os dois são contratados para matar Vickie (Vanessa Ferlito). Acontece que Rose não sabia que Vickie estava grávida e quando mira a arma para matá-la percebe que sua bolsa estourou. Naquele momento, Rose tem uma crise de consciência e salva a garota

Ao salvá-la, acaba se metendo em uma enrascada, simplesmente porque o mandante do assassinato é um dos bandidos mais influentes da área.  A relação entre Rose e Mickey é muito complexa. Rose era ex-mulher do pai de Mickey e depois de assassiná-lo, começou a cuidar do garoto. Mickey foi crescendo e os dois começaram a se relacionar, inclusive sexualmente. Então, Rose torna-se mãe e mulher de Mickey…

Helen interpreta a assassina Rose.

Matadores de Aluguel é sim obscuro, mas Rose não é (juro que não) o personagem mais obscuro interpretado por Helen Mirren. Fiquei em dúvida entre dois deles, mas elegi a Caroline de Uma estranha passagem em Veneza, filme de 1990 com um elenco da pesada:  Rupert Everett, Christopher Walken e Natasha Richardson.  O filme conta a história de um casal que vai passar férias românticas em Veneza.

No dia em que chega, o casal dorme até mais tarde e depois, não consegue encontrar nenhum bar aberto.  Então, conhecem Robert que os leva até um bar (do qual é proprietário). Uma sucessão de acontecimentos fazem com que os dois acabem se hospedando na casa de Robert. Lá, conhecem Caroline, esposa de Robbert que é emocionalmente instável e que vive com uma dor nas costas misteriosa. O filme só fica bom lá para o final, quando você descobre a “estranha passagem” envolve sexo, voyeurismo e  sadismo.

Eu queria falar sobre “O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante”, mas esse filme merece um post único, pra falar só dele. Então aí vai mais uma dica (e a última): Colapso, de 1996 ou “Loosing Chase” (a tradução literal ficaria “Perdendo Chase).  O filme ficou bem conhecido no cenário lésbico por conter um “clima” de romance entre Chase e sua enfermeira.

Na verdade o filme foi feito pra televisão e é de uma delicadeza tamanha. Conta a história da dona de casa Chase Philips (Helen Mirren) que sofre de crises nervosas. O coitado do marido tenta fazer de tudo para agradá-la e para deixar a família unida. Assim, contrata uma “Ajudante de mães”: Elizabeth, interpretada por (Kyra Sedgwick).

Mas Chase é rude o tempo todo, humilha Elizabeth e fica tentando mostrar que ela não é necessária naquela casa. Com calma (e com o tempo), Chase e Elizabeth estabelecem um forte relacionamento de confiança. Chase acaba se abrindo com Elizabeth e conta sua história. Elizabeth por sua vez, também se abre e conta suas feridas… E as duas se apaixonam.

Viva Elis

Com a correria do novo emprego e com as vésperas de provas na faculdade, acabei sumindo do La Amora. Não foi de propósito, eu juro. Acho até que isso vai acontecer outras vezes porque o meu cotidiano anda me consumindo muito: graças a Deus.  Mas hoje, entre uma matéria e outra feita para a TV, tentei conseguir um tempo para escrever sobre a experiência maravilhosa que tive. Deixei minha chefe acreditar que estava fazendo uma matéria só pra falar sobre a exposição que chegou hoje a Belo Horizonte, no Palácio das Artes da minha cantora favorita: Elis Regina.

O projeto Viva Elis, promovido pela Nívea já não é uma novidade para os fãs da cantora.  Mas eu confesso que eu não me agüentava mais de vontade de ver as imagens, os vídeos e os áudios que trazem uma retrospectiva da carreira dela. Fiquei sabendo que a exposição vinha para Belo Horizonte em Abril e desde aí, não consigo me segurar de tanta vontade.

A mostra passou por várias cidades, dentre elas: São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Fico feliz que tenha chegado até aqui. BH nunca foi um pólo cultural (já perdemos boas peças por isso). Em São Paulo, a exposição recebeu cerca de 200 mil visitas e acho que Belo Horizonte não vai ficar atrás. O engraçado foi que ontem à noite, eu pensava: eu quero ser a primeira a entrar na exposição. Uma pena, não deu… fui a décima.

Acontece que hoje eu respirei Elis e nada vai me tirar do sério até o final do dia (nem mesmo saber que minha pauta caiu). Quando eu sai da faculdade, as pressas para chegar no centro de BH e ver a exposição, me deparei com uma foto da Elis na capa do Jornal O Tempo, já é meu costume comprar, mas hoje comprei com ainda mais gosto.

No texto, o jornalista Daniel Toledo que assina pela matéria comenta uma passagem no mínimo interessante: “Foi sentada como um índio – e não com as pernas elegantemente cruzadas – que a cantora Elis Regina concedeu uma entrevista na televisão, ao vivo. Por conta desse detalhe, alguns espectadores da emissora que transmitia a atração ligaram à produção do programa, pedindo que a cantora se portasse de modo menos agressivo. Com a presença de espírito que lhe era costumeira, Elis aproveitou a deixa para falar sobre os modos de índios, hindus, budistas e cristãos, reivindicando antes de qualquer outra coisa, o direito de se sentar como queria.”

Pronto, já não precisa dizer mais nada. Gosto da Elis Regina desde que me entendo por gente e se tem um motivo pra isso são esses três aspectos: a voz, as musicas que escolhia e a personalidade. Estava lembrando hoje de quando a professora de artes pediu para que os alunos interpretassem seus ídolos. Lembro-me que três meninas se vestiram de Ana Maria Braga (acho que era estouro na época). Eu: cantei Arrastão.

Eu cheguei esbaforida na exposição, porque (talvez pela ansiedade) acabei descendo no ponto errado. – acontece. E na medida em que eu ia entrando, me emocionava ainda mais. Vi fotos de Elis pequena, de Elis aos quinze, vinte anos. Fiquei sentada, vendo aquele vídeo maravilhoso em que ela canta “Cinema Olympia” de Caetano e me deslumbrei  com as réplicas das roupas que ela usou no show Transversal.

Sabe, eu fiquei não surpresa, mas extasiada. E eu estava tão satisfeita de encontrar outras pessoas, que assim como eu, adoram Elis e gostam da música, do trabalho dela. E de saber que ela desperta curiosidade nas pessoas: alguns ali nem sabiam quem eram Elis e foram para ouvi-la, para conhecê-la.

O mais engraçado é que quando eu fui almoçar fiquei pensando: como seria se Elis Regina estivesse viva. O que ela acharia das redes sociais, de Lady Gaga. O que ela diria sobre os Biossenssores, sobre a primeira mulher a ser presidente, sobre o casamento gay ou sobre o Obama e coisa e tal. E fiquei me perguntando o que seria Elis viva, o que fariam com ela (e dela). Será que ela se tornaria um Milton ou uma Maria Bethânia, endeusados pela mídia mas em linhas completamente alternativas. Uma velha linda e louca como a Rita Lee ou uma piada pronta como a Vanusa (eu adoro a Vanusa, mas tem hora que ela vira piada pronta, não tem jeito).

Então, de fato: a morte de Elis contribuiu para a construção do mito. Assim com Cássia Eller ou John Lennon (claro, que cada um com suas próprias dimensões). – Não há nada de novo no que eu estou falando não é? Sei lá, só que eu penso muito nisso sabe. Será que uma hora ela iria desandar como aconteceu com Wilson Simonal? Que morreu completamente no limbo? – Bom… na história não se cabe suposições:  Foi ou não foi. E no caso da Élice (como era carinhosamente chamada), foi assim e pronto.

Caramba, olha só o que virou esse post!. Me desculpem, acho que estou cansada e por isso só estou escrevendo asneiras. Bom… pelo menos, confiram as fotos:

Delicatessen

(Hilda Hilst)

Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais. Das criaturas. Vá lá. Gosto de voltar a este tema. Outro dia apareceu uma moça aqui. Esguia, graciosa, pedindo que eu autografasse meu livro de poesia, ”tá quentinho, comprei agora”. Conversamos uns quinze minutos, era a hora do almoço, parecia tão meiga, convidei-a para almoçar, agradeceu muito, disse-me que eu era sua ”ídala”, mas ia almoçar com alguém e não podia perder esse almoço. Alguém especial?, perguntei. Respondeu nítida: ”pé-de-porco”. Não entendi. Como? ”Adoro pé-de-porco, pé-de-boi também”. Ahn… interessante, respondi. E ela se foi apressada no seu Fusquinha. Não sei por que não perguntei se ela gostava também de cu de leão. Enfim, fiquei pasma. Surpresas logo de manhã.

Olga, uma querida amiga passando alguns dias aqui conosco, me diz: pois você sabe que me trouxeram uma noite um pé-perna de porco, todo recheado de inverossímeis, como uma delicadeza para o jantar? Parecia uma bota. Do demo, naturalmente. E lendo uma entrevista com W. H. Auden, um inglês muito sofisticado, o entrevistador pergunta-lhe: ”O que aconteceu com seus gatos?” Resposta: ”Tivemos que matá-los, pois nossa governanta faleceu”. Auden também gostava de miolo, língua, dobradinha, chouriços e achava que ”bife” era uma coisa para as classes mais baixas, ”de um mau gosto terrível”, ele enfatiza. E um outro cara que eu conheci, todo tímido, parecia sempre um urso triste, também gostava de poesia… Uma tarde veio se despedir, ia morar em Minas… Perguntei: ”E todos aqueles gatos de que você gostava tanto?” Resposta: ”Tive de matá-los”. ”Mas por quê?!” Resposta: ”Porque gatos gostam da casa e a dona que comprou minha casa não queria os gatos”. ”Você não podia soltá-los em algum lugar, tentar dar alguns?” Olhou-me aparvalhado: ”Mas onde? Pra quem?” ”E como você os matou?” ”A pauladas”, respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin(?????) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las? Oscar, traga os meus sais.

apenas: juntos

Eu sempre achei que ficaríamos juntos.

Não importasse a forma.

Que fossemos amigos, namorados, colegas

Mas que estivéssemos juntos –

 apenas

Que soubéssemos do outro

das dores e felicidades

Que chorássemos e ríssemos juntos

Perdendo ou ganhando

Mas que estivéssemos juntos –

 apenas

Que você soubesse que não precisávamos de tantos planos

Que ainda tínhamos muito a experimentar

Mas você não quis  (e)

apenas

se foi.

Só eu não gostei do filme “Uma doce mentira”?

(filme de 2010, Diretor: Pierre Salvadori)

Eu comprei esse filme com tanto entusiasmo que quase caí da cadeira quando acabou. Sinceramente eu já não sou muito fã de filmes românticos, mas “Uma doce mentira” dá vontade de ir embora antes do final. De fato, a história sem Maddy Dandrieux (interpretada por Nathalie Baye) não faria sentido, mas é por responsabilidade dela  – do personagem – que o filme desanda.

Aliás, não há nada de novidade nessa história. “Numa manhã de primavera, Emilie recebe uma linda carta de amor anônima. Sua primeira reação é jogar a carta no lixo. Mas ela vislumbra uma forma de salvar sua mãe, uma mulher triste e isolada desde a partida de seu marido. Sem pensar muito, ela envia a carta para a mãe, sem saber que o autor é Jean, seu tímido empregado. Emilie não imagina que seu gesto desencadeará uma série de desentendimentos, criando situações fora de controle.”

Comentei algumas coisas no Filmow e a galera caiu matando dizendo que o filme foge de clichês e que enfim, a Audrey Tautou conseguiu se livrar da doçura de Amelie Poulain, que o filme é lindo, etc e coisa e tal. Ok… Mas eu, confesso… achei o filme bem chato! E o que tem de diferente dos filmes de Hollywood? Não sei, talvez: “É um filme francês e charmoso”.

Sabe os personagens ficam cercados por uma culpa que não precisam sentir. Jean começa a ir a encontros com Maddy contra vontade e Maddy culpa a filha pela situação (mas de maneira bem grosseira, inclusive tentando se vingar e criando ciladas). E a história para nessa metade: não trata profundamente do assunto (sobre as consequências reais da mentira), nem de maneira leve. Fica no muro e a situação cria um mal estar e incompreensão.