Marisa Medina foi uma comunicadora espanhola que fez muito sucesso na década de 1960 e 1970, mas que acabou em ruína após se viciar em jogos e drogas. Comprei este livro sem saber de quem se tratava e confesso que o que me chamou atenção foi o titulo. Terminei de lê-lo hoje e fiquei com muitas impressões, li o livro em poucos dias porque não conseguia me desgrudar dele. A história, uma autobiografia, é contada em primeira pessoa, com um toque muito emocional. Nos primeiros capítulos Marisa narra a sua vida de dentro da clínica de reabilitação, quase como em formato de diário.
A sua relutância em permanecer naquele lugar e o confronto da família em relação aos seus vícios são muito dramáticos. Em todos os momentos Marisa mostrava a importância da opinião de suas filhas, o que a levou a aceitar a reclusão. Porém o ambiente da clínica, em princípio, lhe causou repulsa. Ela não conhecia aquelas mulheres (bem mais jovens que ela) e não conseguia acreditar no discurso daquelas que tentavam ajudá-la dizendo que aquele era um ambiente amigável.
Marisa saiu do mundo luxuoso da fama e se tornou uma mulher comum, viciada, perdida nas noites de jogatina. Eu gosto muito da maneira com que ela mescla essas duas realidades….e confesso, é quase impossível não ter uma “curiosidade mórbida” sobre o que lhe aconteceu. Como uma mulher linda, rica e famosa conseguiu chegar ao fundo do poço? Ela perdeu todo o dinheiro, as casas, os restaurantes, a beleza…
Um dos momentos que mais me agrada no livro é a recordação da infância, quando Marisa relembra a influência da sua avó materna em sua educação, da fraqueza de sua mãe diante da avó extremamente rígida e da ausência de seu pai, um homem que morava perto de sua casa e que a via constantemente nas ruas, mas que a ignorava como se não a conhecesse. Segundo Marisa ela foi criada num mundo cercada de “velhos trites” e de alguma forma, levou esta tristeza para o resto da vida.
Ela estreou na televisão em 1962 no programa “Tv Escuela”, depois disso decolou… teve seus próprios programas, foi apresentadora de festivais musicais, gravou cds e participou de alguns filmes…Casou-se com o compositor Alfonso Santisteban em 1970 e, de acordo com o livro, vivia cercada de regalias, frequentava muitas festas, seus melhores amigos eram famosos e a imprensa a assediava a todo momento. Com Alfonso teve três filhas, cada uma nasceu em um momento diferente de sua vida financeira: Sílvia, a mais velha, vivenciou os dias de fortuna e do casamento perfeito, Alejandra presenciou as primeiras brigas e Laura, nasceu quando o casamento já anunciava um fim e quando a situação financeira já não era tão boa.
Marisa expõe a sua mágoa em relação ao marido que a traía constantemente e que chegou a colocar uma mulher em sua casa, sendo ela sua amante (com ela teve filhos, inclusive). Por isso Marisa deixa bem claro que já não existia um encontro sexual entre os dois, portanto, se relacionava com outros homens sem culpa. Ela também fala de seus desejos eróticos de uma maneira muito aberta.
O livro foi escrito em 2002 e ela me soa muito sincera, todo o tempo; como alguém que já não tem mais nada a perder. É muito louco pensar que ela morreria onze anos depois, aos 69 anos, de câncer. Do pouco que li das críticas, o livro deixou Alfonso extremamente descontento, ele dizia não conseguir reatar a mesma relação com a ex-esposa depois do que foi dito, mas que permaneceu ao seu lado durante sua morte.
…adorei…tenha uma ótima semana!
https://viciolicito.wordpress.com