Cara, eu não consegui dormir essa noite! Passei a madrugada vendo os episódios da série O Exorcista, morrendo de curiosidade e de medo (com os pés bem cobertos e sentindo calafrios). A merda é que eu viciei e confesso que odeio começar a assistir série assim, “no meio”, porque é um saco ficar esperando por episódios novos – resumindo, eu já to louca pro próximo! (Há muito tempo eu não sentia isso em relação a séries, e dá medo mesmo… mas não tanto! HAHA). Dos cinco episódios que vi, não me decepcionei… uma trama bem amarrada, com várias referências ao clássico e momentos de acelerar o coração. A série é ambientada em Chicago e nos apresenta Tomás Ortega (interpretado por Alfonso Herrera), um jovem padre, cheio de inquietações e ambições. Um dia ele é procurado por Angela (Geena Davis) que afirma que uma de suas filhas está possuída por um demônio, é quando Tomás busca ajuda junto ao padre Marcus, um padre excomungado e experiente em exorcismos. Gostei muito da resenha do Combo Infinito, dê uma olhada quando puder. Concordo muito quando eles falam sobre a família Rance, cheia de mistérios! (Mesmo que desconfie, estou louca para descobrir o que aconteceu com o pai!!).
Mês: Outubro 2016
Reggie Love: um dos personagens que me inspiram!
Eu sou aquela pessoa que tem uma lista com um milhão de filmes novos para assistir e na hora “H”, escolhe um filme que já viu um milhão de vezes. Neste fim de semana revi “O Cliente” pelo Netflix e me surpreendi ao lembrar dos mínimos detalhes, das falas e de algumas cenas… ta aí um dos filmes que assistia constantemente quando era pequena, porque amava a Susan Sarandon. Mas eu juro, que não é só por causa dela que esse filme me encanta tanto.[E sim, já escrevi sobre ele por aqui, né?]
Em suma, só não me lembrava da coragem da personagem, Reggie Love, ao enfrentar um mundo dominado por homens para defender uma criança extremamente assustada e confusa (no caso, o cliente que dá título ao filme). Essas histórias me inspiram muito, é sempre bom ver o retrato de protagonistas fortes e inteligentes, sabe? Ao mesmo tempo, é incômodo pensar que mulheres continuam sendo subjugadas no mercado de trabalho e menos remuneradas. No inicinho do filme, quando Mark procura por uma ajuda, ele entra na sala da advogada procurando pelo “Senhor Love” e se assusta ao se dar conta de que o Senhor Love, é uma mulher. [Spoiler?] E quando ela entra numa sala, cheia de homens famintos para conseguir uma informação do garoto (que presenciou um assassinato), e surpreende todos com sua esperteza.
Fiz uma pesquisa rápida sobre o assunto e me deparei com uma matéria do jornal O Globo (publicada em maio, deste ano) sobre uma campanha da OAB contra o machismo entre os advogados. Olha só que interesse o apontamento levantado: Presidente da OAB/Mulher, Daniela Gusmão diz que há um estigma de que advogadas precisam ser masculinas para serem respeitadas. “A mulher pode ser formal e feminina ao mesmo tempo”, afirma ela, que organiza o evento. Sugiro que leiam a entrevista toda, se for possível. É pequena, mas muito interessante. Quando leio a matéria, imagino a situação se repetindo em outros contextos ou setores, tipo… na engenharia.
O filme propõe muitas pautas, mas a questão profissional é a que mais agrada. Gosto da narrativa, que tem um suspense gostoso de assistir… bem ao estilo anos 90. A riqueza da construção do personagem não terminar por aí, há uma quebra de estereótipos quando descobrimos, ao longo da narrativa, que Reggie perdeu a guarda dos filhos por causa do alcoolismo. Entendo que sua doação para salvar a vida do garoto e da família como uma redenção.
As Luzes do Ocaso: que peça incrível!
Fui assistir a peça “As Luzes do Ocaso” três vezes e para falar a verdade, se não estivesse com a vida tão corrida, teria assistido novamente. Na primeira vez estava acompanhada da minha mãe, que veio passear em São Paulo. Saímos de lá encantadas com a Magali Biff e não parávamos de falar: “Ela é linda, né?”. Naquele dia quebrou-se toda a impressão que eu tinha da atriz, que ficou marcada na minha memória como vilã. Eu não consegui parar de olhar para as suas pernas ou para suas mãos, que pareciam ter vida própria, e me apaixonei por seu carisma. Se uma vez escrevi por aqui que quando a Bete Coelho está no palco é difícil desviar os olhos, me atrevo a dizer que quando a Magali Biff está no palco, é impossível não olhá-la. Intensa!
“As Luze do Ocaso” tem todas as delícias de uma comédia, toques fundamentais de suspense e um tom dramático perfeito. De todas as vezes que fui assistir,senti a mesma coisa: que era muito bom poder ter vivido essa experiência em São Paulo. A história me remete a filmes que amo, me faz lembrar das grandes atrizes hollywoodianas (como Bette Davis, Joan Crawford, Greta Garbo e Gloria Swason) e me alertou sobre um mundo que conhecia, mas ignorava: o das vedetes e do Teatro de Revista.
Na trama, Magali dá vida à Lanuza Mayer, uma ex-vedete confinada em sua casa e imersa em suas dores e lembranças. Um dia ela é surpreendida pela visita inusitada de um fã que se propõe a escrever um livro sobre o teatro de revista. Bebê é uma figura estranha que acompanha Lanuza há anos, oferecendo seus serviços como uma espécie de “mordomo/amante”.A chegada do jovem desestabiliza a harmonia da casa pois levanta uma série de segredos e acontecimentos obscuros. Eu escrevi bastante sobre a Magali, né?Não dá pra deixar de citar o trabalho incrível do Giovani Tozi e do Paulo Goulart, eles são atores incríveis e possuem um conhecimento técnico admirável: a postura, a voz, a presença no palco…
Isabelle Huppert: Une vie pour jouer
Certas coisas não mudam por aqui, é impressionante que mesmo depois de quatro anos com o blog no ar, eu ainda escreva sobre os mesmos temas. Ontem tive a felicidade de assistir o documentário Une vie pour jouer, sobre a carreira de Isabelle Huppert. Eu morria de vontade de assistí-lo e passei longos anos procurando por ele. O filme mostra os bastidores da vida da atriz, sua agenda corrida, sua preparação para entrar no palco, conta com alguns depoimentos e vídeos caseiros. Serge Toubiana, o diretor, acompanhou os passos de Isabelle durante um ano (época em que ela gravava A teia de chocolate de Claude Chabrol, A Professora de Piano de Michael Haneke e encenava a peça Medea Miracle). Confesso que esperava um pouco mais desse documentário, mas gostei muito das entrevistas em que ela fala sobre sua juventude e experiências. Ainda que conhecida como uma atriz “fria”, Isabelle me surpreende por sua intensidade e autoridade ao atuar.Para quem também gosta do trabalho dela, este post fica como sugestão… o documentário possui momentos bem interessantes sobre os bastidores dos filmes que ela fazia na época e umas lindas imagens da infância da atriz.
Krisha: uma tragédia familiar
Há muito tempo um filme não me surpreendia tão positivamente como esse. Comecei a assistí-lo sem pretensão e caí de joelhos logo na primeira cena. A narrativa se baseia na história de Krisha, uma mulher que visita a família no Dia de Ação de Graças após um longo período de afastamento (provocado pelo alcoolismo). No primeiro momento, a câmera acompanha todo o seu trajeto até a casa da irmã e enquanto ela caminha, é como se estivéssemos caminhando atrás. A proposta do filme é muito simples, mas carrega uma dramaticidade tão grande que é difícil ficar indiferente.
Krisha, com seus esvoaçantes cabelos brancos, olhos muito azuis e pele envelhecida, é um personagem tão complexo e forte, que provoca comoção. Aliás, mais do que isso: É também primordial o ambiente em que a história se passa (com um tom bem realista, com construções dos símbolos, com junções de improviso e personagens secundários marcantes). Mesmo quem nunca teve um familiar alcoólatra consegue compreender o desespero do personagem e dos que estão próximos dela, diante da situação.
Me emocionei muito com o reencontro de Krisha com a mãe, já bem debilitada pela velhice e pelo alzheimer. É impressionante o fato de que todas as cenas tenham sido improvisadas e que a velha senhora (que na vida real, é mãe da atriz e avó do diretor Trey Edward Shults) tenha participado de algumas cenas sem saber que se tratava de um filme. No ápice do trama, no momento de desentendimento entre os familiares, a avó percebe que há algo de errado acontecendo e se manifesta. De acordo com a entrevista que vi do diretor, a manifestação da avó naquele momento foi completamente espontânea e foi filmada por sorte, pois onde ela estava (que era na sala de jantar), não havia espaço para colocar as câmeras no posicionamento ideal. Então, apenas uma câmera foi deixada lá só para fazer imagens de cortes.
Sinceramente, é um dos melhores filmes que assisti este ano. A história de Krisha poderia se passar em qualquer lugar do mundo, é um tragédia familiar universal, retratada com uma sensibilidade incrível. As recordações da família, a intimidade entre eles, as dores, as alegrias e os rancores, um filme marcante.
A biografia da Bette Davis
Tô em falta com esse blog e me sinto péssima por isso, todo dia me surge uma ideia nova para uma publicação, mas a rotina está tão corrida que não consigo sentar para escrever. Estou me esforçando para ler os meus livros, seja no ônibus quando vou trabalhar, na academia ou minutos antes de dormir. Há algumas semanas comecei a ler a biografia da Bette Davis, escrita por Charles Higham. Estranhei muito no começo porque a narrativa é bem opinativa, o autor não esconde suas percepções sobre a vida da atriz. Ele começa o livro dizendo que foi visita-la em sua casa para fazer uma entrevista e que se surpreendeu com sua feminilidade. Higham dizia que Bette tinha uma sensualidade única e que fumava cigarros como ninguém. Para ele, seu jeito forte era um reflexo da vida de uma mulher que foi extremamente subjugada num universo dominado por homens.
A narrativa sobre o primeiro encontro dos dois me passou a impressão de uma Bette intimidadora, que falava alto, adorava palavrões, inteligente e rápida nas respostas A verdade é que demorei para gostar do livro e ainda estou na metade, mas muitas curiosidades sobre a carreira e vida da Bette (ainda que apimentadas pelo olhar do autor), me fizeram admirá-la ainda mais. Eu não sabia nada da relação da Bette com a mãe, Ruth, e com a irmã, Bobby. O autor conta que a três sofreram influencias fortes da avó, que tinha uma educação quase “militar”. A irmã da Bette tinha problemas mentais e passava por muitas internações. Já a mãe da Bette, se esforçou ao máximo para torna-la famosa (chegou a fazer inúmeras dívidas por causa da filha), tinha uma postura super protetora e intrometida (que incomodava profundamente os produtores, diretores e jornalistas). Ruth, na juventude, tinha o sonho de ser atriz, mas foi impedida pelo marido… por isso, teria transferido todos os sonhos para a filha.
Bette foi muito influenciada por essas três mulheres, que de alguma forma, moldaram sua personalidade. Já no início da carreira, ela sustentava a mãe e a irmã, e por vezes, se enrolava financeiramente com o estúdio para bancar a vida boa (viagens e mansões) da família. O autor do livro tem uma língua bem feroz, e fala bastante sobre o primeiro casamento da atriz com Harmon Nelson, um homem fraco e rabugento (que não apoiou a Bette em sua primeira gravidez, o que a levou a abortar). Segundo o livro, ele ainda teria pegado Bette “no flagra” com outro homem e a chantageou para não contar tudo para a mídia. Em relação a carreira da Bette, é quase impossível não admirá-la por sua força, talento e coragem. Bette tinha tanto amor pelo teatro que mergulhava em seus trabalhos e chegava a ficar doente, suas interpretações eram enérgicas e ela não tinha medo de encarar personagens que fugiam ao estereótipo. Quando foi para Hollywood, foi boicotada por grandes produtores que a achavam uma ótima atriz, porém não “bela o suficiente”. Ela também encarou uma batalha judicial com Jack Warner, que a obrigou a fazer filmes sem interrupções e, muitas vezes, com histórias de baixa qualidade.
Bom, por enquanto é isso… ainda estou na metade do livro e depois volto para contar sobre o final da leitura. 😉