Perras

Tenho um lugar separado, onde guardo os meus filmes preferidos.  “Perras”, produzido em 2011 e dirigido por Guillermo Ríos é um deles.  O assisti muito antes de me interessar pelo cinema mexicano e não sei por que, demorei tanto para citá-lo aqui.  É um filme magnífico e me incomoda o fato de tão poucos conhecê-lo. Rios, cheio de recursos primorosos, conta a história de um grupo de garotas problemáticas que estudam no mesmo colégio e que foram trancadas na sala de aula pela diretora, depois que um crime horrível foi cometido. Todas são suspeitas. critica_perrasDiferente e ácido, “Perras” é o típico filme que emociona, surpreende e que consegue retratar a história de cada personagem (e olha, são muitos) com cuidado e densidade. Aos poucos, vamos conhecendo a trajetória de cada menina e recebendo ‘dicas’ sobre o crime. Difícil não se identificar com a história de cada uma delas e não se simpatizar com seus dramas. As alunas possuem classes sociais diferentes e a maioria dos confrontos (e dos jogos de interesse) se dão por causa desse aspecto.

María del Mar (Claudia Zepeta) é a personagem principal, que narra os acontecimentos e contextualiza os espectadores sobre o que se passa. É uma garota tímida e introspectiva, que a primeiro momento nos faz acreditar que não deveria estar ali, junto com as outras meninas – ‘problemáticas’. Aos poucos descobrimos que ela se envolveu com um homem mais velho e casado e que sua relação causou grandes problemas em sua roda familiar. 

perras“Se supone que tus padres son los que más a fondo te conocen. Pero no es verdad. Las cosas mas importantes que se han pasado en la vida ellos no lo saben”

Com o decorrer da trama, as vozes narrativas vão se mesclando e todas as meninas passam a contar sua versão. Tora, por exemplo, é uma garota gorda com uma deficiência na perna, que sonha em fazer uma festa de quinze anos – mas que não tem condições financeiras e que também não tem quem convidar. Sofia é a patricinha da sala, rica e metida a líder – que no fundo, sofre com a indiferença dos pais. Andrea vive um mundo de ilusão e de abandono, em que espera receber um pouco de atenção da mãe, Alejandra é corajosa e alternativa, cujo os pais não aceitam a homossexualidade.

Como um quebra cabeça, todas as peças vão se unindo e é difícil não se surpreender com o final. “Perras”, definitivamente não é um filme juvenil, pelo contrário – é um filme que causa repulsa. Assuntos pesados são abordados com certa naturalidade: aborto, prostituição, assédio… Aliás, os diálogos são densos, sarcásticos e marcantes. A narrativa também é marcada por flashbacks .

 

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