Em seu lugar

Eu levo o seu coração comigo, eu o levo no meu coração
Eu nunca estou sem ele a qualquer lugar que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feito por mim somente é o que você faria, minha querida
tenho medo que a minha sina pois você é a minha sina, minha doçura.
Eu não quero nenhum mundo pois bonita você é meu mundo, minha verdade
e é você que é o que quer que seja o que a lua signifique
e você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar
aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe aqui é a raiz da raiz e o botão do botão e o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distantes.
Eu levo o seu coração, eu o levo no meu coração

(E.E. Cummings)

Em seu lugar Sou fã da Toni Colette desde que assisti ‘O casamento de Muriel’, gosto muito da Cameron Diaz também, acho que ela tem um ótimo astral que sobressai às telas e cativa o público. As duas foram uma escolha perfeita para a adaptação cinematográfica do livro ‘In her shoes’, escrito por Jennifer Weiner. O filme, dirigido por Curtis Hanson é uma reconstrução sensível e delicada de um relacionamento complexo entre irmãs que vivem uma rotina completamente diferente e que dividem um passado doloroso.

Enquanto Rose é uma advogada bem sucedida, Maggie é uma mulher que não quer saber de trabalhar e que não se importa em viver as custas da irmã mais velha. Em contrapartida, Rose é uma mulher insegura com o próprio corpo que desabafa suas mágoas comprando vários sapatos (muitos dos quais nunca usou) e Maggie é uma mulher belíssima que namorou com vários homens, mas que não conseguiu estabelecer um relacionamento com nenhum deles. A mãe das duas possuía um histórico de pertubação mental e depois de sofrer várias internações, morreu em um acidente de carro (que não se sabe se foi intencional). Elas foram criadas pelo pai (que se casou novamente) e por muito tempo, desconheceram a existência da avó materna Elle (Shirley Maclaine) que pensavam estar morta.

Nem Colette, nem Diaz, nem mesmo Shirley Maclaine roubam a cena: todas as três recebem o mesmo espaço e atuam com bastante cumplicidade, o que é admirável. Eis um drama feminino bem medido, bastante delicado e com um argumento belíssimo. Não há como não se identificar com os personagens, principalmente com Rose (Toni Colette) que, depois de perder um namorado de uma forma bem dramática, decide largar o emprego e mudar a vida radicalmente. Enquanto ela ‘deu duro’ nos estudos e no emprego, Maggie teve uma vida vazia e baseada em aparência que, de repente, também cai por terra. Depois de uma briga séria, as duas irmãs se distanciam e passam a enfrentar o cotidiano por outra perspectiva.

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Maggie, colocada para fora de casa por Rose, pede que Elle (sua avó) lhe dê abrigo. Elle, por outro lado, deixa que Maggie more com ela no asilo em troca de que Maggie trabalhe com os idosos. A vida de Maggie no asilo traz à tona uma antiga briga do seu pai e sua avó, que não entravam em um acordo sobre o tratamento mais adequado para sua mãe. Enquanto isso, Rose começa a namorar um colega de trabalho que há muito tempo estava apaixonado por ela e, longe da irmã, consegue se sentir mais confiante em relação aos homens.

A distância das duas aumenta e a saudade aperta. Rose está se preparando para casar e Maggie investindo todas as suas energias em um novo projeto: aprender a ler. Para Maggie, a experiencia de viver em um asilo foi bastante construtiva, sua avó a incentivou a rever seu comportamento infantilizado e pediu que ela se colocasse no lugar da irmã. Quando a mãe das duas faleceu, Rose não só tomou conhecimento de tudo o que acontecia como se sentiu responsável por cuidar de Maggie.

Há muitas cenas do filme que me conquistaram, acho que esse é um dos tipos de produção que obtém sucesso quando aborda um drama feminino (e familiar) com tanta sutileza. Quando Rose vai fazer sexo pela primeira vez com o noivo, ela pede que ele apague a luz por ter vergonha do próprio corpo e ele insiste em vê-la nua, em fazer com que ela se sinta a vontade diante dele. Essa é a cena que eu mais gosto porque resume perfeitamente muitas das inseguranças femininas: ‘ela quer, ela deseja, mas tem medo e se envergonha’. Enquanto Maggie aprende a ler, ela nos questiona se só a beleza exterior é o bastante para ter uma vida feliz e completa. Só e humilhada, Maggie faz o caminho de volta, assume seus erros e sofre para melhorar. A distância das duas as faz rever todo o amor que sentem, a importância do companheirismo e da cumplicidade. Eis um filme sensível e belíssimo, que merece ser visto e revisto.

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