Delícia de vídeo.
Mês: Outubro 2013
Terras Perdidas
Terras Perdidas (A Thousand Acres) é um belo filme e ainda que pese pelo argumento melodramático, continua servindo como representação das imperfeições e inquietudes humanas. A famosa frase de Tolstoi (afixada nas primeiras páginas de Anna Karenina) resume bem o argumento do longa: “As famílias felizes são todas iguais; mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.
O enredo foi baseado no livro de Jane Smiley (que por sua vez, inspirou-se na clássica obra de Shakespeare: ‘O Rei Lear’) e conta a história da família Cook – que por três gerações cuidaram de uma fazenda com mais de mil acres em uma das regiões mais férteis de Iowa. Larry (o patriarca) percebendo sua incapacidade em administrar os negócios por causa da velhice, decide dividir a terra entre suas filhas (Rose, Virginia e Carol). Carol, a mais nova, questiona a decisão do pai e não aceita a divisão. Larry, que não gosta de ser contrariado, deserda Carol e impede que ela se aproxime da fazenda. A decisão de Larry desencadeia diversas situações desagradáveis e traz à tona segredos dolorosos.
Jocelyn Moorhouse (também diretora em Colcha de Retalhos) usa sabiamente os cenários externos e explora o tom emotivo através do perfil literário. Virgina (a irmã mais velha) narra a história e além de contextualizar o espectador, exprime um olhar participativo (em primeira pessoa) sobre o que se passa. Diferente de Carol (interpretada por Jennifer Jason Leigh), que é financeiramente independente e se mudou para outra cidade ainda muito jovem, Rose e Virginia construíram suas casas junto a seus respectivos maridos ao lado de Larry – que é praticamente um tirano – e tiveram que conviver com suas imposições.
Michelle Pfeiffer e Jessica Lange (que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro) são as precursoras da trama e junto a Jason Robards trazem realismo ao enredo. Virginia e Rose possuem personalidades diferentes mas confraternizam sentimentos semelhantes em relação ao pai e de alguma forma, se acostumaram a viver em uma sociedade ortodoxa e machista. Um dos grandes méritos de Moorhouse é o respeito pelo aspecto psicológico dos personagens – ela constrói inter-relações que permeiam a passividade e a violência (o que, de fato, acontece na vida real).
Larry já não é uma figura simpática e se torna menos convidativo quando descobrimos que abusou sexualmente das filhas mais velhas. A dramaticidade do diálogo se dá porque Rose incita Virginia a confessar que também foi abusada sexualmente por ele. É interessante observar a discrepância de personalidades: enquanto Virginia acreditava que precisava aceitar a atitude do pai, Rose confessa que se sentia seduzida. As duas dividem um rancor enorme em relação a ele e, diferente de Carol, tiveram que aprender a lidar com a repulsa por causa da necessidade de convivência.
A carga dramática da trama é acentuada pelos problemas que contornam o universo particular de Virginia e Rose. Enquanto Virginia possui um casamento infeliz e não consegue ter filhos, Rose apanha do marido e precisou retirar um seio por causa do câncer que a acometeu anteriormente. Nesse ponto as duas se esbarram novamente pois acabam tendo uma relação extraconjugal com o mesmo homem (interpretado por Colin Firth). Rose que tem uma postura mais fria revela que sabia do que se passava e não se importava com a situação, em contrapartida, quando Virginia descobre que a irmã também se relacionava com ele, leva um choque e além de mostrar-se culpada (por causa do marido) reprime seu desejo e se distancia do amante. – Gosto desse momento da trama porque o espectador também é pego de surpresa: não só pelo fato das duas dormirem com o mesmo homem, mas também pela postura insensível de Rose.
Carol volta a conversar com o pai e em uma reviravolta, entra com um processo contra as irmãs. A briga em família toma proporções maiores quando as pessoas da cidade passam a defender o velho Larry, acreditando que suas filhas mais velhas são na verdade, duas oportunistas. É interessante a discrepância entre gêneros, o machismo chega a tal ponto que o advogado de Rose e Virginia sugere que elas usem vestidos para transparecer um comportamento mais feminino e tradicional.
As sessões com o juiz se tornam uma oportunidade para que os quatro lavem as roupas sujas, Rose revela sobre o abuso sexual e Carol não acredita nela. Enquanto isso, a relação entre Rose e Virginia se torna cada vez mais forte e as duas percebem que, apesar de todos os problemas, podem contar uma com a outra. Tudo piora com a morte do marido de Rose e com o retorno inesperado do câncer de mama. Virginia é colocada a prova e começa a repensar sobre o que fazer da própria vida.
The Replacements – 3×03
O terceiro episódio de American Horror Story me surpreendeu. Como disse anteriormente, achei o segundo episódio fraco e não tive paciência de revê-lo. Li várias matérias e entrevistas sobre a série durante a semana e em uma delas, Jessica Lange afirmou que a quarta temporada será a sua última participação em AHS (e que pretende fazer um ou dois filmes antes de se aposentar). Lange chama atenção para um aspecto: a protagonização feminina em Coven [os únicos “homens” que apareceram – até agora – não falam].
Ela também evidenciou um aspecto que resume bem o que acontece no terceiro episódio: Fiona percebe a sua decadência e faz de tudo para se manter no poder. De fato, um dos grandes méritos do Ryan Murphy é fazer aflorar o lado ‘humano’ dos seus personagens. Se você gosta de AHS e pretende assistir o episódio, não leia o texto porque é um pequeno resumo do que aconteceu e “contém spoilers”.
O episódio inicia-se com Fiona em uma situação completamente distorcida de tudo o que ela tenta transparecer, ela está frágil e mistura medicamentos com bebidas. Através de um flashback (que se passa em New Orleans, 1971) ela se lembra de como se tornou a mais poderosa das bruxas.
Em um encontro com a sua mentora (na época, a suprema), a jovem Fiona conta que sente que seus poderes estão crescendo e se manifestando de várias formas. Fiona afirma que será a próxima suprema e sua mentora tenta dissuadi-la. Fiona descobre que sua mentora está com diabetes, um sinal de que logo será substituída. “Eles dizem que quando a nova suprema começa a florescer, a velha suprema começa a decair”. Fiona mata a velha suprema com um corte na garganta, a situação é testemunhada por Spalding, o mordomo.
Já nos tempos atuais: Fiona percebe que não chama mais atenção dos homens como antigamente, ela está com problemas de saúde e não consegue encontrar a fórmula da vida eterna.
Zoe vai até a casa da mãe de Kyle e descobre que ela está sofrendo muito pela falta do filho. A mãe de Kyle chegou revelar que quase tentou o autoextermínio, ela também contou que a morte do pai de Kyle foi muito pesarosa para os dois e que desde então, Kyle assumiu diversas responsabilidades na casa. Em outro cenário, acompanhamos a chegada de Joan Ramsey (uma religiosa fervorosa) e seu filho – que chama a atenção das meninas, principalmente de Madson.
Madame LaLaurie chora ao descobrir que o atual presidente dos EUA é negro e Fiona lhe diz que a partir de agora, ela será a nova empregada da casa. Apesar de se sentir humilhada, Lalaurie obedece à ordem de Fiona (principalmente porque não deseja ser enterrada). No entanto, Lalaurie se nega a servir Queenie e Fiona que “odeia racistas”, afirma que ela será a escrava pessoal da Queenie e terá que fazer todas as suas vontades.
Zoe vai até a casa de Misty Day buscar Kyle. Misty que ficou amiga de Kyle nega-se a deixá-lo ir [parece que ela tem ciúmes da Zoe], mas Zoe insiste que ele precisa voltar para a mãe que está sofrendo a sua falta. Misty não gosta da situação, mas concorda com Zoe e a faz prometer voltar. Madson e Nan vão visitar o filho de Joan Ramsey e Joan percebe que há algo errado com as meninas. Madson queima suas cortinas e ‘acidentalmente’ faz com que uma faca voe até a parede.
Joan procura Fiona e diz que se as meninas entrarem em sua casa novamente ela irá processá-la, Fiona não se intimida mas começa a duvidar que Madson é a nova suprema e fará de tudo para impedi-la.
Zoe entrega Kyle para sua mãe, mas ele está diferente: além de não falar, está cheio de cicatrizes pelo corpo. Depois de deixá-lo lá, temos a inusitada revelação: a mãe de Kyle abusa sexualmente dele. Cordélia procura Marie Laveau e pede que ela a ajude a engravidar. Primeiro Laveau cobra um preço caríssimo e Cordélia diz que fará de tudo para conseguir a quantia. Depois Laveau zomba de Cordélia e diz que não faria esse trabalho por nenhum dinheiro já que ela é filha de sua maior inimiga: Fiona. [Cordélia, completamente humilhada, descobre que Fiona encontrou com Laveau e fez renascer uma antiga inimizade].
A mãe do Kyle liga para Zoe pedindo ajuda, ela percebe que há lago muito errado com o filho. Zoe vai ao seu encontro, mas é tarde demais: Kyle a matou. Madame Lalaurie e Queenie são surpreendidas pelo Minotauro, Lalaurie (que sabe que o bicho está atrás dela a mando de Laveau) implora ajuda a Queenie. Surpreendentemente, Queenie vai ao encontro do Minotauro e faz sexo com ele!! (parece que ele, de alguma forma, a machuca).
Por fim, Fiona se aproxima de Madson e finge que irá ensiná-la a usar seus poderes. As duas saem juntas, jogam sinuca e bebem durante toda a noite. Quando chegam a escola, Fiona conta como se tornou suprema e diz a Madson que, provavelmente, ela será sua substituta. Fiona revela que tem câncer, lhe dá uma faca e pede que Madson a mate. Madson nega-se, então Fiona pega e faca e mata a Madson!!! Como no começo do episódio, Spalding testemunha o assassinato e se compromete a dar sumiço no corpo.
The Replacements – 3×03
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Promo do próximo episódio:
Jesus Henry Christ
Amo a Toni Collette e passei a amá-la mais ainda depois que vi esse filme. “A origem da vida” (título em português) é uma doce homenagem aos que não se encaixam, aos estranhos, aos “freaks”, aos marginalizados. Com uma narrativa dinâmica e sarcástica, a trama conta a história de Henry, um menino superdotado que não consegue se adaptar em nenhuma escola e que tem um desejo incontrolável de descobrir a identidade do seu pai. Em seu aniversário de dez anos, seu avô revela que Patrícia (sua mãe) fez uma inseminação artificial e que ele possui uma irmã.
Henry descobre que seu pai biológico é um professor neurótico e decide estudar na faculdade onde ele trabalha para explorar suas origens. Apesar de contrariar as vontades de Patrícia (que faz de tudo para protegê-lo), Henry se aproxima de Audrey (sua meia irmã, uma menina pouco amigável e tão estranha quanto ele). Audrey, que tem 13 anos, enfrenta um problema: seu pai escreveu sua biografia que, além de ser um sucesso, revelava sua homossexualidade.
Dirigido por Denis Lee e produzido por Julia Roberts, “Jesus Henry Christ” apresenta uma bela fotografia e um delicioso clima nostálgico. A narrativa inicia-se nos anos 70 e nos contextualiza sobre a infância de Patrícia que aos dez anos, teve que enfrentar sucessivas mortes (e partidas) de entes queridos. Enquanto ela ficou cuidando do pai, um de seus irmãos decidiu sair de casa. o outro morreu de AIDS e os gêmeos morreram em um terrível acidente. Para piorar, Patrícia viu sua mãe morrer queimada logo no dia do seu aniversário, o que lhe deu uma tremenda fobia de acender velas.
Desde que era pequena sua família tinha o costume de dizer “Jesus H. Christ” em situações desconfortáveis, o que virou um bordão e a seguiu pelo resto da vida. Quando se tornou mãe, Patrícia teve uma surpresa: seu filho nasceu falando, tinha uma memória inigualável e um dos maiores QI’s do mundo. Henry chamou a atenção da mídia e, por sua inteligência, foi aceito na faculdade.
Toni Collette é maravilhosa, consegue transpor todo o tipo de emoção em diálogos simples e em situações em que poderia passar despercebida. Jason Spevack e Samantha Weinstein dividem as atenções: apresentam uma química maravilhosa e encabeçam as melhores cenas. Frank Moore e Michel Sheen também são indispensáveis, acentuam o clima descontraído do filme e ajudam a balancear a dosagem dramática;
Como disse anteriormente, “Jesus Henry Christ” foge do convencionalismo e de uma maneira bem delicada (engraçada e irônica) ilustra a situação dos marginalizados. No filme também acompanhamos a situação homem branco que se comporta – e se sente – como um negro, a da professora muçulmana que precisa aturar o desrespeito dos alunos, a da secretária brasileira que todo mundo acha que fala espanhol, a da mãe solteira, da lésbica, do neurótico e do gênio. Todos são pessoas sem “voz”, que não estão representados na mídia e que, antes de qualquer coisa, precisam se aceitar.
Há quem critique essa intenção da produção de ser “cool” (e é compreensível). De fato há algumas situações que poderiam receber uma abordagem diferente como, por exemplo, a expulsão de Henry por heresia. Ainda assim, o filme merece a atenção e é um ótima opção de “passatempo”. Fui conquistada pelo formato, pelo argumento e pela trilha sonora – o aspecto teatral da cena final, com Toni Collette fechando as cortinas ao som de “Home Sweet Home” me deixou rendida.
FICHA TÉCNICA:
Título Original: Jesus Henry Christ
Genero: Comédia
Duração: 92 minutos.
Desvios
Torto de coração e de alma.
Sujeito à tentação de ser.
Triste pela ausência.
Imutável pela essência.
Nasceu assim, grandes olhos [grandes e com desvios]
Tão gauche quanto Carlos Drummond,
passou a juventude com vontade de ir
e com medo de não conseguir voltar.
Envergonhou-se de sí mesmo.
Fingia não ser.
Escondia seu grande defeito.
Debaixo dos óculos escuros via a vida em preto e branco [torto e triste].
Tão obsceno quanto Hilda Hilst, queria uma amante.
Ganhou um copo cheio de uísque.
Bebeu, caiu e ainda torto, viu o mundo por outro ângulo.
Grande e inocente [tão inocente que até bobo]
Sufocou-se em palavras
Morreu só, engasgado e torto.
No bolso um bilhete:
“Drummond escreveu cartas de amor a Hilda.
Hilda nunca respondeu”
Por Thais dos Reis
O que terá acontecido a Baby Jane?
Tenho medo de escrever sobre clássicos, sinto que a maioria do que poderia ser abordado já foi explorado exaustivamente. Com “O que terá acontecido a Baby Jane” não é diferente, há inúmeras análises, releituras e várias interpretações sobre o longa. Não é pra menos, Baby Jane é um dos filmes mais interessantes que existem.
Antes de escrever sobre ele e sobre todas as coisas que já li, tenho que ressaltar que esse é um dos meus filmes favoritos. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi: o filme passou de madrugada em um canal aberto da TV e eu tive uma súbita paixão por Joan Crawford (e por suas sobrancelhas grossas). Foi com aquelas mulheres estranhas que apareciam na tela que eu finalmente entendi: “É de cinema mesmo que eu gosto”. Passei a pesquisar sobre elas, comprei livros e colecionei (e ainda coleciono) seus trabalhos.
Pra mim não existe filme que se iguale a ele, há um clima de decadência e disputa, além de um registro sarcástico da vida artística, da insanidade e do rancor.
Baseado no livro de Henry Farrell (leia mais sobre ele aqui: Indiscreet Talkin), o filme conta a história de duas velhas irmãs que vivem em uma mansão em Hollywood. Jane (Bette Davis) foi uma estrela mirim que caiu em esquecimento e que cuida de sua irmã Blanche (Joan Crawford) que também foi atriz quando jovem, mas sofreu um acidente que a deixou paralítica.
As duas vivem uma interminável disputa (que só veio a piorar depois do acidente, já que Jane foi considerada suspeita). Enquanto Blanche não apresenta boas condições físicas, Jane é alcoólatra e mentalmente instável. Baby Jane se transformou em uma figura grotesca que vive em uma realidade paralela, distorcida – li em um artigo que a personalidade de Jane indica a possibilidade de ela ter sido abusada sexualmente quando criança, talvez e provavelmente, pelo pai.
A trama inicia-se em 1917 e o diretor nos situa sobre o clima de disputa entre as duas que desde muito jovens sentem inveja uma da outra. A pequena Baby Jane Hudson se apresenta em um teatro lotado onde, perto dali vendem suas bonecas. Enquanto isso, observando os bastidores, Blanche sofre pela desatenção do pai e garante que um dia se vingará da irmã. Depois, em 1935, acompanhamos a decadência de Jane que só consegue papéis em filmes por causa de Blanche, que se tornou uma atriz de sucesso.
A abertura (que é genial) ilustra o acidente e nos contextualiza sobre a tragédia que se abateu sobre Blanche, que ficou paralítica. Já em 1962, temos um retrato dos efeitos do tempo sobre as duas: enquanto Blanche vive enclausurada em seu quarto e é impedida de receber o carinho dos fãs, Jane está cansada de cuidar da irmã e aproveita-se do seu dinheiro para tentar voltar a fazer sucesso. Jane comete várias barbaridades com Blanche (em uma famosa cena, por exemplo, lhe serve ratazana no jantar). A ação se torna completa com quatro importantes coadjuvantes: Elvira (Maidie Norman, a empregada), Edwin (Victor Buono, o pianista), Mrs Bates (Anna Lee, a vizinha) e Barbara (a filha da vizinha – na vida real, filha da Bette Davis).
Loucura, humor negro e perversidade
Apesar de todas as dificuldades, de algumas falhas no roteiro e problemas durante a produção Robert Aldrich (que aliás, teve uma importante participação no movimento “noir”) acertou na loteria e acertou em cheio – tanto que depois tentou usar a mesma fórmula sem êxito. Quando começou a ser produzido, “Baby Jane” (classificado por muitos como um filme B) aguçou a curiosidade dos que não acreditavam que Aldrich conseguiria juntar Davis e Crawford no mesmo filme. Tudo isso por um simples motivo: Bette e Joan foram inimigas durante anos.
Joan Crawford trabalhou com Robert Aldrich em 1956 no filme “Folhas de Outono” e já tinha uma boa relação com o diretor. Em entrevistas, ele deixou claro que Crawford havia expressado o desejo em participar de um filme com Davis. Para Aldrich foi mais difícil convencer Bette a participar de Baby Jane, não só porque ela iria contracenar com a grande inimiga, mas porque seu papel era pouco atrativo e a colocava em uma situação arriscada. Davis percebeu a importância do personagem e acabou abraçando a ideia. É interessante observar que, apesar do sucesso de filmes como ‘Crepúsculo dos Deuses’ ou ‘Uma Rua Chamada Pecado’ a abordagem de transtornos psiquiátricos em filmes não era comum na década de 60.
O sucesso do filme não se deu apenas pela famosa briga entre as protagonistas, há aspectos técnicos que merecem atenção e que muitas vezes passam despercebidos. Aldrich priorizou o universo feminino, os poucos homens que aparecem em tela possuem um papel secundário. A histeria das mulheres é explorada já nas cenas iniciais quando Baby Jane implora por um sorvete e Blanche se nega a aceitá-lo (o pai não possui voz ativa e cede aos desejos da filha mais nova). Já em 1962 o pianista é um agente passivo diante das decisões da mãe que o obriga a trabalhar com Jane e o convence a tentar tirar proveito dela.
As vizinhas e a empregada reforçam o “cast” e acentuam o clima de desconforto e disputa. Enquanto Bárbara e a mãe são fofoqueiras e ficam atentas, espiando as ações de Jane, Elvira (a empregada) está dentro da casa mas não toma nenhum atitude (e paga um preço caro por isso).
O que terá acontecido a Baby Jane possui um incrível trabalho semiótico. Que vai tanto do cenário, gótico e melancólico, até as roupas. Aldrich foi incrivelmente sábio em relação a construção do cenário. A casa dos Hudson faz parte da narrativa e possui características fundamentais para o desenvolvimento da trama: primeiro, é enorme acentua a sensação de solidão e de medo, segundo, é fria e escura, personifica o clima de terror, de fobia.
O figurino também é um “detalhe” fundamental. Jane, apesar da maquiagem sombria, veste roupas claras. Blanche, em contraste, usa roupas escuras, está sempre com o cabelo preso. Como sabemos, Jane sempre foi uma garota mimada, mas o primeiro instinto assassino partiu de Blanche. Enquanto Jane possui uma personalidade infantil, explosiva, Blache possui auto-controle, é polida. É como se Aldrich mandasse uma mensagem subliminar, deixando logo de cara que há uma possível inversão de valores.
Bette Davis x Joan Crawford

Hoje de manhã estive pensando em um termo que pudesse definir a situação das duas em 1962 e não encontrei nada mais apropriado do que: “humilhação”. Elas já não tinham uma posição de poder nas filmagens e quase imploravam por um emprego. Na época, Jack Warner se negou a liberar um estúdio para as gravações e ainda disse que não iria ajudar duas “velhas”. Crawford e Davis se odiavam, mas aceitaram trabalhar juntas por necessidade, o que de alguma forma é bastante irônico e triste porque foram ridicularizadas.
Pouco se sabe sobre como e onde essa briga começou, alguns dizem que nem elas sabiam. Acontece que essa rivalidade levantou inúmeras teorias (eu juro, já li tanta coisa que não sei em quê acreditar!): Dizem que Davis tinha inveja de Joan, que era uma mulher linda. Dizem que Joan tinha inveja de Davis, que era muito talentosa. Que Joan estava apaixonada por Davis. Dizem que Joan e Bette se apaixonaram ao mesmo tempo por Franchot Tone. Que brigavam por suas produtoras, Bette era a grande estrela da Warner e Joan, da MGM.
A rixa era antiga, por muitas vezes Bette Davis afirmou que Joan Crawford só conseguia bons papéis porque dormia com os diretores, em contrapartida Crawford dizia que Bette não tinha talento e era cheia de maneirismos. Bette, que tinha a língua afiada afirmou: “Joan dormiu com todos os astros da MGM, com exceção de Lassie.” / “Se Joan Crawford estivesse em chamas eu mijaria nela para apagar o fogo” / “Por que sou tão boa interpretando vilãs? Talvez porque eu não seja uma vilã. Talvez por isso a Joan Crawford sempre interprete mocinhas.”
A tensão nos bastidores começou logo nos primeiros dias quando Joan Crawford reclamou do camarim que era muito pequeno e ficava próximo ao lixo. Bette desconfiava que Joan dormia com Aldrich e soltava a notícia para toda a equipe. Há boatos de que Joan mandou inúmeros presentes a Bette enquanto estavam filmando e que Bette negou todos, indisposta a qualquer tipo de trégua.
Para mexer com Joan (na época, esposa do diretor da Pepsi Cola), Bette mandou instalar uma máquina de Coca Cola no set, também deu uma entrevista onde dizia que Joan se encaixava perfeitamente no papel de Blanche e que não seria capaz de interpretar um personagem tão grandioso quanto Baby Jane.
Joan não queria fazer cenas de corpo a corpo com Bette porque acreditava que ela poderia machucá-la de verdade, por isso custava a entrar no clima e deixava Davis impaciente (as cenas em que Jane bate no rosto de Blanche demoraram a ser filmadas porque Joan não se sujeitava a Davis). Há quem afirme que Davis realmente chutou a cabeça de Joan em uma das tomadas e que Joan não deixou barato. Davis tinha um sério problema na coluna e em uma das cenas precisava carregar Joan. Bette insistiu para que Joan não fizesse ‘peso morto’ e a ajudasse. Joan não só fez peso morto como também colocou alguns objetos no bolso. Depois de gravar a cena, Davis gritava de dor e precisou ser internada.
Um dos casos famosos envolvendo as duas deu-se na premiação do Oscar daquele ano. Bette Davis recebeu uma indicação e Joan, não. É claro que Joan não se conformou com isso e ligou para cada um das outras indicadas, entre elas, Anne Bancroft (que concorria
por ‘O milagre de Anne Sullivan). Bancroft não podia ir ao evento e concordou em deixar que Joan Crawford a representasse. Ironicamente, Bancroft ganhou o Oscar e Joan subiu ao palco e fez um lindo discurso de agradecimento, na plateia: Bette Davis, roendo as unhas de raiva. Como muitos dizem, ‘naquela noite, Joan saiu vitoriosa.
Quatro amigas e um casamento
Leslye Headland errou na mão e errou feio. “Quatro amigas e um casamento”, apesar de apresentar um elenco interessante, possui diversas piadas de mal gosto e coloca os personagens em situações tão humilhantes que é difícil assisti-lo até o fim. A trama, que segue a premissa de “Se beber não case” é uma versão frustradada da franquia. O filme conta a história de quatro amigas que se conhecem desde o colegial: Becky (Rebel Wilson), Regan (Kirsten Dunst), Katie (Isla Fisher) e Gena (Lizzu Caplan). Becky, que é a gordinha da turma conta para Regan que vai se casar e a convida para ser sua dama de honra. Regan, uma mulher linda (que possui uma carreira de sucesso e um bom namorado) sente uma inveja enorme da “cara-de-porco” e não se empenha em ajudá-la a organizar o casamento. A presença de Katie e Gena também não melhoram em nada pois elas além de se drogarem pouco antes do casamento, estragam o vestido da noiva.
Fiquei me perguntando porque a ótima Rebel Wilson aceitou participar de um filme como esse. Becky, seu personagem, é constantemente humilhada por ser gorda e, mais do que isso, têm seu casamento boicotado pelas “amigas”. Em certo momento da trama (no mínimo estranho), as meninas pegam seu vestido e o levam em um clube de strip. Uma das dançarinas simplesmente esfrega sêmen nele e limpa suas partes íntimas com o pano. Não bastasse, sujam o vestido de sangue e se negam a comprar outro mais bonito porque acreditam que ela não merece “ser melhor do que elas”. A atmosfera do longa cria um enorme desconforto e é difícil crer que Becky tenha as aceitado como damas de honra. Particularmente, gosto de filmes que abusam do sarcasmo e exploram esse tipo de humor, o problema é que exageraram na dose e tudo me pareceu de um extremo mal gosto.
Outro aspecto estranho é o fato de usarem cocaína indiscriminadamente, passarem por situações constrangedoras (como vomitar na própria roupa, engatinhar, lamber o chão, cortar os pulsos) e agir como se isso não fosse, no mínimo, desagradável. Aliás, uma delas sofre overdose pouco antes do casamento e é difícil torcer para que o personagem se recupere. Talvez, por não ter gostado do filme, quase não tenha percebido a química entre Gena (Lizzu Caplan) e seu ex-marido, ainda mais quando ela afirma que ele a abandonou enquanto ela fazia um aborto (aos quinze anos de idade).
Kirsten Dunst (que apresentou pouca química em relação as outras atrizes) não precisava ter um filme como esses na carreira, completamente desnecessário.
As bem armadas
Apesar de ser protagonizado por duas atrizes cativantes, “As bem armadas” é o típico filme policial/comédia onde os personagens principais não se entendem de início, mas precisam se aturar para resolver uma grande caso. Na trama, Sandra Bullock interpreta Ashburn, uma experiente agente do FBI que para conseguir uma promoção precisa aturar as maluquices de Mullins (Melissa McCarthy), uma policial regional. Enquanto Ashburn é uma mulher extremamente comportada, Mullins é boca suja e não se importa em tratar os bandidos de maneira rígida (e até questionável). As duas se unem para descobrir a identidade do principal distribuidor de drogas em Boston, mas para fazê-lo precisam entrar em acordo.
O filme não apresenta elementos surpresa, estamos acostumados com a fórmula do gênero e inclusive, já vimos Sandra Bullock em um personagem parecidíssimo (lembram-se de Gracie Hart do Miss Simpatia?). Paul Feig (também diretor em Missão Madrinha de Casamento) pareceu não se importar em usar um argumento pouco criativo e de alguma forma, se debruçou sobre o nome das atrizes para sustentar a trama. De fato, a produção é descompromissada e pode ser uma opção de entretenimento, o destaque vai para Melissa McCarthy que se sobressai ao roteiro e encabeça as cenas mais engraçadas.
Fama para todos
“Fama para todos” é um filme belga, produzido em 2000 e dirigido por Dominique Deruddere. Ainda hoje apresenta um retrato irônico e bem humorado de uma sociedade midiatizada, cujos padrões estéticos são cada vez mais reforçados e seguidos por um público alienado (pareceu clichê né? Eu sei). Arrisco-me a dizer que se esse argumento fosse construído nos dias de hoje, iríamos ver protagonistas investindo em suas redes sociais, upando vídeos no Youtube e implorando por likes, afinal o que se almeja desde o início do filme (mais do que o próprio dinheiro) é a fama. A fórmula parece antiga e a situação também já não é uma novidade, ainda assim, “Fama para todos” é o típico filme que convida a catarse e por ser simples e bem humorado, nos prende do início ao fim.
Não sei porque demorei tanto a escrever sobre ele, o conheci através do Sonata Premiere (um dos melhores blogs para download que existem) e desde que assisti, a música “Lucky Manuelo” não sai da minha cabeça. A trama conta a história de Marva, uma garota gordinha e impopular que sonha em se tornar famosa. Desde pequena, seu pai (Jean) alimenta seu sonho e insiste em cadastrá-la em concursos de talento (que nunca dão em nada e que só reforçam a sua frustração). Jean passa grande parte do dia trabalhando em uma fábrica de garrafas, mas inesperadamente recebe a notícia de sua demissão. No auge de seu desespero, Jean sequestra a cantora mais importante do país e em troca da sua liberdade exige que seu produtor faça de Marva uma pessoa famosa.
O interessante é que a busca pela fama dos personagens (Marva/Jean) é tão doentia que quase acaba com a harmonia da família. Marva culpa Jean pelo insucesso e Jean tenta, de todas as formas, viabilizar o sonho da filha. A figura materna é o ponto de equilíbrio, ela tenta colocar limites em Jean e Marva, mas ao mesmo tempo, compartilha o desejo de sair do anonimato. Enquanto isso, em outra perspectiva, acompanhamos o pesadelo da cantora mais famosa do país que quer se afastar das câmeras e viver do que lhe dá mais prazer: a mecânica.
Deruddere critica não só a busca insana pela fama, mas também a saturação midiática. A diretora deixa bem claro que Marva não possui talento nem carisma. Para chegar a fama ela precisa dormir com o produtor e chamar a atenção (ou se esconder) através de uma fantasia. Há ainda uma crítcia ao sensacionalismo (percebam, aquela cena em que Marva e o pai conversam Ao Vivo não é mais do que uma espetacularização da vida privada).
[Spoiler] Por fim, temos uma boa surpresa. Quando Marva começa a cantar “Lucky Manuelo” percebemos que o plot twist do filme é que ela se sai muito bem, emociona a plateia e apresenta uma melodia linda. Manuelo (o personagem da música) é um homem “que teve origem humilde, que nunca teve uma chance justa e parecia condenado antecipadamente para existir sem brilho” Afinal, quem era Manuelo senão Marva, Jean e o próprio público?
“Ele lutou por sua felicidade
Ele lutou por igual
A vida não dá um monte de presentes
A vida não importa com o que você deseja
Você tem que acreditar em si mesmo
Você tem dentro desse poder
O que você pode fazer o sol brilhar
Após a noite mais escura”
Ficha Técnica:
Título original: Iedereen beroemd!
Direção e roteiro: Dominique Deruddere
Elenco: Josse De Pauw, Eva van der Gucht, Werner De Smedt, Thekla Reuten, Gert Portael, Victor Löw, Ianka Fleerackers, Alice Reys
Duração: 97 minutos
Ano: 2000
Países de origem: Bélgica, França, Holanda
Bitchcraft – 3×01
American Horror Story Coven estreou ontem em grande estilo. A verdade é que o primeiro episódio foi, sem dúvidas, um dos mais dinâmicos se comparado com as últimas temporadas. Como sou viciada, já assisti e fiz download do episódio poucos minutos depois, tomo a liberdade de fazer um pequeno resumo do capítulo (e, se você não gosta de Spoiler, por favor nem comece a ler!). [E você vai reparar que o texto é mesmo um resumo e não uma resenha. São 3 horas da manhã agora e eu não tive tempo de digerir tudo, a impressão que tenho é que dessa vez, AHS vai centrar muito nas relações entre ”mãe e filha”, na figura feminina e vai usar e abusar do sarcasmo, do deboche…]
O primeiro episódio, intitulado Bitchcraft, se inicia em 1834 – a terrível Madame LaLurie (Kathy Bates) apresenta suas filhas em um encontro social e logo depois, se banha sangue. Lalurie descobre que uma de suas filhas se envolveu com um escravo e para castigá-lo, afirma que ele a estuprou. Não bastasse, ela o leva a um calabouço onde lhe prende, retira seus órgãos e lhe obriga a usar uma máscara de Minotauro. Enquanto acompanhamos o pesadelo do escravo, vemos outros em situações parecidas (ou piores!).
A história muda de tempo e ambiente. Acompanhamos Zoe (Taissa Farmiga) e seu namorado que vão fazer sexo pela primeira vez. Zoe, acidentalmente, mata seu namorado com sua vagina e recebe a notícia, através de sua mãe, que é uma bruxa e que será encaminhada a escola “Miss Robichaux”. Ao chegar, Zoe tem um desagradável encontro com as colegas de turma, as três (Queenie, Madson e Nan) fingem que vão matá-la. Depois da brincadeira, a professora da escola se apresenta: Cordelia Foxx (Sarah Paulson). Ela afirma que quer ensinar as meninas como controlar seus poderes e antes de qualquer coisa, a sobreviver. Cordelia conta para as meninas o caso de Misty Day, uma bruxa que não conseguiu se defender e acabou queimada.
Pouco tempo depois, conhecemos Fiona (Jessica Lange). Fiona – que é a suprema, ou seja, a mais poderosa das bruxas e a que possui todos os poderes – encontra-se com um médico para pedir que ele lhe dê um remédio para deixá-la mais jovem. Tempos depois a acompanhamos em seu apartamento, onde ela se droga. Fiona é visitada pelo médico e enlouquecida de raiva (porque os remédios que ele lhe deu não fizeram efeito), o beija e suga a sua juventude. [Aliás, o nome do episódio Bitchcraft é justamente um prelúdio do que acontece com ela, que percebe que não é mais jovem e que provavelmente, será sucedida].
Na escola, as meninas – enquanto jantam – comentam sobre os seus poderes. Madson (Emma Roberts) conta que é uma atriz de cinema e que chegou a matar um homem. Queenie (Gabourey Sidibe) é como se fosse uma boneca Voodoo de verdade e Nan, consegue ler pensamentos. Na escola, há um estranho e enigmático mordomo, que é mudo.
Fiona vai até a escola e enfrenta a filha, Cordélia. Ela quer ensinar as alunas a lutar e prepará-las para um combate. Ao contrário da mãe, Cordélia (obedecendo ao Conselho das Bruxas) acredita que as meninas precisam aprender a controlar seus poderes e viver pacificamente. Cordélia pede que a mãe se afaste e afirma que ela é indesejada naquele lugar, em contrapartida, Fiona traz suas malas e diz que não sairá dali.
Zoe e Madson vão a uma festa. Zoe conhece Kyle Spencer (Evan Peters) e os dois se apaixonam ‘a primeira vista’. Enquanto isso, Madson é drogada por um dos atletas (amigos de Kyle) e é estuprada por um grupo de rapazes. Zoe percebe o sumiço de Madson e vai a procura dela, quando chega ao quarto a encontra praticamente desacordada. Kyle, que também testemunha a situação, briga com os amigos e acaba sendo espancado. Os rapazes tentam fugir no ônibus mas Madson vai atrás deles e provoca um acidente – matando todos, inclusive Kyle.
No outro dia, a notícia da morte dos atletas invade o noticiário – Zoe e Madson temem ser descobertas. As alunas se encontram pela primeira vez com Fiona que pede que elas se vistam de preto e as leva para passear pela cidade. Nan é atraída por um museu, quando entram, as bruxas descobrem que estão na casa de Madame LaLurie. Nan e Fiona, através da ‘força do pensamento’ deixam subentendido que Lalurie ainda encontra-se na casa.
Lalurie foi enterrada viva por Marie Laveau (Angela Bassett), uma das mais poderosas rainhas do Voodoo. Descobrimos que Laveau enterrou Madame Lalurie viva, porque ela torturou seu amante (aquele, com cabeça de minotauro). Zoe, vai até o hospital e mata (com sua vagina), um dos homens que estuprou Madson.
Dias depois, Fiona volta a casa de Lalurie e a desenterra.
Links para download do episódio (American Horror Story Coven, 3ª temporada)
* Legendado e em RMVB
Opção 1)
http://usefile.com/sux7xc5tm7b2/AHS-3×01-Legendado.rmvb.html
Opção 2)
http://fileom.com/4hk00kvvouk8/AHS-3×01-Legendado.rmvb.html
Via Torrent: http://bit.ly/1fkGxTU
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