Eu sei que o ano está praticamente na metade, mas vou dizendo logo de cara que 2015 é o meu ano literário. Estou lendo muito e de tudo o que vocês podem imaginar (ainda mais agora, que estou morando perto de uma biblioteca absurdamente gigante!). Logo na minha primeira visita à biblioteca, sentei e li umlivro sensacional (pequenino, de apenas 88 páginas), que me lembrou muito a narrativa de ‘O Caderno Rosa de Lori Lambi”, da Hilda Hilst. Trata-se de “Festa no Covil”, do escritor mexicano Juan Pablo Villalobos.
Então, o ‘Caderno Rosa de Lori’ é um diário de uma garotinha de oito anos, lembram? Pois, Festa no Covil tem praticamente a mesma essência: um menino chamado Tochtli é filho de um dos chefões do narcotráfico mexicano, Youcaut. Na narrativa, ele conta como é a sua vida abastada em um palácio, cercada de adultos- com muito conforto e solidão. Um dos desejos recentes de Tochtli é ter em seu minizoológico um hipopótamo anão da Libéria… e ele insiste muito nessa ideia (durante todo o livro).
Citação:
“Algumas pessoas dizem que eu sou precoce. Dizem isso principalmente porque pensam que sou pequeno para saber palavras difíceis. Algumas das palavras difíceis que sei são: sórdido, nefasto, pulcro, patético e fulminante. Na verdade não são muitas pessoas que dizem que sou precoce. O problema é que não conheço muita gente. Conheço no máximo umas 13 ou 14, e quatro delas dizem que sou precoce. Dizem que eu pareço mais velho ou o contrário, que sou muito novo para essas coisas. Ou o contrário, às vezes pensam que sou um anão.”
A narrativa, cheia de ironias e com muito humor negro, é também obscura. O menino, ainda inocente, conta como convive com a violência como algo natural… ele relata, por exemplo, as torturas que o seu pai comete constantemente contra suas vítimas. Em seus relatos, ele também conta que estuda em casa e revela que cresceu sem a presença da mãe.
Lendo um pouco da introdução, descobri que o que Villalobos faz é um pouco de ‘experimentalismo’ de um gênero muito popular na América Latina chamado: “Pulp/Narcoliteratura”, que fala e denuncia a violência, a corrupção e a marginalização.
Enfim, um livro delicioso…
“Sinistro e doce como uma caveira de açúcar”
Ano literário,excelente.
Nossa, fiquei com muita vontade de ler esse. Obrigada pela dica! ❤