Baseado em um romance autobiográfico, “12 anos de escravidão” conta a história de Solomon Northup, um homem negro e livre que viveu em Nova York no século XIX. Em 1841, Norhtup (que era um violinista conhecido), recebeu um contive: viajar para Washington, tocar em um circo e ganhar quase o triplo do seu salário. Durante a viagem, o músico é sequestrado e vendido como escravo. Obrigado a trabalhar em uma plantação em Louisiana, Norhtup tenta fazer contato com sua família de todas as formas. Enquanto não consegue, presencia a barbárie e a violência sofrida por outros negros, que encontram-se em uma situação parecida com a sua.
Em “12 anos de escravidão”, Steve McQueen (também diretor em Shame) toca em um ponto dramático da história da humanidade, é difícil (quase impossível) não se sentir sensibilizado quando o assunto é escravidão. Famílias separadas, dor, humilhação psicológica e física, racismo e tortura: um misto de ações e sentimentos que fazem o estômago embrulhar. Já vimos muitas histórias sobre esse tema, mas ’12 anos, diferente de Django Livre, por exemplo, traz uma história sincera sobre o terror, sobre o lado mais obscuro do ser humano. E aliás, acho fundamental esse papel que o cinema cumpre, de nos lembrar – ou melhor, de nos fazer ter consciência – da nossa história.
O interessante é que as gravações (que duraram apenas 35 dias!) aconteceram na Louisiana, muitos sets foram lugares onde escravos reais viveram, é como se a aura (me refiro a Walter Benjamin), a essência daquele sofrimento, ainda estivesse ali.
Ainda que seja um dos grandes concorrentes ao Oscar (e eu acho até que será o vencedor), o filme de McQueen apela em algumas questões; principalmente pelos excesso de momentos de divagação. O que eu digo é que em várias cenas, Chiwetel Ejiofor (o Norhtup) é exposto em tela olhando vagamente, ao som de um coro triste. O que McQueen faz ali, é claro, é tentar nos emocionar… mas de alguma forma, ele perde a mão.
Tirando esse pequeno detalhe, o filme nos dá três grandes presentes: a fotografia(quente! que acentua a sensação de calor, de sufoco e suor), a trilha sonora (composta por ninguém mais, ninguém menos que Hans Zimmer) e Lupita Nyong’o (que também recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante). Em ’12 anos, Lupita interpreta Patsey, uma escrava cujo o dono é obcecado por ela. Lupita é incrível, impossível não notá-la em tê-la, aliás… a minha favorita.