Estou tentando cumprir a desafio de escrever sobre os filmes de Jessica Lange. Na madrugada de ontem, vi no Investigation Discovery: “Segredo de Sangue” (filme de 1998, dirigido por Mark Tonderai, com Gwyneth Paltrow e Johnathon Schaech). Quando acabou, às 3 horas da manhã, fiquei me perguntando se ficava alegre por ter conseguido vê-lo (já que é difícil de encontrar), ou com raiva: porque ele é decepcionante. E pior: decepcionante ao pé da letra: inclusive nos quesitos de fotografia.
Na verdade o filme não é um total desperdício. É gostoso ver Jessica Lange e Paltrow dividindo a tela (independente desse tortuoso roteiro). A história é muito simples, típica dos filmes de suspense americano dos anos 90: “Helen descobre que está grávida do namorado Jackson, os dois que vivem em Nova York decidem se casar e mudar para Kilroran (uma grandiosa propriedade rural que precisa de algumas reformas). O local sempre esteve aos cuidados de Martha Baring, mãe de Jackson. A mulher, no entanto, é neurótica, ambiciosa e ciumenta. E começa a fazer de tudo para afastar Helen do seu filho.”
Apesar de ter um personagem de destaque, Lange apresenta uma atuação contida e pouco convidativa. Aliás, ela recebeu uma indicação ao Framboesa de Ouro (o famoso Razzie Awards) pelo prêmio de pior atriz do ano. Um dos problemas do filme é que ação demora muito para começar. Parece até que precisaram correr com o final, que já não dava mais tempo. [SPOILER] Imagine que a única vingança da mocinha foi um tapa na cara da vilã e um sorriso irônico no final. Helen revelou o segredo de Martha e conseguiu afastar o filho dela. Acontece que tudo isso estava muito claro: não havia mistério, era evidente que Jackson não tinha matado o pai.
Pra explicar melhor: Jackson se recordava que quando tinha uns sete anos, presenciou uma discussão entre o pai e a mãe. Ela queria se separar, porque ele estava a traindo. Martha então sai de cena. Com raiva, Jackson agarra as pernas do pai e ele acidentalmente cai e morre. Mas a versão verdadeira é um pouco diferente: Martha é quem tinha um amante e por isso, o pai de Jackson resolvera abandoná-la. Em sua fúria, matou o marido e deixou que o filho se culpasse. Todo esse fraco mistério faz com que a figura de Jackson fique ainda mais pedante. Não há sequer um momento em que ele se mostre interessante, ou de personalidade forte. A mãe diz uma coisa: ele faz. A mulher diz outra: ele faz.
Logo (e também por causa disso: da fraqueza na construção dos personagens), que o final se torna totalmente angustiante de ruim: nos últimos segundos, Helen conta o “grande” segredo de Martha para Jackson, ele se levanta e diz: “Você não é minha mãe, vou vender tudo isso e você não vai ficar com nada”… Helen dá um tapa na cara de Martha (pelo menos isso), e sai. THE END.
Acho que fui com sede ao pote. No mais, quem se sobressaiu aí foi a Gwyneth Paltrow que se saiu bem no papel de mocinha – Sem dúvidas, a cena mais interessante é a do parto, quando Martha induz o nascimento do bebê com remédios para cavalo. A desprotegida Helen, que estava distante do namorado, fica a mercê das maldades da sogra que parece não se importar em vê-la sofrendo.
Resta comentar sobre a avó de Jackson, mãe do marido de Martha: um personagem crucial, que abriu os olhos da Helen e lhe contou sobre o passado obscuro de Martha (“ que limpava bosta de cavalos e queria um sobrenome importante”).