[Leitura] Presos que menstruam

Prisioneiras

Saber a hora de parar determinada leitura é um atitude de ouro. Se a obra não lhe é agradável ou não acrescenta grandes coisas, é importante que você saiba canalizar a sua atenção. Bom, é assim que tenho feito esses dias (e, confesso, tem funcionado). “Presos que menstruam” é um livro com uma proposta muito interessante e com um título maravilhoso, diga-se de passagem.  

Comecei a leitura muito entusiasmada, mas fui me desinteressando pela narrativa aos poucos, por não me apresentar nada muito destoante do que Drauzio Varella fez em Prisioneiras (de uma forma brilhante). Não quero aqui, parecer arrogante. É apenas uma questão pessoal mesmo.

Afinal, o livro é muito bem escrito e faz com que a gente “caia em si”, entende? Mesclando uma narrativa jornalística com um tom romantizado, Nana Queiroz apresenta uma contextualização do universo subumano à que essas mulheres se submetem (ou são submetidas). Não só dentro da cadeia, mas fora dela também.

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Talvez o auge do livro, muito comentado em diversos sites e reportagens, é o fato de algumas dessas mulheres precisarem usar miolo de pão como absorvente (o.b), por não terem o material disponibilizado pelo sistema prisional.

É claro que essa é, praticamente, a ponta do iceberg e as situações degradantes são tantas, que é difícil citar uma a uma. Mas a questão da sexualidade e da maternidade são latentes e igualmente desconcertantes. É complicado imaginar, por exemplo, o contexto das mulheres grávidas na cadeia e a incerteza diante do futuro dos filhos.

Sem dúvidas, é uma boa pedida para quem deseja entender mais desse universo, sobre a vida dessas mulheres antes de serem presas, do motivo da prisão e as condições às que são submetidas na cadeia.