Eu nunca fui fã de comédias românticas, mas esse filme em especial me agradou muito. Resolvi escrever sobre ele porque encontrei críticas bem negativas que o classificavam como uma comédia intencionalmente boba e inverossímil. De fato, o roteiro é extremamente leve e descompromissado, mas há aspectos igualmente importantes que devem ser levados em conta. “Minha doce Geisha” é um filme de 1962 dirigido por Jack Cardiff e roteirizado por Norman Krasna. O filme traz a belíssima Shirley MacLaine no papel de Lucy Dell, uma atriz hollywoodiana casada com um diretor europeu Paul Robaix (interpretado pelo excelente Yves Montand, que dentre outros sucessos, traz no currículo “Adorável Pecadora”).
Lucy e Paul fizeram grandes sucessos juntos, mas dessa vez Paul resolveu ir sozinho ao Japão para realizar uma versão de Madame Butterfly para o cinema. Lucy tenta convencê-lo de que pode interpretar o papel, mas Paul insiste que aqueles cabelos ruivos e olhos azuis definitivamente não serviriam para uma geisha. Sem deixar o marido desconfiar, Lucy vai para o Japão e se submete a uma transformação para conseguir o papel. Aprende a falar e a se portar como uma geisha, coloca lentes pretas nos olhos e usa peruca. O grande problema é que Paul se apaixona pela geisha, deixando Lucy numa situação complicada.
O filme caiu no “popularesco” e agradou ao público. Uma das coisas que eu gosto é o trabalho visual e o cuidado que Cardiff teve nas primeiras cenas em que Shirley Maclaine aparece como geisha. Inicialmente ela sempre está ofuscada por uma sombra (quando não é o seu rosto são seus olhos), esse artifício propõe uma dupla interpretação. A sombra ofusca Lucy do marido, mas também do espectador que vai conhecendo a geisha aos poucos. A sombra também está presente no momento em que Paul invade o quarto da geisha e implora por um beijo.
O falso sotaque da Shirley poderia parecer pedante, como aquela cena em que ela diz que nunca beijou um homem. Porém MacLaine é extremamente cativante e você se diverte imensamente com ela. É muito claro que todo aquele disfarce é difícil de não ser notado, mas Yves Montand te convence que o marido não sabe de nada. É, como eu disse anteriormente, uma comédia descompromissada, divertida… vale muito a pena!
SPOILER: Não há como não se apaixonar pelo fim do filme, quando descobre-se que Paul sabia o segredo de Lucy, que ela era sua doce geisha.
“Don’t be sympathy to anybody but me, my geisha”