Gigola (a gigolô feminina) não é uma mulher de beleza exuberante, não é daquelas que escancaram as revistas, daquelas que aparecem nas telas ou passarelas. Ousaria dizer que nem bonita ela é… mas é irresistível, sensual, glamourosa, voraz. Gigola é um charme – e aprendeu a lidar com os prazeres sexuais com uma professora do colégio, época em que se entendia como ‘George’ e já era maliciosa.
Apaixonou-se perdidamente pela professora, envolveu-se até o último fio de cabelo. Decepcionou-se logo no primeiro amor, a professora morreu. Gigola, viúva, nunca mais foi a mesma e nunca mais encontrou alguém que substituísse a altura o amor perdido.
Jogou-se na rua, ovelha negra, largou a faculdade de medicina, chocou os pais católicos, tornou-se garota de programa. Fez sucesso, subiu rapidamente na carreira, tornou-se uma poderosa cafetã. Não ficava atrás de nenhum homem, sabia mandar, sabia negociar. Enriqueceu.
Comedora, pegava todas, até aquelas que estavam dispostas a pagar milhões, a presenteá-la com carros importados e lhe comprar joias caríssimas. Rica, independente, com mulheres aos seus pés, respeitada… o quê lhe faltava? Gigola sentia falta de um amor.
Tentou suicídio, sobreviveu. No hospital conhece uma mulher, a própria reencarnação da única pessoa que mexeu com seu coração. Ela era igual a professora, mas não… não era ela. Médica, heterossexual e casada. Gigola se apaixonou por uma mulher impossível.
Gigola é um filme gostoso, bonito. Daqueles que tem um clima de glamour, de ‘amor de cabaret’. Mas deixa a desejar em alguns pontos, peca pela tentativa caricata de reconstrução de época. Laura Charpentier, a diretora, bem que se esforçou – e seu esforço é evidente em cada cena, mas alguma coisa faltou… um ‘it’, um climax, um rumo.
Lou Doillon é um verdadeiro presente para os olhos, fria, segura, séxy. Encarna uma Gigola irresistível – mas, confusa. Afinal, o quê a Gigolô feminina quer da vida? E, nesse universo lésbico, nessa vida noturna, o que a faz querer não ser quem é?
E, convenhamos, Gigola tem sorte. Nas mãos, duas mulheres belíssimas: Odete e Alice. Como resistir a Ana Padrão e a Marisa Paredes? (Paredes, que aliás, participa de uma cena quentíssima!). Impossível também, não ter olhos para Rossy de Palma – que aparece pouco, mas aparece bem – marcante.