Mais um filme da Carmen Maura que entrou para a lista dos assistidos, este eu tinha muita curiosidade de ver e achava que se tratava de um suspense com pinceladas de ação. Nada disso, é um drama bem arrastado, Carmen interpreta uma mulher seríssima e o filme tem um forte tom político, social e contestador. Eu gostei muito, é uma Carmen séria… diferente da qual estou acostumada assistir, bom para relembrar que ela é uma atriz de muitas facetas e que pode surpreender em outros campos, gêneros, fugir do clichê.
Dirigido por Mario Camus e lançado em setembro de 1993, “Sombras en una batalla” conta a história de Ana, uma veterinária que vive em uma pequenina cidade em Zamora, fronteira com Portugal. Lá ela cria sua pequena filha (Blanca, de 12 anos) e convive pacificamente com Dário, seu ex-companheiro. Um dia, em uma viagem de ônibus conhece José, um homem encantador por quem se apaixona e abre as portas de sua casa.
Ao longo da trama vamos descobrindo os possíveis motivos que fizeram de Ana esta mulher tão dura. Ela foi ex-militante do ETA (e eu tive que recorrer eu Google para entender do que se trata), é uma ação nacionalista e armada, considerada como um grupo terrorista. Por ironia do destino, José pertencia ao GAL, e participou de um atentado contra os refugiados vascos que iam em direção ao território francês, Ana era uma delas. Ana passa a ser perseguida por alguns ex-companheiros que a questionam o fato de receber José em sua casa, e ao mesmo tempo em que está apaixonada por ele, não se permite perdoá-lo pelos erros do passado.
Em entrevista ao El País, Mário Camus chamou atenção para alguns detalhes dos quais reproduzo: “Sem salto alto, sem maquiagem e sem mini-saia, Carmen Maura enfrentou as sombras em uma batalha no último filme de Mário Camus […] Carmen demonstra facilidade para fazer qualquer coisa ser crível, é muito trabalhadora. Ela está acostumada com diálogos curtos e quase improvisados, os diálogos desse filme são muito longos. Ditos por outra pessoa poderiam parecer chatíssimos, mas o poder dessa mulher está na credibilidade que transmite”.
“O personagem de Carmen é muito duro, mas não poderia ser de outra maneira. A alegria está em sua filha, necessitamos da dureza da mãe para entender a evolução da menina. Eu queria que em algum momento a filha fosse a mãe da mãe, hoje as crianças crescem muito depressa”.
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