Créditos da imagem: Laura Breiling
Ainda não sei me comportar diante do meu colega de serviço machista e desinformado. Desde o momento em que o conheci e depois dos minutos que passamos juntos, pedi em silêncio que nossos horários não encontrassem. Do pouco que nos conhecemos, sinto por parte dele uma incompreensão das seriedades e das bobeiras que diz. No fundo é uma boa pessoa (ou pelo menos me parece) e sinto que ele não consegue se desvincular dessa irritante mania classificatória e estereotipada de mulheres porque está em uma situação de conforto. As vezes brinco que ele funciona vinte e quatro horas como um radar, reparando nas meninas “bonitas que comeria ou não” ou que “enfiaria a piroca”. Sempre quando ele diz uma coisa dessas eu me lembro do caso da Rose Marie Muraro quando um cara falou que não se casaria com ela porque ela era feia e lésbica demais. E a Muraro, em resposta, dizia que não passou na cabeça do cara que ELA não queria se casar com ele porque ele era feio e barrigudo demais. Quer dizer, quando o meu colega vai parar de achar que todas aquelas mulheres estão disponíveis para ele ou que devem ser classificadas como comíveis ou não. “É a natureza dos homens”, ele me disse hoje de tarde no elevador. É que eu fiz uma cara meio assustada quando ouvi um grupinho de homens atrás de nós comentando que “mulheres depois dos trinta e cinco não podem ser encaradas com seriedade”. Nesses momentos eu penso em todas (e tantas) meninas e mulheres que não se encaixam(e por vezes não querem se encaixar) neste limitado esteriótipo construído sobre o corpo e a imagem feminina e no que todas elas (nós) poderiam e temos a dizer para esses caras.