Tudo pode dar certo

Todo_incluidoFico decepcionada quando penso no fato de que filmes, com grande potencial como este, fiquem sem serem vistos por falta de divulgação ou por falta de identificação do público. Talvez, se fosse uma produção americana e com nomes famosos, “All Inclusive” (ou “Todo Incluido” e em português “Tudo por acontecer”) teria um alcance muito maior.

Não sei por que demorei tanto para escrever sobre essa produção… Foi com este filme que tive certeza da minha predileção por Jesus Ochoa e foi exatamente com ele que comecei a me interessar pelo cinema mexicano.  “All Inclusive”, na verdade, é um filme produzido pelo chileno Rodrigo Ortuzar Lynch, apresenta traços da cultura mexicana, mas ilustra uma situação que poderia se passar em qualquer outra família do mundo.

Na trama, Ochoa interpreta Gonzalo, um empresário bem sucedido que leva a família em viagem, com o intuito de revelar que padece de uma doença terminal e que só possui três meses de vida. Apesar de viajarem juntos, os membros estão sentimentalmente separados: Camila, a filha mais velha de Gonzalo, é uma mulher conservadora que está enfrentando uma crise por ter se divorciado. Maca, a filha do meio, é uma garota de vinte e poucos anos que se sente incompreendida pela família e Andrés, o caçula, é um adolescente cheio de dúvidas e hormônios à flor da pele.

all_inclusiveGonzalo e a mulher, Carmen, também apresentam um casamento desgastado e estão, cada vez mais distantes um do outro.  Com a notícia da chegada de um furacão, a família acaba presa no quarto de hotel e, impossibilitados de fugirem dos próprios problemas, se vêem diante da necessidade de enfrentá-los. Mas dessa vez, juntos.

Apesar da trama dramática, o filme é recheado de situações engraçadas, que deixa o desenvolvimento da história mais leve, mais agradável. Lynch acerta em três pontos fundamentais: no roteiro, na trilha sonora e na fotografia. Há quem diga que o filme está repleto de clichês… talvez esteja, mas em nenhum momento fiquei incomodada com a narrativa. Os dramas pessoais dos personagens são densos, provocadores e realísticos: desde Camila que apresenta um interesse sexual por uma funcionária do hotel a Carmen, que conhece um agente turístico e transa com ele, traindo o marido e se arrependendo logo depois.

Gonzalo, por outro lado, tenta viver os últimos momentos da vida em paz com o passado e em sintonia com a família.  Alias, Ochoa, ah! Ochoa!! Como esse homem é incrivelmente talentoso e consegue emocionar e fazer rir com tanta sinceridade e sem ser exagerado… Amo, amo!!