Ícone do feminismo brasileiro, Bertha Maria Julia Lutz (1894 – 1976) é considerada a percursora do movimento no Brasil e a maior líder na luta pelo direito ao voto das mulheres. Em 1919 criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, posteriormente transformada na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Após a Revolução Constitucionalista, Bertha foi nomeada (juntamente com Nathércia da Cunha Silveira) por Getúlio Vargas para auxiliar na criação da nova constituição brasileira.
Em 24 de fevereiro de 1932 (ou seja, há exatamente 84 anos), após uma forte campanha nacional, as mulheres conquistaram o direito de votar e de serem eleitas para cargos do executivo e legislativo. O problema é que o projeto foi aprovado parcialmente, afinal, somente às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria podiam votar. As restrições ao voto feminino só foram eliminadas do Código Eleitoral em 1934.
Em 1936 Bertha se candidata pela Liga Eleitoral Independente e assume a cadeira de deputada na Câmara Federal. Sua atuação, juntamente com a primeira deputada brasileira, Carlota Pereira de Queiros, foi marcada pela proposta que exigia mudanças na legislação trabalhista referente à mulher. Bertha também entrou para o serviço público, sendo a segunda mulher a participar do funcionalismo federal – ela foi chefe de botânica do Museu Nacional e se aposentou em 1964.
Em 1975 foi convidada pelo governo para integrar a delegação do país no primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado no México. Este foi o seu último ato público, ela faleceu no Rio de Janeiro em 1976.