O dia em que matei meu pai

Oi gente, e aí? Como vão as coisas? Já tem um tempinho que eu estou querendo fazer essa publicação, mas a correria não deixou. É que terminei de ler o livro ‘O dia em que matei meu pai’, de Mario Sabino e foi uma leitura super agradável, ainda que a obra se debruce em um tema complexo (e pesado).

A narrativa é extremamente simples e direta, provavelmente reflexo do cunho jornalístico de Sabino (que foi redator chefe da revista Veja até o final de 2011). Aliás, o título do livro não poderia ser mais propício, feito para não deixar dúvidas… De fato o personagem principal assassinou o próprio pai, cabe ao leitor  descobrir o motivo do crime e a quem ele conta a história.

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Gosto especialmente da forma em que o narrador cria um jogo de perversidade e desconfiança mentindo e escondendo certos fatos, contando os acontecimentos com uma pincelada de cinismo e brutalidade que deixa o diálogo tenso, mas muitíssimo interessante. Como quando, por exemplo, ele acusa o pai de molestá-lo e depois, desmente… e logo depois, reafirma.

O que fica claro é uma frustração do personagem diante do protagonismo do pai que sempre foi uma figura mais forte – o que alimentou, desde a sua infância, uma rivalidade mortal – trágica. Li algumas críticas negativas que apontavam uma obviedade do desfecho… a revelação do motivo que levou o interlocutor a matar o seu pai. Concordo, a certa altura do livro, fica claro  o que o fez cometer o parricídio.

Resta lembrar que existe um livro dentro do livro, isso mesmo! Uma segunda narrativa referente à um texto inacabado escrito pelo personagem principal…


O dia em que matei meu pai

Se eu fosse cantora, eu gostaria de ser como…

Semana passada estava assistindo ao Fantástico e vi que o resultado de uma pesquisa sobre profissões, indicou que o sonho da maioria das mulheres brasileiras, quando crianças, era “Ser Cantora”. Fiquei pensando com os meus botões, naqueles pensamentos que a gente tem e que não servem para nada e que não nos leva a nada…

Mesmo assim, fiquei me perguntando, e “Se eu fosse cantora, gostaria de ser como?” Quero dizer, com qual cantora eu gostaria de parecer? Quais cantoras me inspiram? Eis a resposta…

Mercedes Sosa, La Negra: “A voz dos sem voz”. Conheci a sua música exatamente no ano em que morreu, 2009. Lembro que fazia uma pesquisa sobre a Elis Regina e acabei sendo redirecionada para um de seus vídeos, ela cantava “Solo le pido a Dios”, uma das músicas mais lindas que eu já ouvi – um verdadeiro hino. Quando penso em Sosa, logo me lembro da Violeta Parra – as duas, consideras as vozes mais famosas da América Mercedes SosaLatina. Não é para menos, Sosa, inclusive, foi uma das defensoras do pan-americanismo – uma luta pela integração latina. Era mais do que uma cantora, tinha mais do que uma voz bonita, era uma ativista política e deixou um incrível legado que defendia a busca primordial pela paz e pela justiça. Aliás, seu legado não ficou só para a Argentina, a sua ‘pátria’ … ficou para todos os povos – é por isso que Sosa é universal.

Quando vi a Gal Costa pela primeira vez, em um show realizado aqui em Belo Gal CostaHorizonte, confirmei toda as expectativas que tinha sobre a sua figura: seu comportamento, quase agressivo e ao mesmo tempo extremamente doce (o que configura um louco – mas compreensível, paradoxo) era quase que uma retrospectiva de tudo o que eu li, vi e ouvi a seu respeito e que me fizeram admirá-la tanto. Gal cantava no palco, atingia notas altas com aquela voz única (sem o maior esforço) e eu, na plateia, via parte da tão complexa história do Brasil retratada em suas veias. Admirava a sua sensualidade e conforto, certeza como mulher e personalidade pública. Cheguei a escrever sobre ela, leia mais aqui se tiver interessado.

edithAcho que Edith Piaf está para a música assim como Frida Kahlo está para a pintura. Não sei se é uma comparação correta, por isso devo trabalha-la de uma melhor forma. Conheci a história de Piaf muito antes de vê-la virar filme, li em algum lugar sobre a sua história de tristeza, sofrimento, dor e abandono que, de certa forma, refletiram na sua música. Fiquei encantada como ela se entregou às paixões, como teve uma vida de excessos, luxos e glamour – contrastante com sua infância, pobre e solitária. Talvez, por isso a relaciono com a Frida – que igualmente teve uma vida repleta de dor (física e emocional) e conseguiu, de maneira sublime, transportá-la para a arte. Penso em Piaf com admiração e com tristeza, de certa forma, ela definhou diante do público – morreu com apenas 47 anos, completamente viciada…

Elis Regina marcou a minha vida e a minha história, sempre fui apaixonada por sua elis reginamúsica e principalmente por sua personalidade. Li inúmeros livros e artigos sobre ela, sua voz embalou momentos incontáveis da minha infância e adolescência. Se todas as cantoras que citei acima eram corajosas, ela era corajosa e mais… era atrevida – aliás, extremamente lúcida, se posicionava politicamente, defendia o direito das mulheres, não abria mão de sua liberdade de expressão (ou física). Também teve uma história incrível, uma morte inesperada e chocante, Elis se foi cedo demais, aos 37 anos.

Nana CaymmiSei muito pouco, ou quase nada da vida e da história da Nana Caymmi, mas ainda assim, considero a sua voz uma das mais bonitas que já ouvi. Me atreveria a dizer, a mais bonita. Singular, única, especial… quando Caymmi canta Pop Zen ou Resposta ao Tempo, não há quem se iguale – aquele tom aveludado, sem esforço e sem igual. Sei que Nana se impôs diante do marido que não respeitava a sua vontade de cantar e se não me engano, chegou a abandoná-lo e criar as filhas sozinhas – um forte indício de coragem e determinação.

A Religiosa

Outro dia, relendo algumas páginas do livro ‘A Religiosa’, me lembrei que nunca cheguei a mencionar que assisti o mais recente filme, aquele com a Isabelle Huppert, baseado no romance de Diderot. Para quem tem interesse no livro, talvez possa gostar de uma antiga publicação que fiz: era para ser um pequeno resumo, mas como sempre, acabei me empolgando demais.

A religiosa

A Religiosa relata a história da Irmã Suzanne, uma jovem que teve que se tornar freira depois da imposição de seus pais (especialmente por parte da mãe – e há uma justificativa para isso). No primeiro convento em que passa, Suzanne é brutalmente torturada pela Madre Superiora Christine, uma mulher que acredita que a absolvição dos pecados deve ser feita através da mutilação da própria carne. Depois de sofrer inúmeras violências físicas e psicológicas, ela consegue (com ajuda de um advogado) mudar para outro convento. Dessa vez recebe um tratamento mais carinhoso e atencioso, mas logo percebe as investidas e os assédios sexuais de sua superior.

religiosa02Diderot faz uma clara crítica ao clero, baseando-se em uma história real, em que uma freira escreveu uma carta, quase em forma de súplica, solicitando a sua liberação do convento. Não se sabe exatamente qual foi o seu fim, mas há quem diga que, diferente da personagem fictícia, nunca conseguiu sair de lá. Em relação à Madre Superiora Christine, aquela que obrigava as freiras se flagelarem, o autor chegou a confessar que criou o personagem inspirado em mulheres que conheceu e que seguiram a vida religiosa, mesmo sem nenhuma vocação, essas conseguiam cargos altos nos conventos porque eram ricas e tinham dotes.

No filme, dirigido por Guillaume Nicloux, a violência física é muito evidente e inquietante. Pauline Etienne encara uma Suzanne etérea, séria e corajosa, dá gosto de vê-la trabalhando. Sem dúvidas, A Religiosa ganha ainda mais brilho quando aparece Isabelle Huppert, encarando um personagem diferente de tudo o que eu já a vi interpretar. Aqui ela dá vida a uma Madre Superiora, já na meia idade, que não consegue segurar a sua paixão e seus desejos por Suzanne – ou por outras noviças. Quando percebe que Suzanne não pretende retribuir seus carinhos, entra em uma profunda depressão que compromete diretamente o funcionamento do convento.

A religiosa

No livro, diferente do que é mostrado no filme, a irmã Suzanne chega a se envolver com a Madre, retribui os seus beijos e carinhos – inclusive, relata que chegou ao orgasmo através dela. No entanto, Diderot constrói um personagem tão bom e inocente, que ela faz tudo isso, sem saber que está sendo induzida ao pecado (digamos…).

O fim do filme e do livro também são diferentes (spoiler!). No filme Suzanne consegue fugir, encontra seu verdadeiro pai e herda dele uma fortuna. No livro, no entanto, ela também consegue fugir, mas começa a trabalhar como cozinheira em um lugar que a fazem praticamente de escrava, então ela resolve escrever, pedindo para que a ajudem sair da miséria.

*Existe um outro filme, gravado em 1966, baseado na história. Esse eu nunca vi, mas se você quiser saber mais um pouco acesse: 70 Anos de Cinema.

Não existem erros, coincidências. Todos os eventos são bênçãos dadas a nós para aprendermos através deles.

VioletaA despedida de Violeta mudou a minha relação com Deus e com a morte. Antes eu tinha certeza da existência D’Ele, hoje não sei. Antes tinha um medo enorme da morte, hoje não a enxergo com tanto terror. A vida de Violeta se foi como um sopro, de repente seu corpo imóvel e totalmente sem vida, parecia apenas uma casca, uma pousada inabitada. Seus olhos vidrados deixavam claro que ela não estava mais ali e por sorte, não estava mais sofrendo. Em suma, foi o que me consolou. Ainda que eu sinta uma raiva enorme, uma revolta – a situação me faz perceber o quão miseráveis somos diante da morte.

Sua ausência tem sido tão difícil como aqueles testes que a gente precisa fazer sem antes estudar. Você simplesmente não sabe qual é a resposta, você tenta – e falha. Às vezes, mentalmente, chamo por seu nome ou em uma inútil esperança, imagino a possibilidade de tê-la de volta. Deus não negocia Em conversas com amigos, alguns chegaram a me perguntar o porquê de ficarmos tão tristes e mobilizados, afinal: era ‘só’ um cachorro. Violeta tinha personalidade, não era só um cachorro, era um membro da família, era amada e respeitada. E assim como qualquer outra morte, ficamos de luto. A casa ficou vazia, silenciosa, escura, fria – foi difícil.10409562_890400947652422_8982864657036263419_n

No dia seguinte em que perdemos Violeta comecei a ler um livro chamado ‘A Roda da Vida’, indicado pelo meu chefe. A escritora, Elizabeth Kubler Ross é uma psiquiatra mundialmente famosa, especialista em assuntos que envolvem a morte. O livro é uma autobiografia, nele Ross conta sua incrível história de vida e relata os anos em que trabalhou com pacientes moribundos (influenciando diretamente o fim da vida deles).  De fato, o livro pode ser interessante para quem acaba de passar pela difícil prova de perder alguém querido. Os relatos de Kubler me fizeram perceber que não se está sozinho diante da morte de alguém amado – muitos passaram por uma perda tão triste (ou até mais trágica que a sua).

A RODA DA VIDAEnquanto escrevia o livro, Kubler já estava idosa e havia sofrido uma série de derrames – enfrentava a ideia da própria morte. Antes, no entanto, ela fez uma recapitulação dos momentos mais marcantes de sua vida e de sua carreira: como por exemplo, quando decidiu contar aos pais que ia estudar medicina. Ou quando começou a trabalhar no acompanhamento psiquiátrico de portadores da AIDS (isso, nos anos 80). Sua cartilha de casos e histórias é impressionante, ela é o exemplo do que se pode chamar de: uma vida bem vivida.

Mesmo sendo especialista no assunto, a escritora confessa que passou por momentos difíceis de questionamento. Um deles, muito forte: Sua mãe sofreu um derrame que a deixou quatro anos em uma cama, se comunicando apenas através dos olhos. Ela então se perguntava, porque a sua mãe, que tinha sido tão bondosa durante toda a vida e que ajudara tantas pessoas, passava agora por uma situação tão cruel. Sua conclusão foi a seguinte: Que a sua mãe tinha ajudado inúmeras pessoas, mas nunca tinha deixado ninguém ajudá-la.

Ao longo da minha leitura me posicionei um pouco cética em relação às suas experiências espirituais. Mas, acho que é um livro que pode agradar qualquer tipo de leitor, independente de sua preferências religiosas… Gosto especialmente de seus pensamentos finais, dos quais compartilho aqui:

“Preparando-me para passar deste mundo para o próximo, sei que o céu ou o inferno são determinados pela maneira como as pessoas vivem suas vidas no presente. A única finalidade da vida é crescer. A suprema lição é aprender como amar e ser amado incondicionalmente. Há milhões de pessoas no mundo que estão passando fome. Há milhões sem um teto. Há milhões que sofrem de AIDS. Há milhões de pessoas que sofreram violências. Há milhões de pessoas que padecem de invalidez. Todos os dias, mais alguém clama por compreensão e compaixão. Escutem o som de suas vozes. Escutem como se o chamado fosse música, uma linda música. Posso garantir que as maiores recompensas da vida inteira virão do fato de vocês abrirem seus corações para os que estão precisando. As maiores bênçãos vêm sempre do ajudar aos outros.”

The Walking Dead: 5ª Temporada

Oioi! Poxa, eu ando tão cansada… mas não quero deixar o La Amora desatualizado. Acabo de assistir o primeiro episódio da 5ª Temporada de The Walking Dead e se não fosse por aquele final (de cortar o coração) eu provavelmente estaria dormindo – e não aqui, escrevendo. Sabe, eu acho incrível o que esses diretores e roteiristas fazem, de construir uma história tão bem amarrada e de aumentar nossa curiosidade em relação ao próximo capítulo.

the-walking-dead-5-temporada-posterEu nunca fui muito fã de histórias que envolvem zumbis ou fim de mundo, uma espécie de medo e ao mesmo tempo de descrença, meio paradoxal não? Mas acho incrível o que The Walking Dead proporciona e propõe: uma discussão existencialista sobre a vida e a realidade humana. Já se imaginou numa situação dessas? Seus amigos, parentes… cercados de zombies, diante da doença e da morte. O quê você faria?

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Comentei em uma publicação antiga que a minha personagem favorita é a Carol… por muitos motivos (e o principal deles: por causa de seus cabelos brancos, rs). No primeiro capítulo Carol volta mais forte do que nunca e é uma peça fundamental para o futuro do grupo comandado por Rick. De repente, ela deixou de ser aquela mulher temerosa e passou a matar para não morrer, isso sem nenhum tipo de escrúpulos… algo bem parecido com o que o Rick se tornou. Aliás, até hoje não entendo porque muitas pessoas odeiam o Rick… eu acho que de todos os personagem é ele quem enfrenta a situação mais difícil, afinal ele é o líder. Imagina quantos questionamentos, quanta responsabilidade…

Terminus é mesmo um ‘point de canibais’. Trata-se de um grupo de pessoas que atraem sobreviventes para o abrigo, matam e depois os come, cruel… O grupo de Rick está completamente indefeso, na verdade, estão quase para serem comidos quando Carol e Tyreese aparecem para salvá-los. Uma situação coloca Tyreese em prova e ele finalmente percebe que: ou começa a se defender ou terminará morto.

Ainda estou um pouco desconfiada dos novos integrantes do grupo, principalmente daquele cara ruivo, rs… Em suma foi um grande episódio. Como citei acima, a última cena é deixar o coração partido. A quinta temporada promete muita adrenalina, emoção e sangue!

American Horror Story: Freak Show!

Uma rápida releitura sobre o primeiro capítulo

A estreia de Freak Show retomou as minhas esperanças em relação à série, que na sua última temporada, me decepcionou um pouco…

rs_560x415-140908060653-1024.Jessica-Lange-American-Horror-Story-Freak-Show-JR-90814_copyO capítulo (‘Monsters Among Us’) valeu a longa espera e tenho certeza que Freak Show, se feita com a sapiência da segunda (Asylum), será uma das melhores.

Jessica Lange, em sua possível despedida, trouxe à tela uma odiosa (e ao mesmo tempo adorável) Elsa Mars, que faz de tudo para manter o seu show de horrores funcionando. O primeiro capítulo traz a dona do circo em plena decadência e em busca de freaks – é assim que ela acaba se deparando com as irmãs siamesas Bette e Dot.

Sarah Paulson, com toda sua dimensão dramática (já comprovada através da adorada e sofredora Lana Winters) encara o desafio de interpretar dois personagens tão diferentes e ao mesmo tempo, ‘inseparáveis’. Muitos caem na besteira de classificá-las como a irmã boa e a irmã ruim. Já no primeiro episódio constatamos que diferenciações maniqueístas não se encaixam bem em AHS.

tumblr_nd7nscGecv1tnko2io2_500Sou uma admiradora do Ryan Murphy, ele não tem medo de fazer um trabalho conceitual e experimentalista. Prova disso é a cena em que Elsa consegue adentrar o hospital e encontrar as gêmeas. Murphy utiliza uma técnica fincada no videoclipe e, através da divisão de janelas, permite que o espectador ‘veja’ com os olhos das irmãs, cada uma focando uma parte diferente da mesma cena.

Finalmente Evan Peters ganhou um papel de destaque, muito diferente do pífio personagem que lhe foi entregue na terceira temporada. Peters é ‘Jimmy’, o garoto lagosta e, mais uma vez, é um sucesso entre as mulheres. Seus dedos são uma ‘arma’ extremamente potente. Em Freak Show, Jimmy é filho de Ethel, a mulher barbada –  Kathy Bates, indiscutível.

Frances Conroy também merece menção. Na trama ela interpreta Glória e, mais uma vez, é inimiga da Jessica Lange. Em Freak Show, Conroy continua caricata, aqui dando alma a uma mulher rica que mima o filho em excesso… Com certeza os dois personagens prometem boas histórias.

tumblr_ndav5tiqAK1rg9n20o1_500Com diversas referências à Asylum, voltamos a ver a Pepper, agora com um companheiro – que ainda não descobrimos quem é (impossível não relacioná-los ao filme de 1932, de Tod Browning). Também temos novos atores/personagens como: Jyoti Amge (Petit) a menor mulher do mundo. Ryan ainda nos deleitou com pequenos documentários que contam a história de vida de alguns dos ‘freaks’.

Alguns atores ainda não apareceram e ao que tudo indica, estarão presentes no próximo episódio. Entre eles está a Desiree ( Angela Bassett), uma mulher que possui três seios. A outra é a Maggie Esmeralda (Emma Roberts) que irá adentrar o Circo de Horrores para investigar os Freaks.

Por último e não menos importante temos o Palhaço (o Twisted Clown), uma figura grotesca que deixará muitas pessoas sem dormir. Ainda há muito mistério que ronda o personagem, mas uma coisa está clara: ele é cruel e adora distribuir facadas por aí…

tumblr_nd0dzehuBO1s4jr0no1_500Freak Show é denso e tem uma pegada sexual  muito forte – me arrisco a dizer que até mais escancarada do que as primeiras. A perversão ultrapassa os diálogos e logo no primeiro episódio nos deparamos com uma chocante orgia sexual, envolvendo algumas estrelas do circo: inclusive a Pepper! Também há mais violência e um humor negro delicioso.

Há ainda o que se falar sobre a cena musical, onde Jessica Lange canta ‘Life of Mars’ (de David Bowie), mas gostaria de fazer uma publicação especial dedicada ao assunto… Desculpem-me pelo texto tão meia-boca, mas estou na correria- ao mesmo tempo, não poderia deixar de escrever sobre AHS, a minha série preferida.

 

Cansada, dentro do ônibus e disputando espaço com outras pessoas que assim como eu, estão louca para ir para casa, depois de um longo e difícil dia de trabalho, observo pela janela as intermináveis filengarrafamentoas de carros que se estendem pela avenida. Luzes vermelhas dos faróis, fortes e em contraste com os meus olhos, gritam através da cor a urgência que cada um parece ter dentro de si: a de chegar.

Ao meu lado, uma senhora reclama do desconforto e diz que se os outros esperassem pelo menos dez minutos, conseguiriam pegar um ônibus mais vazio. Dez minutos, para quem está cansado e quer chegar em casa logo é muito. Uma pessoa que acorda cedo, que passa horas no trânsito para chegar no trabalho, que se mata de trabalhar e depois perde mais horas para voltar, exausto… essa pessoa não tem tempo a perder, nem dez minutos. Não nós, pobres mortais.

Enquanto me equilibro e tento segurar durante um curva, observo outro passageiro que coloca um livro de química sobre a mochila e está tão concentrado que parece não se importar com o barulho do bebê, que chora logo a frente. E fecho os olhos, naquele mormaço infernal, refletindo sobre quão rápida e cruel é a vida daqueles que como eu, não tem tempo a perder. O tempo é valioso demais ( o que deixa as coisas mais difíceis, duras, líquidas).

E uma senhora, tão pequena, frágil e provavelmente mais cansada do que eu, também se equilibra, cheia de sacolas, observando atentamente o caminho – provavelmente com medo de descer no lugar errado. Nem na velhice se descansa. E assim, nesse mar de gente, nessa vontade de ir e de chegar, eu também desço.  Subo o morro correndo, deixo a bolsa pesada na sala, tomo banho, como alguma coisa e finalmente – descanso? Não, me preparo para o dia seguinte.