As bem armadas

Apesar de ser protagonizado por duas atrizes cativantes, “As bem armadas” é o típico filme policial/comédia onde os personagens principais não se entendem de início, mas precisam se aturar para resolver uma grande caso. Na trama, Sandra Bullock interpreta Ashburn, uma experiente agente do FBI que para conseguir uma promoção precisa aturar as maluquices de Mullins (Melissa McCarthy), uma policial regional. Enquanto Ashburn é uma mulher extremamente comportada, Mullins é boca suja e não se importa em tratar os bandidos de maneira rígida (e até questionável). As duas se unem para descobrir a identidade do principal distribuidor de drogas em Boston, mas para fazê-lo precisam entrar em acordo.

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O filme não apresenta elementos surpresa, estamos acostumados com a fórmula do gênero e inclusive, já vimos Sandra Bullock em um personagem parecidíssimo (lembram-se de Gracie Hart do Miss Simpatia?). Paul Feig (também diretor em Missão Madrinha de Casamento) pareceu não se importar em usar um argumento pouco criativo e de alguma forma, se debruçou sobre o nome das atrizes para sustentar a trama. De fato, a produção é descompromissada e pode ser uma opção de entretenimento, o destaque vai para Melissa McCarthy que se sobressai ao roteiro e encabeça as cenas mais engraçadas.

Fama para todos

“Fama para todos” é um filme belga, produzido em 2000 e  dirigido por Dominique Deruddere. Ainda hoje apresenta um retrato irônico e bem humorado de uma sociedade midiatizada, cujos padrões estéticos são cada vez mais reforçados e seguidos por um público alienado (pareceu clichê né? Eu sei). Arrisco-me a dizer que se esse argumento fosse construído nos dias de hoje, iríamos ver protagonistas investindo em suas redes sociais, upando vídeos no Youtube e implorando por likes, afinal o que se almeja desde o início do filme (mais do que o próprio dinheiro) é a fama. A fórmula parece antiga e a situação também já não é uma novidade, ainda assim, “Fama para todos” é o típico filme que convida a catarse e por ser simples e bem humorado, nos prende do início ao fim.

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Não sei porque demorei tanto a escrever sobre ele, o conheci através do Sonata Premiere (um dos melhores blogs para download que existem) e desde que assisti, a música “Lucky Manuelo” não sai da minha cabeça. A trama conta a história de Marva, uma garota gordinha e impopular que sonha em se tornar famosa. Desde pequena, seu pai (Jean) alimenta seu sonho e insiste em cadastrá-la em concursos de talento (que nunca dão em nada e que só reforçam a sua frustração). Jean passa grande parte do dia trabalhando em uma fábrica de garrafas, mas inesperadamente recebe a notícia de sua demissão. No auge de seu desespero, Jean sequestra a cantora mais importante do país e em troca da sua liberdade exige que seu produtor faça de Marva uma pessoa famosa.

O interessante é que a busca pela fama dos personagens (Marva/Jean) é tão doentia que quase acaba com a harmonia da família. Marva culpa Jean pelo insucesso e Jean tenta, de todas as formas, viabilizar o sonho da filha. A figura materna é o ponto de equilíbrio, ela tenta colocar limites em Jean e Marva, mas ao mesmo tempo, compartilha o desejo de sair do anonimato. Enquanto isso, em outra perspectiva, acompanhamos o pesadelo da cantora mais famosa do país que quer se afastar das câmeras e viver do que lhe dá mais prazer: a mecânica.

Deruddere critica não só a busca insana pela fama, mas também a saturação midiática. A diretora deixa bem claro que Marva não possui talento nem carisma. Para chegar a fama ela precisa dormir com o produtor e chamar a atenção (ou se esconder) através de uma fantasia. Há ainda uma crítcia ao sensacionalismo (percebam, aquela cena em que Marva e o pai conversam Ao Vivo não é mais do que uma espetacularização da vida privada).

[Spoiler] Por fim, temos uma boa surpresa. Quando Marva começa a cantar “Lucky Manuelo” percebemos que o plot twist do filme é que ela se sai muito bem, emociona a plateia e apresenta uma melodia linda. Manuelo (o personagem da música) é um homem “que teve origem humilde, que nunca teve uma chance justa e parecia condenado antecipadamente para  existir sem brilho” Afinal, quem era Manuelo senão Marva, Jean e o próprio público?

“Ele lutou por sua felicidade
Ele lutou por igual
A vida não dá um monte de presentes
A vida não importa com o que você deseja
Você tem que acreditar em si mesmo
Você tem dentro desse poder
O que você pode fazer o sol brilhar
Após a noite mais escura”

Ficha Técnica:
Título original: Iedereen beroemd!
Direção e roteiro: Dominique Deruddere
Elenco: Josse De Pauw, Eva van der Gucht, Werner De Smedt, Thekla Reuten, Gert Portael, Victor Löw, Ianka Fleerackers, Alice Reys
Duração: 97 minutos
Ano: 2000
Países de origem: Bélgica, França, Holanda