As Mulheres, 1939

Ando afastada do La Amora, estou correndo contra o tempo porque embarquei em um projeto ambicioso (conto depois, se der certo). Acontece que na última quarta feira, assisti um filme que conhecia só pelo título, trata-se de ‘As Mulheres (dirigido por George Cukor e lançado em 1939). Estou encantada, que filme delicioso! – ainda que datado, faz jus a fama que tem.

As mulheresA trama centra-se no cotidiano de Marie Haines (Norma Shearer), uma mulher da alta sociedade que descobre, através das amigas, que está sendo traída pelo marido. A amante, Crystal (Joan Crawford) é uma sanguessuga interesseira que não se importa com os sentimentos de ninguém, seu único e principal objetivo é ascender na vida financeira e social. Mary vive cercada de amigas, entre elas Sylvia (Rosalind Russel) uma típica fofoqueira, Peggy (Joan Fontaine) uma garota doce e inocente, Miriam (Paulette Goddard) uma mulher inteligente e decidida, Senhora Moorehead (Lucile Watson) sua mãe conversadora e a Condessa de Lave (Mary Boland) uma mulher riquíssima em busca de um novo amor.

Ao descobrir a traição do marido, Marie se vê envolvida em uma teia de mexericos e fofocas criados pelas mulheres que a cercam (que vão desde as suas amigas até a manicure). Sua principal preocupação é a pequena Mary, sua filha, que fica muito sensibilizada quando descobre a separação dos pais. Marie se vê diante de um turbilhão, precisa aprender a ser uma mulher independente e ao mesmo tempo, não dar ouvidos à especulações.

Cukor (que quase foi escalado para dirigir “E o vento Levou”) tem um humor ácido e não perde o pique em momento algum, o filme é muito dinâmico  e repleto  de personagens (cerca de 152 mulheres participam da produção – Sim! O cast é composto apenas por mulheres!). Aliás, que mulheres lindas! Difícil escolher a mais bela, Joan Crawford, Joan Fontaine, Norma Shearer, Rosalind Russel – todas no auge, jovens e elengantérrimas!

Imagemthe women

É verdade quando dizem que o filme não é feminista e sim feminino. Aqui, as mulheres são retratas como fofoqueiras, que vivem em função dos homens (o próprio cartaz já diz: “Its all about men”). Não há nada do filme mais decepcionante do que a personagem da Norma Shearer, é como se ela nadasse, nadasse e morresse na beira da praia. Tirando isso, há um argumento bem desenvolvido, que não guarda surpresas, mas que nos faz querer acompanhá-lo até o final.

O grande problema do filme é que retratam as mulheres como incapacitadas, não são nada sem o casamento, não são nada sem os seus homens. Por isso mesmo é um filme datado, não há como ficar indiferente ao fato de que foi produzido em 1939, nele as mulheres nasceram para serrem donas de casa. A única personagem que parece não se importar com isso é uma escritora intelectual… e lésbica.

Apesar da Norma Shearer bancar o papel principal, não há como negar que o destaque vai para Russel – que entre caras e bocas, fica engrassadíssima ao the_women-17-powder-room-4encarnar uma mulher invejosa e muuuuito fofoqueira). Eu, que nunca assisti nenhum outro filme com ela e só a conhecia por nome, fiquei encantada. Em um dos momentos do filme, Russel chega a morder a perna da Paulette Goddard… ela está genial. Joan Crawford está detestável, também cumpre bem seu papel, consegue fazer com que torçamos para que tenha um final bem cruel.

O filme é uma adaptação de uma peça teatral escrita por Claire Boothe Luce. Primeiramente pensaram em escalar Claudette Colbert para o papel principal, até venderem os direitos para a MGM, Carole Lombart e Norma Shearer entraram na disputa.

Dois aspectos marcantes são o uso e o abuso de cenários, há um momento em que algumas das personagens se deslocam para uma fazenda e fica claro que aquele ambiente é completamente fictício. Outro detalhe interessante são as roupas usadas pelas atrizes, umas mais lindas que as outas. Em certo momento da trama, as mulheres se reúnem para ver um desfile de moda: o desfile dura cerca de dez minutos e a imagem é colorida.