Nós três, no banco traseiro de um carro

nos

E então, num dia desses, estávamos eu e duas amigas sentadas no banco de trás do carro – estacionado na praça principal da cidade. Era noite, a rua já estava ficando vazia e nós três ( em meio a lágrimas, risos e silêncio) pensávamos no que tínhamos feito da vida – e no que pretendíamos fazer dela. Enquanto eu estava lá, um pouco apertada entre as duas, fiquei me perguntando se nos lembraríamos desse dia, se comentaríamos sobre isso… rindo. Nos imaginei com uns quarenta anos, casadas e com filhos… debochando “do quanto éramos bobas na juventude”.

– Não somos mais jovens, Thais! Somos adultas… Foi o que Tetê me disse. E eu, num ímpeto, a respondi… “Somos jovens sim…. e adultas”.

Outro dia, voltando do serviço, fiquei me analisando. Pensando no que fui e no que sou. Sabe aquelas alunas péssimas (mas esforçadas), que estudam e estudam para uma prova mas sempre perdem média? Então, essa sou eu… mas na vida. (Ou pelo menos, por enquanto). Eu sinto que não me enquadro, não sou daquelas garotas de 24 anos que pensam em sair, em namorar, que amam maquiagem, que amam saltos, que vão a festas… e parecem tão felizes. Quero dizer, não que eu esteja triste… mas, não que eu esteja tão feliz, entende?

Numa conversa que tive com Juliana, lembrávamos da época da escola. E eu tive uma crise de riso quando tentávamos entender porque não nos enquadrávamos. E ela disse: “Eu não usava brinco, não arrumava o cabelo, ficava lendo Harry Potter e brigava com todo mundo”. E eu: “Eu não penteava o cabelo e lia tanto que as minhas melhores amigas eram as bibliotecárias”. Então concluímos: “Acho que foi por isso que não nos enquadrávamos”. E nós rimos, rimos de chorar.

É estranho o que a vida faz com a gente…. ela nos empurra para frente, você não pode voltar….

Sabe, eu tenho amigas maravilhosas.

(E uma mãe, perfeita.)

Por mais que sejamos tão diferentes, em tantas coisas, a gente se dá tão bem. Acho que é sorte…  🙂

Cindy Crawford (P.S.: sem photoshop)

E em falar em corpos reais, vocês viram a foto da Cindy Crawford (sem photoshop) que vazou na internet nos últimos dias? Linda, não? cindy

A imagem, que até então nunca tinha sido veiculada,  faz parte de uma sessão fotográfica realizada pela Marie Claire mexicana em dezembro de 2013. Pelo que li, a foto foi divulgada no Twitter da jornalista Charlene White sem autorização da modelo ou da revista.

O mais interessante é que a feedback do público e da crítica foi super positiva… Posteriormente, uma das editoras da revista chegou a se manisfestar: “É um corpo que desafia as expectativas. É real, honesto e é lindo. Independentemente do site de onde veio, a foto é esclarecedora. Sempre soubemos que a Cindy Crawford era linda mas vê-la assim só nos faz gostar ainda mais dela”.


(Essas são as fotos que foram publicadas  na revista):

7d609c7c-c643-4177-8e6b-eabfcf47ceb6_cindy6

6558ddbd-7ddb-4b8a-9192-c12bb43f898f_cindy8

cindymexico7

78122864-4b7c-4505-a3b8-9f83e348512e_cindy4

A empresa (A Possessa)

Sempre que posso, gosto de reler Hilda Hilst… sabe, me identifico com o que ela escreve. Não preciso dizer muito sobre (não mais do que já disse) … quem conhece um pouco de sua obra sabe que ela tem uma lucidez e uma narrativa invejável. Dentre os diversos livros que tenho, resolvi reler “A empresa”, uma de suas peças de teatro… Aliás, a primeira que ela escreveu, em 1967.

A trama, que se passa em um colégio de freiras, conta a história de América  – uma jovem criativa, sincera e contestadora que se vê reprimida pelas autoridades do colégio (em especial pelas duas Postulantes e pelo Monsenhor). Hilst não só denuncia a repressão institucional sobre os jovens, mas também chama atenção para o fato de que até os mais criativos podem ter suas ideias massacradas pelo “sistema”.

Na nota, feita pelo professor da Unicamp, Alcir Pécora, há uma observação me pareceu importantíssima: “O teatro completo de Hilda é composto por oito peças escritas  de 1967 a 1969. O fato é significativo, pois se trata de um período no qual o teatro em geral, e em especial o universitário, adquire grande importância no país, tanto por suas significação política de resistência contra a ditadura militar como pela excepcional confiança na criação jovem e espontânea que se alastrava pelo mundo”


TEATRO DA HILDA

América: Eu perguntei como é possível existir a frase “nossa senhora foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto.

Monsenhor: Não nos cabe o julgamento dessas revelações. É preciso ter fé.

América: Mas eu penso.

Monsenhor: Mas a fé não pretende que você deixe de pensar. A fé não pretende que você abdique de sua inteligência.

América: Mas isso não é lógico. Como posso acreditar numa coisa que é absurda? Todo mundo sabe que é impossível ser virgem e dar a luz.

Monsenhor: Há verdades imutáveis

Aleah Chapin – A nudez feminina na velhice

A nudez incomoda. E quando se trata da nudez de mulheres mais velhas – que possuem um físico diferente do estereótipo da mulher perfeita, isso parece incomodar ainda mais.

GameFiquei impressionada com a percepção e a delicadeza da jovem pintora Aleah Chapin (de 28 anos). Chapin estudou no Cornish College of the Arts e fez especializações na Academia de Arte de NY. A pintora, nascida e criada em Seattle, se dedicou a criar obras realísticas que retratam a velhice feminina. Para ela: “A beleza natural da mulher”…


static1.squarespace.com


Confira:

  1. 2013-01-14-graphic10Aleah_Chapin_04aleah-2aleah-chapin_07Chapin_Aleah_TheThreeGraceschapin_aleah_twonesschapin_aleah_hannah

 “Eles dizem que nossos corpos precisam ter certa altura, certo tamanho e um peso determinado. Mas essa construção de imagem é totalmente irreal”

O Moedor

O MoedorSimples, sem freios e direto…. é assim que Enio Mainardi me pareceu, pouco preocupado em ser politicamente correto ou sutil. Sutileza, aliás, é algo que quase não se vê em sua narrativa. Me identifiquei com suas histórias, com sua sinceridade meio grosseira e por seu apelo à memória (que, em vários momentos, se confunde com ficção). Infelizmente, desconheço sobre o autor (o nome não me é estranho, mas dele, de suas obras e trabalhos não sei nada).

[P.S. Algumas reflexões, como as que coloco no final desse texto, me pareceram um pouco de mal gosto, mas… ao meu ver, não comprometem a qualidade da narrativa].

Encontrei o livro na Fnac por apenas R$1,99, um valor ridículo para um livro tão bacana. A capa é interessantíssima, difícil não ficar curioso em saber sobre o seu significado, o qual descobrimos no terceiro capítulo. Em uma de suas crônicas, Mainardi conta sobre o encanto que tinha em relação ao moedor de carne da avó e cria uma deliciosa comparação com o casamento:

“Jogava–se lá dentro um pedaço de carne com músculo, ou um bife de fígado de fígado molenga, por exemplo, e saía regurgitando a carne moída, de cor misturada. Dava para fazer bolinho de carne (regulagem média), sopa de carne (regulagem grande e assim por diante. Bastava girar a manivela e a carne ia sumindo lá dentro. Casamento devia ser assim, igual. Podia se colocar para moer os sentimentos havidos, os não havidos, os fingidos, as coisas passadas, as imaginadas, e daí pronto. O que era antes, não seria depois.”

O Moedor 2

Antes de cada crônica/conto, Mainardi escreve pequenas epifanias… e é possível encontrar algumas pérolas (no bom sentindo). No mais, gostei das histórias, como aquela em que ele e um amigo, Harry (que aparece em vários momentos) resolveram transar com outros homens, ou quando ele decidiu invadir o túmulo e roubou a pena de um defunto…


Citações

“Outro dia, me surpreendi buzinando impaciente na frente  do hospital que atende soropositivos, ali perto do Trianon e havia uns carros que atravancavam a rua, desembarcando doentes. Pensei, compassivo: “Vai, aidético… Mas tira logo essa merda de carro da minha frente. Tua pressa não vai te adiantar  nada, mesmo…” Também fiz piada nos corredores do shopping, ao ver gente manejando canhestramente as suas cadeiras de rodas. “Ói só, está treinando para a Fórmula 1”.

“Eu hoje não seria capaz de foder você nem com três camisinhas. Me envergonho desse destempero. Acho que disse aquilo porque me senti ofendido por ela colocar todas as sua declarações de amor nos tempos passado e no condicional. “Quando eu te amava, querido” Amava!? You, bitch!!”

“Como se o uso do buraco do cu para fins de esfregações sexuais favorecesse ideias superiores, refinando a sensibilidade. Para mim, isso dá é hemorroidas, que se amenizam com pomada e se curam com cirurgia. Se escapar da Aids”

Jeff e as armações do destino

jeff-who-lives-at-home

De todos os atores e atrizes que amei, Susan Sarandon foi a primeira e será a última. Recentemente assisti um de seus filmes, Jeff, who lives at home”, uma comédia dramática que conta a história de um cara de quase quarenta anos (Jeff) que é desempregado e mora com a mãe. A mãe, no caso, interpretada por Susan Sarandon. Jeff possui um sério problema de relacionamento com o irmão e não consegue encontrar um sentido para a vida. Um dia, quando precisa ir ao mercado, ele decide mudar o percurso. No caminho uma série coincidências acontecem e o fazem questionar sobre sua existência.

Susan está magnífica, mesmo em um papel mediano. Na trama, ela é uma mãe que está cansada dos próprio filhos, que sente que falhou em algum momento da criação deles e que, por causa deles, deixou a própria vida um pouco de lado. Até, que um dia no escritório, começa a receber mensagens de um “admirador secreto” e  começa a se perguntar se deve ou não dar uma segunda chance para o amor…

Em boa parte da trama ela se dedica a desvendar o mistério, que para o telespectador já é decifrado desde o início… Seu admirador secreto é uma mulher, mulher que foi sua melhor amiga durante anos e que – num pequeno ato de coragem – decidiu revelar seu amor.

Que filme fofo!

sarandon-jeff-who-lives-at-home