American Horror Story: Freak Show!

Uma rápida releitura sobre o primeiro capítulo

A estreia de Freak Show retomou as minhas esperanças em relação à série, que na sua última temporada, me decepcionou um pouco…

rs_560x415-140908060653-1024.Jessica-Lange-American-Horror-Story-Freak-Show-JR-90814_copyO capítulo (‘Monsters Among Us’) valeu a longa espera e tenho certeza que Freak Show, se feita com a sapiência da segunda (Asylum), será uma das melhores.

Jessica Lange, em sua possível despedida, trouxe à tela uma odiosa (e ao mesmo tempo adorável) Elsa Mars, que faz de tudo para manter o seu show de horrores funcionando. O primeiro capítulo traz a dona do circo em plena decadência e em busca de freaks – é assim que ela acaba se deparando com as irmãs siamesas Bette e Dot.

Sarah Paulson, com toda sua dimensão dramática (já comprovada através da adorada e sofredora Lana Winters) encara o desafio de interpretar dois personagens tão diferentes e ao mesmo tempo, ‘inseparáveis’. Muitos caem na besteira de classificá-las como a irmã boa e a irmã ruim. Já no primeiro episódio constatamos que diferenciações maniqueístas não se encaixam bem em AHS.

tumblr_nd7nscGecv1tnko2io2_500Sou uma admiradora do Ryan Murphy, ele não tem medo de fazer um trabalho conceitual e experimentalista. Prova disso é a cena em que Elsa consegue adentrar o hospital e encontrar as gêmeas. Murphy utiliza uma técnica fincada no videoclipe e, através da divisão de janelas, permite que o espectador ‘veja’ com os olhos das irmãs, cada uma focando uma parte diferente da mesma cena.

Finalmente Evan Peters ganhou um papel de destaque, muito diferente do pífio personagem que lhe foi entregue na terceira temporada. Peters é ‘Jimmy’, o garoto lagosta e, mais uma vez, é um sucesso entre as mulheres. Seus dedos são uma ‘arma’ extremamente potente. Em Freak Show, Jimmy é filho de Ethel, a mulher barbada –  Kathy Bates, indiscutível.

Frances Conroy também merece menção. Na trama ela interpreta Glória e, mais uma vez, é inimiga da Jessica Lange. Em Freak Show, Conroy continua caricata, aqui dando alma a uma mulher rica que mima o filho em excesso… Com certeza os dois personagens prometem boas histórias.

tumblr_ndav5tiqAK1rg9n20o1_500Com diversas referências à Asylum, voltamos a ver a Pepper, agora com um companheiro – que ainda não descobrimos quem é (impossível não relacioná-los ao filme de 1932, de Tod Browning). Também temos novos atores/personagens como: Jyoti Amge (Petit) a menor mulher do mundo. Ryan ainda nos deleitou com pequenos documentários que contam a história de vida de alguns dos ‘freaks’.

Alguns atores ainda não apareceram e ao que tudo indica, estarão presentes no próximo episódio. Entre eles está a Desiree ( Angela Bassett), uma mulher que possui três seios. A outra é a Maggie Esmeralda (Emma Roberts) que irá adentrar o Circo de Horrores para investigar os Freaks.

Por último e não menos importante temos o Palhaço (o Twisted Clown), uma figura grotesca que deixará muitas pessoas sem dormir. Ainda há muito mistério que ronda o personagem, mas uma coisa está clara: ele é cruel e adora distribuir facadas por aí…

tumblr_nd0dzehuBO1s4jr0no1_500Freak Show é denso e tem uma pegada sexual  muito forte – me arrisco a dizer que até mais escancarada do que as primeiras. A perversão ultrapassa os diálogos e logo no primeiro episódio nos deparamos com uma chocante orgia sexual, envolvendo algumas estrelas do circo: inclusive a Pepper! Também há mais violência e um humor negro delicioso.

Há ainda o que se falar sobre a cena musical, onde Jessica Lange canta ‘Life of Mars’ (de David Bowie), mas gostaria de fazer uma publicação especial dedicada ao assunto… Desculpem-me pelo texto tão meia-boca, mas estou na correria- ao mesmo tempo, não poderia deixar de escrever sobre AHS, a minha série preferida.

 

American Horror Story Coven – e seus deslizes

Na ultima quarta-feira passada o último episódio de American Horror Story Coven foi ao ar. Assisti ao vivo, por stream, ao lado de vários fãs brasileiros da série que participam de um grupo no Facebook. Enquanto víamos, discutíamos alguns aspectos da trama e ficávamos divididos em torcidas, tentando adivinhar quem seria a próxima Suprema. Tirando os momentos gostosos, em que é delicioso conversar com um total desconhecido que divide os mesmos gostos e os mesmos ídolos que os seus, o último episódio me decepcionou bastante. Aliás, a temporada me decepcionou muito.

ImagemNão que eu queira tirar o mérito da série, que atualmente é a minha preferida. Já falei aqui no La Amora diversas vezes que sou fã do Ryan Murphy e admiro a coragem que ele tem de trazer temas tão complexos e audaciosos à tela. Também gosto muito do elenco, ainda mais o da terceira temporada, que foi reforçado com grandes nomes do cinema americano (como Angela Bassett, Kathy Bates, Patti Lupone e Gabourey Sidibie). Apesar de ser uma grande fã de AHS, há de convir que alguns erros e exageros foram cometidos ao longo da temporada e que esses pequenos deslizes comprometeram a qualidade da história.

 Muitos personagens, plots em aberto

Coven começou super bem, com um primeiro episódio de dar nervos e deixar os pelinhos do braço arrepiados. Ao longo do tempo, a trama foi esfriando e parece que a narrativa não deu conta de tantos plots secundários. Uma das coisas mais incômodas foi o desperdício das participações especiais: a começar por Patti Lupone que em Coven, encarnou Joan Ramsey (a vizinha religiosa das bruxas). Em entrevistas, Murphy disse exaustivamente que Joan guardava um segredo obscuro que iria surpreender o público. Em certo momento eu cheguei a pensar que ela seria uma bruxa, até descobrir que Joan, na verdade, tinha uma mania obsessiva por limpeza (tão obsessiva que chegava ao ponto de obrigar o filho a se limpar internamente através do ânus).

Outro personagem completamente esquecido foi o Minotauro. Em princípio, Marie não conseguia se desvencilhar da ideia de ter o amante assassinado e chegou a travar uma batalha por causa dele, jurando se vingar de Fiona e de Delphine. Aos poucos a história do Minotauro foi sumindo e nem sequer comentou-se o fato do Minotauro ter transado com a Queenie.

O mesmo aconteceu com Spalding, o mordomo da escola, que aos poucos foi esquecido… até se tornar desnecessário. Ninguém sentiu falta de Spalding, ninguém foi atrás da Zoe para tirar satisfações por tê-lo assassinado. Se Spalding estava morto, como conseguiu roubar o bebê? Aliás, o que foi feito do bebê? Ninguém se espantou com o fato dele guardar inúmeras bonecas assustadoras em seu quarto? Spalding se tornou um personagem “tapa buracos” e só aparecia quando era conveniente para a trama.

A imortalidade de Delphine não foi explicada. Descobrimos que Marie se manteve viva por causa de um acordo feito com o Papa Legba (coisa que Fiona não conseguiu por não ter alma). Mas e Delphine? Ela também vendeu a alma para o diabo?

Alexandra Breckenridge (que interpretou a Moira jovem na primeira temporada) ficou na promessa,  também desperdiçada, com uma aparição pequena e sem importância. Em falar em aparições sem importância… os Zumbis foram mesmo necessários? (ou puro fogo de palha?)

P.S: Kyle assassinou Madson, mas… POR QUÊ DIABOS ELA NÃO SE DEFENDEU COM SEUS PODERES?

Morte e Ressurreição, uma verdadeira dança das cadeiras

burn-witch-burnSem dúvidas, o aspecto mais irritante em Coven foi o excesso de mortes e ressurreições.  Murphy disse que uma das coisas que mais lhe agradava na terceira temporada era poder matar os personagens com a certeza de trazê-los de volta. No início as mortes causavam o efeito desejado: ficávamos assustados e tristes, achávamos que os personagens tinham morrido mesmo. Aos poucos, essa sensação perdeu o sentido e ficou cansativa – praticamente todos eles foram trazidos de volta a vida (e morreram e ressuscitaram e morreram e ressuscitaram outras vezes mais).

Aliás, o fato da Myrtle pedir para morrer queimada no último episódio me deixou muitíssimo incomodada, não bastasse isso, todo seu sofrimento foi assistido por Cordélia (que afirmou diversas vezes que a considerava como mãe). Pouco plausível.

O Confronto entre Fiona e Marie Laveau não aconteceu

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Outra coisa brochante em Coven foi o fato das bruxas, apesar de dotadas de poder, não os demonstrarem em totalidade. Esse aspecto – que até mudou um pouco no último capítulo – causou uma quebra de expectativas e deixou a trama visualmente mais pobre. Vimos alguns personagens voando, vimos sangue, vimos sessões de voodoo… não mais do que isso, o que é uma pena. O fato da inimizade entre Fiona e Marie perdurar por tanto tempo (e dessa relação ficar mais tensa a cada episódio) poderia ser melhor explorando em um embate entre as duas, o que nunca aconteceu. Ryan Murphy perdeu a oportunidade.

De acordo com a trama, o acordo de paz entre as bruxas praticantes de Voodoo e as bruxas do Coven foi desfeito no momento em que trouxeram Delphine de volta a vida. Pouco tempo depois, Fiona mandou a cabeça do Minotauro (amante de Marie) em uma caixa de papelão, acabando de vez com qualquer possibilidade de trégua.  Toda a tensão foi desfeita quando os caçadores (contratados por Marie) começaram a aniquilá-las sem qualquer critério. Marie ficou enfraquecida e foi pedir asilo na casa da maior inimiga.

Muitos fãs se dividiram em times, uns acreditavam que a Fiona era mais forte, outros que a Marie era mais forte. A questão não é essa (apesar de ser divertidíssima)… o fato é que o “possível” acerto de contas” entre as duas seria o climax da trama (e provavelmente mais interessante do que a revelação  da Suprema.).

Evan Peters, uma terrível releitura do monstro de Frankenstein

Assistir Evan Peters em Coven é uma tortura, não por causa do seu desempenho como ator, mas pelo espaço que deram pra ele na série. Ao criar Kyle, Murphy queria fazer uma releitura do clássico Frankenstein, por isso as partes do corpo separadas e posteriormente, construídas com restos mortais. O desafio de Peters era se expressar sem palavras, realizar um trabalho corporal  e ser convincente. O situação era trabalhosa, tão trabalhosa quanto a função desempenhada por Sarah Paulson, que realmente teve os olhos cegados.

American Horror Story Coven AHS Evan Peters Kyle S03E01Kyle era um personagem com muito potencial, poderia não só ser usado como a peça chave da inimizade entre Zoe e Madson, mas também mostrar ao mundo exterior, como prova física, o poder das bruxas. Ironicamente, Kyle só proferiu  sua primeira palavra (como “monstro”) no sétimo episódio, mas aí a trama já estava bem avançada. E quando eu digo palavra, é isso mesmo, ele mal construía frases ou dialogava com os moradores da casa, não fosse Fiona resolver seu problema, lá pelas tantas…

Kyle era um joguete nas mãos das bruxas, servia tanto para experimentos quanto para atender aos desejos sexuais da Madson e da Zoe. O mais frustrante é que reduziram Evan Peters a um mero coadjuvante, seu personagem, no fim das contas, veio para substituir o papel do Spalding e passou a ser o mordomo do colégio.

Fiona Goode, um personagem contraditório

Não há dúvidas quanto ao destaque creditado à Jessica Lange na série, Lange é um dos atrativos de AHS e recebe todas os holofotes possíveis. Gosto muito da atriz, quem lê o La Amora sabe disso, mas acho que Fiona foi um personagem  superestimado e bem inferior aos outros interpretados por ela nas temporadas anteriores.

Desde o início de American Horror Story, Ryan Murphy demonstra uma preocupação em trazer os “dois” lados do ser humano a tona. Seus personagens não são quadrados, pelo contrário, estão aí exposto a diversos dilemas existenciais, a fraquezas e a falhas de caráter. Em Fiona isso não ficou muito claro, o último capítulo não foi suficiente para humanizá-la. Apesar de várias tentavas, a química entre Fiona e Cordélia não foi convincente. Sabíamos que existia um rancor ( e um amor ) enorme ali, mas não conseguíamos senti-lo, algo não foi bem executado.

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Um dos aspectos que mais me incomodou no personagem foi o seu câncer. Assim como foi feito com o Spalding, a doença de Fiona era apenas artifício usado quando era conveniente a trama. Às vezes a Suprema aparecia enfraquecida, no hospital, sem cabelo e momentos depois, já estava linda e implacável. O fato da Fiona fazer mal a outras bruxas (ser uma assassina fria e cruel) e passar completamente despercebida também foi bem incomodo, ninguém se deu conta de que ela forjou as provas em relação a Myrtle e a mandou para a fogueira injustamente?

Enquanto a redenção da Sister Judy foi plausível, a da Fiona foi bastante questionável. Se Fiona não vendeu a alma para o Papa Legba, por quê o encontrou no inferno? Se ela amava o Axeman, passar a eternidade com ele não foi tão ruim assim. Se ela sabia que a Cordélia era a nove suprema (e via a própria morte no rosto da filha) por quê não revelou o segredo e por que tentou matar a Madson?

Afinal, Ryan Murphy… arregou?

Escolher “Bruxaria” como tema principal da terceira temporada foi uma jogada arriscada, quase como uma faca de dois gumes.  Bruxas, assim como vampiros é um assunto exaustivamente explorado por filmes e por programas de TV e, ainda que cada releitura apresente certa originalidade, a essência é sempre a mesma.

Murphy trouxe à tona um diferencial: explorou as práticas de voodoo como ninguém o fez antes, não de forma tão massificada ou palatável. Também soube trabalhar com a ausência retilínea do tempo, não escorregou nesse aspecto e até que construiu um roteiro plausível quanto os segredos sobre a imortalidade.

Coven tem o brilho que Asylum não tinha (inclusive esteticamente), foi uma temporada leve, jovem e bem humorada, talvez por isso tenha recebido tanta audiência (a maior de toda a série).  No entanto, mesmo explorando temas audaciosos – como sexo grupal, sadomasoquismo e misticismo – AHS regrediu ao não confrontar esses temas com coragem. Não com a coragem que existia em Asylum. A série deu um passo atrás e há uma justificativa para isso.

CovenEm entrevista Jessica Lange (que, de certa forma, atua como co-autora da série – já que participa das reuniões de criação, sabe e interfere no destino dos personagens), disse que os roteiristas mergulhavam em um poço fundo e escuro demais quando criaram Asylum.  Posteriormente, Murphy afirmou que a academia era composta por pessoas “mais velhas” que não entendiam nem aceitavam certas situações. De fato, apesar de receber inúmeras indicações, AHS voltava pra casa de mãos vazias.

Trazer humor e romance para a série é uma estratégia, histórias mais simples  e “bonitinhas” – ainda que com temas complexos – VENDEM MAIS. Tanto que a quarta temporada terá exatamente a mesma fórmula.  Ainda que Murphy mostre-se como um escritor audacioso e desafiador, ele (e os criadores da série, é claro) possui um compromisso com o canal: quanto maior o publico, melhor e se as histórias forem mais fáceis de entender, melhor ainda.

28 de Junho de 1949

Sei que essas palavras podem ser usadas para me incriminar, apesar disso preciso escrever um pouco para aliviar a culpa que cresce e sufoca o meu coração. Uma desgraça se abateu sobre a minha vida, uma nuvem nebulosa invadiu os meus dias: estou desesperada e com muito medo! Depois do último show que fiz, saí com um cliente e ficamos bebendo por horas. Ele acabou dormindo, eu pequei o meu dinheiro e fui embora. Oh Deus! Não sei como descrever o que aconteceu depois.

Saí de carro em direção a minha casa, eu estava alcoolizada e não percebi que uma garotinha, uma pobre e pequena garota passeava em sua bicicleta. Tudo aconteceu tão rápido! As únicas coisas que consegui reparar foi que ela vestia um casaco azul e usava óculos grossos. Senti os efeitos da batida sobre o meu corpo, o vidro do carro estava quebrado, vi a menina estendida no chão – ela pedia por socorro. Fiquei aterrorizada, acelerei com o meu carro e a deixei lá. Eu sou um monstro!

Não consegui dormir direito, bebi mais e mais até ficar inconsciente. Hoje de manhã, Terry bateu em minha porta e disse que colocara outra pessoa para cantar no meu lugar. Adivinha quem? Isso mesmo, a prima gorda dele. Eu sabia que algo estava errado. Ele não desconfiou de nada,  não sabe (e nem pode saber do atropelamento). Tentei seduzi-lo, me humilhei, implorei para que me deixassem cantar. Ele me empurrou, disse que ‘eu estava cheirando a vômito’. Aquele infeliz! Terry já bateu em mim uma vez, eu estava no palco e o vi beijando outra mulher. Fiquei com raiva, com um ciúme incontrolável.  Aproveitei a oportunidade e disse no microfone: ‘Estão vendo aquele canalha? Aquele mesmo de terno  marrom! Pois ele é um vagabundo, um homem que vive às custas da mulher!’. Ele fingiu não ouvir, pegou a puta com quem estava e saiu. Horas depois bateu em minha porta, me deu um soco que me deixou bamba. Caí perto do sofá e ele não parava de me bater, me deu pontapés perto da barriga, socou o meu rosto na parede. Alguns homens que estavam perto ouviram os gritos e o impediram, eu sangrei tanto que tive que ser levada ao hospital. Fizemos as pazes depois, ele percebeu que não conseguiria viver sem o meu dinheiro, apareceu no meu apartamento com rosas, pedindo desculpas – eu aceitei.

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Terry me deixou um pouco de dinheiro e um jornal – a notícia sobre o atropelamento se espalhou e agora eles procuram o assassino. Eu sou o assassino! Peguei todas as minhas coisas e saí sem rumo com o meu carro, estou parada em um acostamento A pequena está morta! Se eu pudesse eu teria dado a minha vida a ela, eu não tenho medo da morte, já fiquei cara-a-cara com ela e não me estremeci por isso. Eu não sei o que fazer, que Deus me ajude.

Ass. Judy

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26 de Junho de 1949

Não estou familiarizada com diários, mas confesso que hoje senti uma vontade enorme de escrever. Estou triste e me sentindo muito só, não tenho em quem confiar. Estou no fundo do poço, já não sou mais uma jovenzinha.  Meu nome é Jude Martin, ou Judy se preferir. Tenho 56 anos, não sou casada e não tenho filhos. Vivo há algum tempo nesse pequeno apartamento, nesse quarto abafado e escuro que quase não uso. As coisas pioraram desde que me mudei pra cá, antes eu trazia meus amigos, ficávamos até de madrugada fazendo festas, bebendo até cair – meus amigos foram sumindo aos poucos, se é que posso chamá-los de amigos.

DADASPasso a maior parte do dia dormindo, gosto da noite: vivo dela. Trabalho como cantora em um inferninho, conheci alguns homens interessantes lá (me apaixonei por alguns, me perdi por outros, estou viva por causa deles). Soldados, advogados, professores, todo o tipo de homem passa naquele lugar. É assombroso a forma que se portam: comem, bebem, transam e no outro dia se dizem homens de família, vão pra casa para impor ordem. Tenho pena das mulheres e dos filhos deles, da vida medíocre que provavelmente levam.

As coisas não estão bem, a verdade é que nunca estiveram. Vou fazer uma confissão: não consigo parar de beber. Bebo quando me sinto triste, para afogar as mágoas. Bebo quando estou alegre, para comemorar. Estou endividada, o dinheiro dos shows (e dos programas) não rendem para nada, sinto que querem roubar o meu lugar. A prima gorda do Terry sempre aparece nos ensaios, estão me pressionando, criticando a minha voz, falaram que estou desafinada.

Como odeio essas pessoas, esse lugar! A vida foi injusta comigo, eu merecia mais, muito mais!

Terry é um homem de cor, forte e viril. É ele quem comanda a banda, foi quem me convidou para ser a cantora e por algum tempo, deixei que fosse meu gigolô. Nossa relação não vai nada bem, ele se nega a se deitar comigo. Bill está estranho, sinto que algo está errado. Fiquei sabendo  de uma reunião da banda, uma reunião da qual não fui convidada a participar. Katherine (a garçonete) me contou que eles falavam baixinho pra ninguém ouvir. Gosto da Katherine, ela já trabalhava aqui quando eu cheguei, me ajudou a entender o funcionamento do lugar e me apresentou aos clientes.

Tenho que descer para o bar. Escolhi o meu melhor vestido (aquele vermelho), também arrumei as unhas e o cabelo, quero que tudo saia perfeito. Não quero que Bill tenha motivos de reclamação, preciso desse emprego. Será que ele vai sentir o cheiro da bebida? Se ele perceber que bebi estou perdida.

Ass. Jude Martin.

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O que esperar da terceira temporada de American Horror Story?

Pra quem é fã de American Horror Story (tanto quanto eu) e sabe que estamos desde o dia 3 de Janeiro sem nenhum episódio novo, há algumas novidades interessantes que nos esperam. A próxima temporada, que recebeu o título ‘Coven’ (algo próximo a Convenção) está sendo gravada a todo vapor em New Orleands e, ao que tudo parece, não vamos nos decepcionar. Como já se sabe, Ryan Murphy deu algumas dicas durante a segunda temporada sobre o que a próxima história abordaria. Muito se especulou sobre o tema e acertou quem apostou em bruxas! (Lembram-se da cena em que a Irmã Eunice/Possuída coloca uma música no toca discos, ‘I put a spell on you’, pois é, essa foi uma das dicas. A outra foi quando Judy, completamente enlouquecida por causa dos eletrochoques, disse ao Kit que pegaria seu chapéu e sairia voando dali. E a terceira apareceu quando Judy pegou uma vassoura e ficou rodopiando com ela).

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O elenco: Dessa vez, a terceira temporada de AHS conta com um elenco reforçadíssimo! Além dos rostos já conhecidos como Jessica Lange, Frances Conroy, Lily Rabe, Taissa Farmiga, Sarah Paulson e Evan Peters, outros atores de peso se uniram ao cast. Alexandra Breckenridge (a Moira jovem), Jamie Brewer (a Addie, na primeira temporada) e Denis O’Hare (Larry) estão de volta, além deles, Patti Lupone, Christine Ebersole, Kathy Bates, Angela Bassett, Emma Roberts, Sir Maejor e Gabourey Sidibe já estão confirmados.

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Sobre a história e os personagens, o que sabemos?

  • Jessica Lange interpretará uma bruxa chamada Fiona. Em uma entrevista, a própria atriz afirmou: “Alguns dos personagens serão figuras históricas, eu interpreto uma bruxa que vai e volta no tempo, por isso, estou em lugares e vivo histórias diferentes. Como só filmamos poucas cenas, ainda não sei ao certo como o personagem será. Outro fato importante é que nessa temporada, Lange interpretará a mãe de Sarah Paulson, que na trama recebeu o nome de Cordélia! Lange será uma das bruxas mais poderosas e terá uma escola onde treina principiantes, o perfil da personagem é tão ácido quanto o da Constance.
  • Bates interpreta Madame Lalurie, uma mulher da alta sociedade de Louisiana que é uma serial Killer e que tortura seus escravos. Curiosamente, o bisavô de Kathy Bates foi médico de Andrew Jackson, vizinho de Lalure. “Eu acredito que meu bisavô tenha passado por aquele lugar antes dela sair”.
  • Dessa vez, Frances Conroy terá uma participação na série, ela estará presente em dez episódios (dos treze) da temporada. Sua personagem também será uma bruxa e melhor: uma antiga rival de Fiona, personagem da Jessica Lange. Ela também será mãe da Taissa Farmiga que, ao que tudo parece, viverá novamente um par romântico com Evan Peters.
  • Bassett será Marie Laveau, uma mulher especialista em voodoo. “Enquanto estive em New Orleans fiz uma pesquisa e descobri que as pessoas tinham muito respeito por ela. Minha personagem foi uma mulher que nasceu em 1801, viveu até os 80 anos e que era muito influente na cidade.“
  • Patti Lupone não será uma bruxa como pensávamos, em entrevista, a atriz revelou que seu personagem será algo parecido com Piper Laurie em ‘Carrie, a Estranha’, uma mulher extremamente religiosa, é provável que ela apareça para ‘caçar as bruxas’.
  • Como a própria Jessica Lange afirmou em entrevista, a história se passará em vários períodos de tempo, mas a principal se centra em uma batalha entre dois tipos de bruxas (um deles, as bruxas de Salém). Ryan chegou a afirmar que quer algo mais luxuoso e que dessa vez, pretende pegar mais leve. A série trará um romance parecido com Romeu e Julieta e terá um perfil cômico.

Confiram algumas imagens do set de gravação:

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E pra terminar, confiram os  teasers promocionais que sairam!

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American Horror Story

Aproveitando o embalo das minhas pseudo-férias, acabei de ver ontem a primeira temporada e os dois primeiros episódios da segunda temporada de American Horror Story. Eu que não escondo que sempre fui medrosa, fiquei apaixonada pela série que na realidade tem um tom de suspense e de drama muito maior do que de terror.

O que me deixou encantada foi a qualidade do trabalho dos produtores e diretores, que exploraram os velhos clichês de filmes de terror sem parecer pedante. E naturalmente, há duas atrizes que me deixaram sem fala: Jessica Lange e Frances Conroy – dois pólos de personagens diferentes que ajudaram (e muito) a sustentar a trama.  De fato, foi mesmo a Jessica Lange que me chamou atenção para a série, porque já tinha um carinho antigo por ela: desde Cabo do Medo.

American Horror Story oferece todas as bizarrices que um espectador pode querer: homens queimados, loucos acorrentados, estupro, sexo, anticristo, exorcismo, assassinato e muito sangue. Além disso, há um tom politicamente incorreto que dão graça e fluidez aos diálogos: a maioria deles, fica por responsabilidade de Constance, personagem de Lange.

A primeira temporada é brilhante e não dá vontade de parar de assistir. A história complexa, mas muito interessante: A família Harmon decide mudar de casa depois que Vivian (Connie Britton) sofre um aborto e descobre que Ben (Dylan McDermott) tinha uma relação extraconjugal com uma aluna. Os dois têm uma filha adolescente problemática: Violet (Taissa Farmiga) que não consegue se estabelecer bem no colégio.  Então se mudam para Los Angeles – para uma casa onde  ocorrem acontecimentos bizarros.

(Moira, a governanta)

No desenrolar da trama aparecem pessoas muito estranhas, todas com uma ligação forte a casa.  Uma delas é Moira, ótima personagem! A governanta vem de “pacote” com a residência já que não pode deixá-la (foi assassinada ali mesmo, com um tiro no olho há anos atrás). Moira é realmente estranha, mas tem um coração bom.

 O que acho incrível mesmo é que ela morreu jovem, quando era linda e sedutora – ao longo do tempo a sua alma foi envelhecendo, ela foi se cansando daquele ambiente ao qual se encontra presa. Mas a grande sacada é o seguinte: Os homens a vêem com uma mulher gostosona, mas as mulheres enxergam a sua alma, logo a vêem como uma senhora cega. E essa discrepância fica muito clara na seqüência de cenas.

E tem também Tate, o psicopata que matou vários colegas na escola. Personagem bem popular – sempre que procuro algo sobre a série encontro gifs e imagens e fãs e todas aquelas coisas. Já Constance Langdon… Ah Constance! Sem papas na língua já falo: Jessica Lange mereceu o prêmio de Globo de Ouro 2012 para melhor atriz coadjuvante, sem dúvidas. Ela é cruel, é louca, é engraçada e está se fudendo pro mundo. O que ela quer é ficar perto da família, custe o que custar.

Como sou muito lerda, demorei para entender algumas coisas. No começo ficava na dúvida que estava morto ou quem estava vivo, porque a relação entre eles é muito forte – os vivos e os mortos se tocam, conversam e até transam.  Fiquei pensando também na cabeça da Jamie Brewer, atriz que interpreta a Adelaide, filha da Constance. Deve ter todo um preparo, um acompanhamento psicológico não é? A Constance vive dizendo que a menina é feia, que é um monstro e que dá trabalho há mais de anos… péssima.

Bom, o que eu tenho a dizer é: não percam, é bom demais. A segunda temporada é ainda melhor. Pelo que li, foi especialmente projetada para Jessica Lange (como um agradecimento dos diretores a atriz, que trouxe visibilidade para a série). Ela e o diretor conversaram muito sobre os personagens que ela sonhava em fazer e daí nasceu: a Irmã Jude (FODÁSTICA).

Na segunda temporada a série ganha o subtítulo de: Asylum.  Os episódios que chegaram ao Brasil ontem (30/10) pelo canal Fox brincam ainda mais com os clichês, mas tem um gostinho ainda melhor: perversões sexuais. O elenco é praticamente o mesmo, mas o cenário muda totalmente.

Conta a história da Instituição Mental Briarcliff, onde médicos e freiras tratam pacientes criminosos com problemas mentais.  O local é chefiado pela Irmã Jude, que tenta controlar a vida de cada um dos pacientes, mas é limitada pela presença do Dr. Arthut Arden (James Crowwell) que faz experiências secretas com os doentes e funcionários da instituição. Parece até que há uma tensão sexual entre os dois.

Jessica Lange dessa vez é a protagonista e vilã da história e justifica todas as suas horríveis e sádicas ações como sendo: “missões divinas”.  Mas debaixo do hábito da irmã, se esconde uma “prostituta pervertida”, que usa lingerie vermelha e coleciona porretes que usa para torturar os pacientes. A história do hospício atrai a atenção da jornalista Lana Banana Winters (Sarah Paulson), que ao confrontar a Irmã Jude, acaba sendo trancafiada – seu “desvio” de comportamento precisa ser tratado com eletrochoque (ela é lésbica).

– A série conta com a presença de Adam Levine, vocalista da banda Maroon 5, que além de ator atua também como produtor da série.

Confira a Promo da Segunda Temporada: