Maria Garcia (Carmen Maura) é uma jornalista ocupada e bem sucedida que descobre que está grávida. Contrariando o chefe e os colegas do serviço, decide assumir sozinha a gravidez e esconde a identidade do pai. Durante a gestação, Maria começa a ouvir seu filho; o feto conversa com ela e afirma que não quer nascer. Diante desse impasse, Maria revela em rede nacional que seu filho não quer vir ao mundo. A jornalista choca as autoridades e a opinião pública, mas acaba descobrindo que outras mulheres grávidas, assim como ela, estão passando pela mesma situação: seus bebês não querem nascer.
“Assim na terra como no céu” é um filme sensível e poético, a poesia, inclusive, está presente no próprio título, sabiamente escolhido. O argumento é lindíssimo, está cheio de questionamentos existenciais e nos leva a repensar o modo de vida que estamos levando. O que estamos fazendo do mundo? Qual será o nosso destino? Valeu a pena ter nascido?
Em princípio o argumento até parece pessimista, os bebês não querem nascer porque acham que não vale a penar viver num mundo como esse, repleto de doenças e violência. A concepção principal é a de que eles vivem em um local onde sabem e percebem tudo o que acontece, mas diferente de nós (que já nascemos), possuem escolha.
Outros (e importantes) questionamentos surgem ao longo do desenvolvimento da trama. Aqui não só exploram o aborto, a depressão pós parto e mortalidade infantil, mas também a posição das mulheres que, muitas vezes, ficam a mercê das decisões médicas. No caso de Maria, ela opta por ter um parto normal e aguardar os nove meses, mas os médicos insistem para que ela faça uma indução.
O filme, produzido em 1992 e dirigido por Marion Hansel, conta com Carmen Maura, que está ímpar na pele de uma mãe amorosa que não sabe mais o que fazer em relação ao filho.