Luiz disse que está se sentindo muito sozinho. Eu respondi que todos nós, no fim das contas, estamos sozinhos. Estamos sozinhos com os nossos medos, com os nossos segredos, com os nossos desejos e pensamentos. Temos no íntimo, no mais profundo dele, as palavras não ditas, os amores sufocados, a tristeza despistada. Levamos nos olhos a insegurança diária de um futuro incerto (e a decepção de um passado mal resolvido). Queremos que tudo fique em seu lugar e que a vida seja mais fácil. Sonhamos em dar conforto aos nossos pais, mais tranquilidade aos nossos avós, planejamos (ainda que sem objetividade) sobre nossos filhos – e sobre os nomes que eles terão.
Estamos envolvidos na fumaça de futilidade – que a sociedade nos enfia garganta abaixo a cada zapeada na televisão, a cada publicação das redes sociais. Lemos muito livros, temos informação rápida, em grande quantidade e ainda assim, continuamos nos sentindo ignorantes. Saímos pela cidade e pensamos: “eu não conheço nada”, temos consciência da grandeza do mundo (e da nossa pequenez). Tomamos decisões precipitadas (algumas burras) e concluímos: “foi melhor fazer, do que me arrepender de não ter feito.” Estamos vivendo de imagens e de palavras. Cada vez mais distantes, individualistas e politicamente corretos. No fundo Luiz, acho que sentir-se sozinho tem seus benefícios, “estar sozinho” nos ajuda a entender um pouco mais quem somos, qual dor nos dói mais, quem é mais importante na nossa vida e quem não queremos mais nela. Sentir-se sozinho Luiz, é normal – ainda bem.
Lindo! Me dá vontade de responder dizendo que às vezes ficamos menos sozinhos, quando lemos algo que nos toca tanto.