A condessa sangrenta

A Condessa Sangrenta

Acho que é a primeira vez que eu leio um livro e fico com medo. Talvez isso tenha acontecido porque o li de madrugada, quando a casa estava escura e num silêncio absurdo. De qualquer forma, confesso…. fiquei com medo. O livro me chamou atenção pelo erotismo da capa e pelo tema, uma abordagem meio romantizada da famosíssima Condessa Bathory, considerada “uma das mulheres mais perversas e sanguinárias que a humanidade já conheceu”.

Condessa-Sangrenta

O livro é bem pequenino, apenas 54 páginas e repleto de ilustrações assustadoras. A autora, Alejandra Pizarnik, relata as histórias das torturas de maneira lírica e poetizada, ao mesmo tempo em que traz uma série de histórias bizarras e obscuras (repletas de erotismo). Difícil não mergulhar nesse universo melancólico e assombroso da Condessa, que vivia solitária em seu enorme castelo se deliciando com os gritos de dor das jovens que torturava e com aversão a velhice.

Não se discute no livro se  história sobre a Condessa é ou não ponto de partida para a criação de um mito, o que se explora é o encantamento e a curiosidade que ela desperta. Afinal, foram mais de 600 jovens assassinadas.  A autora explica, por exemplo, que a Condessa tem origem de uma família problemática, muito rica e influente. Além de comentar sobre a indiferença do marido, ela também levanta a possibilidade da Condessa ter sido lésbica, relata como eram os banhos de sangue que ela tomava e conta como foi o seu fim (presa no castelo, abandonada por todos, sem demonstrar arrependimento).


Citações

Bathory-1

“Nunca puderam ser esclarecidos os rumores acerca da homossexualidade da condessa, ignorando-se tratar-se de uma tendência inconsciente ou se, ao contrário, aceitou-a com naturalidade, como um direito a mais que lhe correspondia. No essencial, viveu submersa de um âmbito exclusivamente feminino.”

“Escolhiam-se várias moças altas, belas e resistentes –  sua idade oscilava entre os 12 e os 18 anos – e arrastavam-nas à sala d torturas onde esperava, vestida de branco em trono, a condessa. Uma vez maniatadas, as criadas as flagelavam até que a pele do corpo se dilacerasse e as moças se transformassem em chagas tumefatas; aplicavam-lhe os atiçadores em brasa, cortavam-lhe os dedos com tesouras ou guilhotinas, espetavam suas chagas, praticavam-lhes incisões com navalhas (se a condessa se cansava de ouvir gritos, costuravam suas bocas, se alguma jovem se desvanecia rápido demais, ajudavam-na fazendo queimar entre suas pernas papel embebido de óleo). O sangue emanava como um gêiser e o vestido branco da dama noturna trotava-se vermelho. E tanto, que tinha que ir ao seu aposento e trocá-lo por outro”.