Ontem custei para dormir, relembrando a história de Iara Iavelberg, assassinada durante a ditadura militar. Me imaginei no lugar dela, apertada naquele quartinho de empregada e encurralada por policiais armados, decididos a matar. Um tiro certeiro no peito e a alegação injusta de que cometera suicídio. Uma história triste, dentre tantas, que nos obriga a relembrar o vergonhoso passado político do Brasil.
A partir dessa dolorosa premissa, Mariana (sobrinha de Iara – narradora/personagem) se dispõe a recontar a história de vida da tia: menina bonita, estudante de psicologia da USP, companheira de Carlos Lamarca, assassinada. Um verdadeiro trabalho documental e jornalístico, que nos deixa sem fôlego e com a garganta apertada, em meio a quebra-cabeças que se encaixam aos poucos e figuram uma imagem melancólica. Uma bela homenagem à Iara, à seus companheiros e a todos que morreram da mesma forma, sem o direito de terem suas memórias destrinchadas.