Estava lendo uma lista que indicava as dez melhores performances de Anjélica Huston e me deparo com “Agnes Browne – o despertar de uma vida” na décima posição. O filme é de 1999 e foi dirigido pela própria Anjélica, o que é uma façanha e tanto. O problema, é que mesmo tendo um roteiro cuja história parece favorável para o desempenho dramático do personagem, há uma enorme quebra de expectativa. Resumindo: o filme não é tão bom assim e Anjélica não está em sua melhor forma.
A trama se passa em Dublin, 1967. Agnes possui sete filhos e o seu marido falece repentinamente. Sua ausência causa uma enorme crise financeira na família, o que faz com com que ela comece a trabalhar no mercado local vendendo frutas. Lá faz amizade com Marion (interpretada por Marion O’Dwye), uma mulher sincera e divertida que a ensina a olhar para a vida de um jeito diferente. Sem perceber, Agnes desperta a paixão de Pierre, um padeiro que trabalha no mesmo mercado.
O filme é uma gracinha, tem toda aquela coisa dramática/romântica que culmina em superação. O problema é que por tratar tão superficialmente dos assuntos que se propõe, soa um pouco “forçado demais”. Anjélica, com aquele enorme sorriso e uma pose extremamente elegante, não convence como uma mulher a beira do abismo financeiro, desesperada por uma solução. Não importa quão simples as roupas que vista, o lenço na cabeça ou a pouca maquiagem… na minha percepção, ela não conseguiu captar a aura do personagem.
Tudo acontece muito “rápido”, a relação de Agnes com os filhos é pouco explorada e a amizade dela com Marion incomoda para caramba, a verdade é que Agnes soa um pouco egoísta demais, quase exploradora. Enfim, todos os elementos te induzem a ter uma identificação com a personagem principal (seja por compaixão ou admiração), mas sinceramente… Agnes é uma heroína clichê e artificial.
Talvez o que dê mais fôlego à trama seja o sonho da personagem de assistir um show do Tom Jones, o que rende algumas cenas engraçadinhas…