Cinderella, 2006

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Que filme sensacional, acabei de assisti-lo e corri para comentar aqui no blog. Quem assistiu e gostou de “A pele em que habito” de Pedro Almodóvar, provavelmente vai relacioná-lo a este filme. É complexo, é confuso, não é linear, cheio de mistérios… mas muito bem construído e realmente, emocionante. Aliás, é quase um quebra-cabeça e tem tantos plots twist que é difícil de contar.

“Cinderella” conta a história Hyun-Soo, uma jovem que vive uma vida praticamente perfeita: filha de uma cirurgiã plástica, cercada de amigas que a adoram e admiram por sua beleza. Porém, sua vida fica completamente abalada quando suas amigas, que foram operadas por sua mãe, começam a enlouquecer, a cortar seus próprios rostos e depois, comentem suicídio. Hyun Soo desconfia que sua mãe está envolvida com as mortes e passa a investiga-la.

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Lançado em 2006 e dirigido por Man-dae-Bong, o filme tem uma forte pegada de terror psicológico, ainda que em seu desenvolvimento apareçam alguns fantasmas (que são mais simbólicos do que tudo, sério!). Eu só consegui entender a metáfora da Cinderela na metade do filme, realmente faz todo sentido (e é triste pra caramba!). É preciso um pouco de persistência para chegar até o final, a verdade é que no início da trama muitas lacunas vão sendo abertas e elas demoram a se fechar.

A mãe do filme (Do Ji‑won), além de ser linda, carrega a maior parte do suspense nas costas. É uma atriz com uma atuação muito intensa e ao mesmo tempo, extremamente misteriosa. No início da trama ela é a mãe perfeita e eu ficava me perguntando o que a relacionaria com a Madrasta da Cinderela. Outra coisa é que ela tem uma aparência muito jovial, por horas eu não acreditava que ela tinha idade para ter uma filha tão grande (na época do filme tinha 40 anos).

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Mesmo lendo tantas críticas negativas, eu confesso que realmente gostei desse filme. Não consigo encontrar mais adjetivos ou características sem soltar um spoiler, a minha mão está coçando aqui para fazê-lo. Enfim, é um filme valioso, intenso, emocionante. Basta se permitir mergulhar na história, vale a pena!

Sombras en una batalla

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Mais um filme da Carmen Maura que entrou para a lista dos assistidos, este eu tinha muita curiosidade de ver e achava que se tratava de um suspense com pinceladas de ação. Nada disso, é um drama bem arrastado, Carmen interpreta uma mulher seríssima e o filme tem um forte tom político, social e contestador. Eu gostei muito, é uma Carmen séria… diferente da qual estou acostumada assistir, bom para relembrar que ela é uma atriz de muitas facetas e que pode surpreender em outros campos, gêneros, fugir do clichê.

Dirigido por Mario Camus e lançado em setembro de 1993, “Sombras en una batalla” conta a história de Ana, uma veterinária que vive em uma pequenina cidade em Zamora, fronteira com Portugal. Lá ela cria sua pequena filha (Blanca, de 12 anos) e convive pacificamente com Dário, seu ex-companheiro. Um dia, em uma viagem de ônibus conhece José, um homem encantador por quem se apaixona e abre as portas de sua casa.

Ao longo da trama vamos descobrindo os possíveis motivos que fizeram de Ana esta mulher tão dura. Ela foi ex-militante do ETA (e eu tive que recorrer eu Google para entender do que se trata), é uma ação nacionalista e armada, considerada como um grupo terrorista. Por ironia do destino, José pertencia ao GAL, e participou de um atentado contra os refugiados vascos que iam em direção ao território francês, Ana era uma delas. Ana passa a ser perseguida por alguns ex-companheiros que a questionam o fato de receber José em sua casa, e ao mesmo tempo em que está apaixonada por ele, não se permite perdoá-lo pelos erros do passado.

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Em entrevista ao El País, Mário Camus chamou atenção para alguns detalhes dos quais reproduzo: “Sem salto alto, sem maquiagem e sem mini-saia, Carmen Maura enfrentou as sombras em uma batalha no último filme de Mário Camus […] Carmen demonstra facilidade para fazer qualquer coisa ser crível, é muito trabalhadora. Ela está acostumada com diálogos curtos e quase improvisados, os diálogos desse filme são muito longos. Ditos por outra pessoa poderiam parecer chatíssimos, mas o poder dessa mulher está na credibilidade que transmite”.

“O personagem de Carmen é muito duro, mas não poderia ser de outra maneira. A alegria está em sua filha, necessitamos da dureza da mãe para entender a evolução da menina. Eu queria que em algum momento a filha fosse a mãe da mãe, hoje as crianças crescem muito depressa”.