Nunsploitation é um termo que eu desconhecia, até a semana passada quando passeando pelo 101 Horror Movies, me deparei com a sinopse de “A Freira Assassina”. Em suma, nunsploitation é um subgênero do estilo exploitation, que se adéqua a filmes de conteúdos ousados, que envolvem sexo e violência. Apesar de muitas críticas ruins, não resisti a baixar e assistir o filme italiano de Giulio Berrut, que traz ninguém menos que Anita Ekberg como personagem principal. Eu, pouco entendedora do assunto, confesso que achei o filme genial.
Para quem não se lembra, Ekberg é uma das musas de Fellini – aquela que em um vestido de festa, se banha na fonte da Fontana di Trevi. Em “A Freira Assassina”, Ekberg encarna a Irmã Gertrude, uma das coordenadoras de um hospital (que também funciona como asilo/hospício). Gertrude se recuperou de um tumor no cérebro e desde então apresenta transtornos psicossomáticos, blecautes e vício em morfina. Completamente saudável, Gertrude acredita que está doente. Sua loucura aumenta quando assassinatos misteriosos começam a acontecer no hospital e todos acreditam que ela é a responsável.
Sadismo, eis a palavra. E também podemos adicionar loucura, profanação e lesbianismo. Quando Gertrude começa a perder o senso, ela passa a cometer atrocidades contra os pacientes, mergulhando em uma série de enganos e confusões mentais. Em uma cena, por exemplo, ela humilha uma paciente idosa e com problemas cardíacos, quebrando sua dentadura na frente de todos, na mesa de jantar. No mesmo dia, a paciente morre. Gertrude, pouco arrependida, rouba um de seus anéis para comprar morfina e, claro, aproveita para sair do hospital, tirar o hábito e fazer sexo com estranhos.
Não fosse o bastante, Gertrude repara nas insinuações da sua companheira de quarto, Irmã Mathieu (Paola Morra) e começa a ter uma relação amorosa (e doentia) com ela. Escondidas pelo hábito, nenhuma das duas pode revelar os desejos que sentem. Mathieu, a única amiga de Gertrude, faz de tudo para apoiá-la e para impedir que ela seja incriminada. E, Mathieu também tem seu lado erótico explorado, sendo responsável pelas cenas mais quentes do filme. Gosto especialmente do momento em que Gertrude toma morfina e começa a ter alucinações, misturando as memórias da cirurgia, com cenas de assassinato e de sexo. Ainda que não de maneira linear, recebemos algumas pistas sobre o mistério que envolve os crimes. Também gosto de uma cena, em que Gertrude, na chuva, vê dois pacientes transando no jardim do hotel e o diretor, dá um close demorado em seus olhos e em sua boca.
O filme também está repleto de cenas grotescas, como o momento em que uma das pacientes é assassinada – mas antes, agulhas são perfuradas em seu rosto. Ou quando Gertrude, em alucinação, vê a própria cabeça ser aberta para cirurgia.