[Nota] Same time, next year

same21Outro dia estava navegando pela Netflix e acabei esbarrando nessa pequena pérola: uma comédia romântica bem levinha, mas com uma história que foge à curva. 

Same time, next year (ou “Tudo bem no ano que vem), é um longa de 1978, protagonizado por Alan Alda e Ellen Burstyn). A narrativa acompanha a vida de Doris e George, dois desconhecidos que se encontram por acaso, transam (e acabam descobrindo uma química enorme). Porém, os dois são casados, possuem filhos e uma suposta vida perfeita. Mas, a paixão entre eles é tão avassaladora, que concordam em se encontrar uma vez no ano, no mesmo local em que se conheceram pela primeira vez.

O filme tem aquele tom romântico clichê, mas ao mesmo tempo, é inusitado pela narrativa e pelo carisma dos personagens. Diferente daquele tipo de casal “água com açucar”, os dois possuem um desencanto (bem engraçado, diga-se de passagem) emsametime1 relação ao amor e, ao mesmo tempo, estão unidos por um sentimento bem fofo de companheirismo.

Eu tenho que confessar que tenho uma queda enorme por filmes assim, muito fincados no diálogo e com um tom teatral bem forte. Nesse tipo de produção, você só tem conhecimento de certos acontecimentos  por causa da fala dos personagens, pois a maioria dos fatos não é mostrada em tela.

E é exatamente o que acontece aqui, a gente só tem noção do avanço do tempo e da mudança dos personagens, pelo que eles vão contanto (e, também, por causa do figurino). A Doris, por exemplo, vai mudando radicalmente e, em alguns momentos, de uma forma bem engraçada.

Enfim, ta aí uma ótima pedida para quem deseja se distrair e se divertir um pouco, com um filme bem levinho…

10 filmes para conhecer Patricia Clarkson

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Listas dão um trabalho da porra e é por isso que eu quase não as faço por aqui. Mas, fiz uma pesquisa pelo meu blog e vi que nunca escrevi nada consistente sobre a Patrícia Clarkson, que é uma atriz que eu adoro!

Outro dia quase tive um AVC quando entrei no meu Twitter e vi várias pessoas dizendo que só conheceram a Clarkson por causa de “Sharp Objects”, da HBO. É que ela é uma atriz de peso, com uns trabalhos incríveis e fiquei boba com a quantidade de gente que não a conhecia.

Bom… se você se encontra na situação que mencionei acima e se interessou pelo trabalho da Patrícia Clarkson, este é o post perfeito! Fiz uma lista com alguns filmes em que ela participa, que podem te ajudar bastante a conhecê-la um pouco mais. Veja só:

1 – Os intocáveis (1987)

“Vamos começar pelo começo”… tsc, tsc

Particularmente acho que a Patrícia possui filmes muito mais importantes e impactantes na carreira, mas me pareceu interessante mencionar este aqui como o número 1, pois foi o seu “primeiro passo” no mundo profissional da atuação, depois que ela se formou na famosa universidade Yale School of Drama.

**Ela, inclusive, fala bastante sobre isso em várias entrevistas. Pois conta que foi um choque quando recebeu o convite para participar da trama de um diretor tão conhecido.

O filme foi dirigido por Brian de Palma e possui a participação de atores de peso, como Kevin Costner e Andy Garcia. A história se passa em Chicago, nos anos 30, quando a Lei Seca ainda vigora e Al Capone e seus parceiros comandam o tráfico de bebidas na região. Para detê-lo, o agente Eliot Ness organiza uma ação policial com membros que considera incorruptíveis e o grupo acaba ganhando o nome de Os Intocáveis.

2 – Do jeito que ela é (2003)

Eu conheci a Patrícia Clarkson com esse filme e depois disso, nunca mais parei de seguí-la. Filmão! Sério  mesmo. Inclusive, ela recebeu uma indicação ao Oscar por este trabalho.

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Na trama, ela interpreta Joy, a mãe problemática de April (Katie Holmes), uma jovem que decidiu sair de casa por não se encaixar às regras. Joy, está extremamente fragilizada pelo tratamento de um câncer e bem desencantada com a vida.

A família, então, decide se reunir no Dia de Ação de Graças e April convida todos para passarem a data em seu apartamento.  Naturalmente, April imagina que eles não irão aceitar o convite… Mas, a mãe diz sim. E toda a família parte em uma viagem para visitar April. No caminho, redescobrem o sentido do perdão e da aceitação.

3 – Carrie, a estranha (2002)

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Sim! A Patrícia Clarkson já viveu a mãe da Carrie, a estranha nos cinemas. (E, vou confessar que essa é uma das minhas versões preferidas, depois da original). A história é bem conhecida, né? E, talvez não seja preciso dizer muito. Mas, o que eu acho mais legal dessa versão é que a atriz que interpreta a Carrie (Angela Bettis) é sensacional, e dá todo um tom de estranheza ao personagem de uma forma bem realística, digamos…

A trama conta a história de Carrie White, uma adolescente introvertida que sofre perseguições na escola e é reprimida pela mãe (uma religiosa extremista). Durante o colegial, Carrie passa por inúmeras situações constrangedoras e sofre  com o deboche dos colegas que não compreendem seu comportamento. Não bastasse a desconfortante situação, Carrie descobre que possui poderes telecinéticos.

4 – Dogville (2003)

Dogville

Esse filme é sensacional e espero, um dia, fazer uma publicação só pra ele.  Posso estar enganada, mas acho que Dogville, dirigido por Lars Von Trier, é um clássico contemporâneo que usa e abusa do experimentalismo. 

Protagonizado por Nicole Kidman e divido em dez partes, “Dogville” conta a história de Grace, uma mulher desconhecida que chega a uma pequena cidade e pede por abrigo. Grace, que foge de gângsters, aceita trabalhar para os moradores por duas semanas, até que eles decidam se ela pode ficar definitivamente ou não. O tempo vai passando e Grace, ao invés de ser bem tratada, passa a ser explorada pelos moradores. O que eles não sabem é que ela guarda um segredo que pode colocar todos em risco.

Na trama, Patrícia interpreta Vera, uma mulher com dois filhos… totalmente descompensada, com baixa-autoestima e imersa naquela comunidade cruel e conservadora.

5 – Longe do Paraíso (2003)

Longe do Paraíso

Outro dia estava pensando nesse filme, no quanto eu gosto dele e no quanto ele é lindo. Não bastasse ter uma bela fotografia, atuações maravilhosas, “Longe do Paraíso” (dirigido por Todd Haynes) apresenta uma história emocionante e complexa.

A trama se passa em 1957. Cathy Whitaker (Julianne Moore) é uma dona de casa que aparentemente leva uma vida perfeita. No entanto, seu marido, Frank (Dennis Quaid) esconde sua homossexualidade. Um dia, Cathy vai visitá-lo em seu escritório e o vê beijando outro homem. Abalada, Cathy se permite a entrar em outro realcionamento e se apaixona por Raymond (Dennis Haysbert), um jardineiro negro.

Sua proximidade com um homem negro levanta suspeitas da comunidade conservadora e ortodoxa em que vive, especialmente representada pela imagem de Eleanor (intrepretada pela Patrícia,  vizinha de Cathy).

*Moore (que, aliás, estava grávida), levou o Oscar e o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz.

6 – A mentira (2010)

A mentira

O filme é uma releitura de “A Letra Escarlate” e, com  dinamicidade, conta a história de Olive Penderghast, uma menina que criou uma grande mentira e acabou perdendo o controle sobre ela. Olive, uma estudante do ensino médio, disse para a melhor amiga – Rhi (Alyson Michalka) que saiu com um rapaz durante o fim de semana, quando na verdade ficou em casa. Marianne (Amanda Bynes), a garota mais carola e caxias da escola, escuta a conversa e deduz que Olive não é mais virgem, espalhando a historia por todo o colégio.

O pequeno boato transforma-se em um gigante problema e coloca a reputação de Olive em jogo. Pouco tempo depois, seu amigo gay (que já não aguenta mais ser zuado pelos amigos) pede que Olive o ajude a perder a fama de afeminado. Olive topa ajudá-lo e finge transar com ele, fazendo com que todos pensem que ele é heterossexual. Outros garotos (também desajeitados) descobrem a farsa e pedem o mesmo favor a Olive, que assume a personalidade de “vadia” e aceita falar que dormiu com os garotos em troca de pequenos favores. 

Delícia de filme, muito diferente daquelas comédias adolescentes e bobas que a gente costuma assistir. É difícil imaginar outra atriz tão perfeita para o papel quanto Emma Stone, que dá um show de carisma. Patricia Clarkson e  Nick Penderghast estão hilários como os pais “moderninhos” da Olive.

7 – A Floresta (2006)

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Em “A Floresta”, Patrícia dá vida à uma vilã bem enigmática. O filme possui aquele toque de magia, fantasia e suspense, bem gostosinho de assistir (mas, sem muita grandiosidade).  Falburn é um colégio renomado só para meninas, localizado em uma floresta ( e, todas as noites, essa floresta ganha vida).

A trama conta a historia Heather, uma menina com a alma marcada que descobre um horrível segredo quando é enviada pra lá pela sua autoritária mãe e seu pai. Patrícia interpreta a diretora do colégio…

8 – Assumindo a direção (2014)

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Confesso que não achei esse filme “grandes coisas”, mas tá na Netflix, é de fácil acesso e tem a Patrícia Clarkson como protagonista. Além disso, tem uma história bem levinha de superação e de autoestima. O filme acompanha a história de Wendy (Clarkson), uma escritora solitária, que acaba de ser deixada pelo marido e que não vê a filha com frequência, já que ela estuda em Vermont.

Em um acaso de destino, ela aconhece Darwan (Ben Kingsley) um taxista (que também atua como instrutor de trânsito). Os dois começam a nutrir uma amizade inusitada, e Darwan ajuda a Wendy enfrentar um dos seus maiores medos: a dificuldade de dirigir.

9 – October Gale (2014)

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October Gale é um suspense interessante… mas, que não impressiona muito.  O filme conta a história de Helen, uma médica com cerca de cinquenta anos que acaba de perder o marido.

De luto, ela decide passar uma temporada em sua casa no lago, mas é surpreendida com a chegada de um homem baleado. Misterioso e envolvente, Will acaba conquistando Helen e ela, sem perceber, se envolve em uma teia de assassinato. O filme tem seus pontos positivos, principalmente as paisagens e a trilha sonora (que é linda!) …

10 – A espera de um Milagre (2000)

Milagre

Pois é! A Patricia chegou a participar desse grandioso filme, que foi um estrondo quando lançado. Na trama, ela interpreta Melinda, a esposa doente do capitão Warden (interpretado por James Cromwell), lembram?

A produção, lançada em 1999, foi dirigida e roteirizada por Frank Darabont e baseada no livro de Stephen King.  Tom Hanks dá a vida à Paul, um agente penitenciário que atua no corredor da morte, durante a Grande Depressão. Ele acaba presenciando acontecimentos sobrenaturais e de cura, o que faz com que ele se envolva diretamente na vida de um dos prisioneiros.

[Menção Honrosa]: Six Feet Under (ou A sete palmos)

Six feet Under - HBO

Para quem não sabe, Patrícia chegou a participar de Six Feet Under (serie premiadíssima da HBO) interpretando Sarah, a irmã da Ruth Fisher (Frances Conroy). Ela tem uma energia completamente diferente da irmã, gosta de  Tai-chi, feng-shui, poesia, é super viajada e descolada. A série tem uma pegada muito interessante, que une drama e humor negro, num cenário bem inusitado: a casa da família Fisher funciona como uma funerária. Trata-se de uma série fantástica, que vale a pena ser assistida.

E aí, gostou das minhas dicas? Tem algum filme que assistiu com a Patrícia Clarkson que você assistiu e eu não citei? Então, deixa um comentário.

[Magia e Terror]: o Natal em “O estranho mundo de Jack”

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Quando penso em filmes natalinos, “O estranho mundo de Jack” (animação de 1993, dirigida por Henry Selick e com a forte contribuição de Tim Burton) é um dos primeiros que me vem à mente. E, assim como muitos da minha geração, lembro do encantamento (e do estranhamento) que me causava. Sempre que passava na TV, eu parava tudo o que estava fazendo para assistí-lo, independente de quantas vezes já o havia feito.

O filme, um clássico contemporâneo em stop-motion, apresenta os questionamentos existenciais de Jack, um esqueleto que vive na cidade do Halloween, mas que está cansado de fazer sempre as mesmas coisas.

Em busca um novo sentido para a vida, Jack acaba visitando a cidade do Natal e se encanta com tantas cores e magia, um cenário bem diferente do seu. Decidido a mostrar a novidade para seus amigos, Jack resolve, então, sequestrar o Papai Noel.

Li diversas resenhas sobre o filme, no intuito de entender um pouco mais sobre o seu poder sobre o imaginário das crianças/adultos e me chamou a atenção para um fato: praticamente todos os textos se encontram em um argumento: o de que o filme retrata as angústias e desilusões humanas, uma questão universal.

Só que de uma forma mágica e encantadora.

Em suma, Jack, uma espécie de anti-herói depressivo e sentimental, provoca uma empatia absurda nos espectadores ao apresentar um realidade alegórica sobre a complexa realidade do ser humano e o desafio de conhecer a sí mesmo e se encaixar na sociedade em que vive.

Independente da época do ano “ideal” para assistir o filme, é impossível não reconhecê-lo como uma obra marcante. E, se você ainda não o viu ( o que é um pouco difícil…) não perca a oportunidade!

Gratidão: sobre 2018

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Todo fim de ano gosto escrever um post, fazendo um “breve” levantamento das coisas que me ocorreram. Desde pequena tenho o hábito de escrever e, particularmente, é uma atividade que me faz muito bem.

2018 foi um ano muito estranho pra mim, que passou rapidamente, mas que deixou muitas marcas. Talvez, tenha sido o ano em que eu menos li livros e assisti filmes, algo que me era muito familiar. Entrei de cabeça num novo cenário profissional, que tem me ensinado muito e apresentado inúmeras possibilidades. O que e um ganho inestimável = conhecimento. Também conheci novas pessoas, fiz novos amigos e conversei com muita gente com uma vibe bem bacana.

Termino o ano muito grata por todos os pequenos privilégios diários que a vida oferece e, especialmente, a possibilidade de RECOMEÇO. Todo esse acolhimento e amor que recebo dos amigos/familiares mais próximos, são como um motor que me ajudam a viver em movimento constante.

Estou tranquila, me sentindo bem e segura do que eu quero. Estou me aproximando cada vez mais de pessoas e lugares que me fazem bem, que me deixam segura e que proporcionam felicidade. Nesse ano revi o meu valor como mulher e ser humano e consegui perceber o quanto essa juventude efêmera, é valiosa. Tenho planos de viajar, conhecer novos lugares e pessoas, estudar e ampliar horizontes. Cansei daquilo que me distrai das coisas boas…

Finalmente, cheguei no ápice de desapego, e num caminho sem volta. Quero cuidar de mim e levar comigo os que me respeitam, os que realmente me querem bem.

Não há nada melhor para o nosso coração e para a alma do que o tempo!

Thanks 2018! 

A forma da água: o amor e a comunicação não verbal

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Como muitas pessoas, não sou fã de filmes românticos, mas gosto bastante de filmes inteligentes. Assisti “A forma da água” no cinema, num momento em que estava bem sensível emocionalmente. Confesso que este não é um filme que assistiria de novo, ainda que tenha me causando um impacto pelo detalhamento técnico e cenas bem elaboradas.

Num brevíssimo resumo, o filme conta a história de Elisa (interpretada pela incrível Sally Hawkins), uma mulher muda, que trabalha como zeladora num laboratório experimental secreto do governo. Ela acaba se envolvendo/apaixonando por uma criatura fantástica, que encontra-se presa no laboratório e sofre diversas torturas.

A criatura é uma espécie de peixe, digamos… Elisa embarca, então, num projeto de resgatá-lo e devolvê-lo para o seu habitat.

A forma da água
Com 14 indicações ao Oscar, o filme foi dirigido por Guilherme del Toro e liderou o Oscar de 2018.

P.S. A primeira cena do filme é tão foda (eu não consegui achar outro termo), que é difícil não ficar de queixo caído com essa produção. Imagino o trabalhão que deve ter dado, colocar a atriz deitada no sofá, submergindo aos poucos e junto dela, todo o cenário.

[Enfim… ainda que o filme me cause certo estranhamento, existem dois pontos que me agradam muito na história e me fazem notá-lo com bastante admiração.]

  • A reinterpretação do amor romântico

O filme possui tantas alegorias, que provavelmente seria um bom tema para um artigo científico. Mas não é preciso ir muito longe para identificar o que mais me agrada na trama: a referência aos estranhos, que se reconhecem e que não se encaixam socialmente. A beleza do amor das duas figuras é que elas sabem das imperfeições um do outro e, mesmo assim, se aceitam e se amam. 

Elisa é uma mulher pouco atraente, de classe baixa e muda. A criatura… bom, não é preciso dizer muito. E mesmo diante das diferenças, estão juntos por um amor extremamente puro. As duas figuras são metáforas claras às pessoas que não estão dentro do padrão social, tão conhecido por aí. E, o mais importante: ainda que não sejam perfeitas, possuem um encantamento único: Elisa é extremamente inteligente e sensível e a criatura possui o poder de cura.

Há ainda a naturalização desse sentimento, a perspectiva de que o amor, quando realmente correspondido, não precisa ser sofrido. Existe uma confiança entre eles que resiste à inúmeras barreiras: aos militares, às condições físicas, etc…

  • A comunicação não verbal

A comunicação não verbal é talvez um dos pontos altos do filme, que quebra a narrativa fílmica convencional. Mas, além da questão técnica, existe a subjetiva. Nós estamos tão acostumados a viver em um bolha repleta de informações rápidas e cada vez mais sem profundidade, que acabamos nos esquecendo do básico.

O filme fala bastante sobre solidão, que acomete a contemporaneidade sem nenhuma dó. Estamos cercados de redes sociais, de jornais digitalizados, de imagens. Mas, o quanto estamos realmente nos comunicando e nos conectando com as outras pessoas? Nesse sentido, a ausência da voz dos personagens é exatamente o clímax da sintonia que existe entre eles. Algo bem bonito e poético de se observar…

Bom, espero que tenha gostado desse texto rápido.

E, se não assistiu ao filme, não deixe de vê-lo.

[Leitura] Presos que menstruam

Prisioneiras

Saber a hora de parar determinada leitura é um atitude de ouro. Se a obra não lhe é agradável ou não acrescenta grandes coisas, é importante que você saiba canalizar a sua atenção. Bom, é assim que tenho feito esses dias (e, confesso, tem funcionado). “Presos que menstruam” é um livro com uma proposta muito interessante e com um título maravilhoso, diga-se de passagem.  

Comecei a leitura muito entusiasmada, mas fui me desinteressando pela narrativa aos poucos, por não me apresentar nada muito destoante do que Drauzio Varella fez em Prisioneiras (de uma forma brilhante). Não quero aqui, parecer arrogante. É apenas uma questão pessoal mesmo.

Afinal, o livro é muito bem escrito e faz com que a gente “caia em si”, entende? Mesclando uma narrativa jornalística com um tom romantizado, Nana Queiroz apresenta uma contextualização do universo subumano à que essas mulheres se submetem (ou são submetidas). Não só dentro da cadeia, mas fora dela também.

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Talvez o auge do livro, muito comentado em diversos sites e reportagens, é o fato de algumas dessas mulheres precisarem usar miolo de pão como absorvente (o.b), por não terem o material disponibilizado pelo sistema prisional.

É claro que essa é, praticamente, a ponta do iceberg e as situações degradantes são tantas, que é difícil citar uma a uma. Mas a questão da sexualidade e da maternidade são latentes e igualmente desconcertantes. É complicado imaginar, por exemplo, o contexto das mulheres grávidas na cadeia e a incerteza diante do futuro dos filhos.

Sem dúvidas, é uma boa pedida para quem deseja entender mais desse universo, sobre a vida dessas mulheres antes de serem presas, do motivo da prisão e as condições às que são submetidas na cadeia.