Por favor, cuide da mamãe.

ImagemTenho lido muitos livros ultimamente, especialmente porque ganhei um celular que me permite fazer isso. Reconheço que nada tira o gosto de tocar um livro, de sentir o cheirinho das páginas, mas a facilidade da internet em compartilhamentos de dados é irresistível.

Por favor, cuide da mamãe” caiu em minhas mãos exatamente no dia em que o celular chegou aqui em casa, li porque o título (e a sinopse) me encantaram e aos poucos, fui me emocionando com a narrativa. O engraçado é que até aquele momento nunca tinha ouvido falar na autora (Kyung-sook Shin) e, logo depois, virei fã dela.

A trama conta a história de Park So-nyo, uma senhora de 69 anos, mãe de cinco filhos, que desaparece em uma estação de metrô em Seul. Casada há mais há mais de cinquenta anos, Park So-nyo acostumou-se a seguir o marido a todos os lugares mas, excepcionalmente neste dia (no dia em que eles saíram da aldeia onde vivem para visitar os filhos) ela acabou se perdendo em meio à multidão em uma plataforma.

Seu marido supôs que ela o seguia, já que foi assim a vida inteira, mas quando se deu conta, ela não estava mais lá. Preocupados, os filhos de Park começam a procurá-la e, ao descobrirem alguns segredos da mãe, começam a perceber que nunca a conheceram de verdade.

por-favor
Kyung-sook Shin

Além de contar uma história emocionante, o que Kyung-sook Shin faz é sugerir que o leitor monte um quebra-cabeça através das narrativas. Narrativas, exatamente. Porque não há apenas uma voz, o livro é construído com a percepção de quatro pessoas diferentes: de dois filhos, do marido e da própria Park So-nyo. Em princípio o texto pode causar estranheza porque não há um personagem bem delimitado, às vezes a visão de todos eles se mistura, às vezes eles dialogam.

É incrível como esse tipo de estrutura textual pode não ser bem encarada pelos leitores, digo isso, porque li várias críticas do livro e praticamente todas elas tocaram nesse ponto.

Admiro a inteligência em relação a construção do título, afinal: a quem esse pedido é feito? A leitura do livro me permitiu perceber que a autora faz esse convite aos leitores, ela pede que a gente preste atenção não só nas nossas mães, mas nas pessoas que nos cercam, que nos amamos, mas que tratamos de forma banal, simplesmente porque elas sempre estiveram ali e a gente acha que elas estarão ali para sempre ( mas isso não acontece, infelizmente).