Os desgraçados não choram

Hoje o dia acordou com aquele clima frio e se eu estivesse em casa, com certeza iria rever “The Damned dont cry”, ou “Os desgraçados não choram” – filme de 1950, com a Joan Crawford.

Dirigido por Vincent Sherman, o longa conta a história de Ethel Whitehead. Uma mulher trabalhadora que mora no lado mais pobre da cidade. Ethel vive em constante desacordos com o marido. O estopim do casamento acontece depois que perdem o filho em um acidente (muito trágico por sinal: o menino pede uma bicicleta e o pai diz que não tem como dar. Ethel trabalha por meses para comprá-la contra a vontade do marido. Um dia, o garoto usa a bicicleta e acaba sendo atropelado). Depois disso, Ethel decide sair de casa. Cansada daquela vida, de pobreza e humilhação coloca na cabeça a seguinte frase: “O mundo é dos homens, e só há uma maneira para que uma mulher sobreviva nele: ser tentadora como um bolinho e ao mesmo tempo, dura como um bife ruim”.

 

Assim ela vai trabalhar em uma casa de costura como modelo (e prostituta). Depois de um tempo, se envolve com o mafioso mais poderoso da cidade: Geroge, que lhe dá todo conforto que sempre sonhou. Passa a morar em uma mansão, frequentar jantares e clubes importantes. Muda inclusive o nome. Mas a história dá uma reviravolta. George mata o seu inimigo (interpretado por Steve Cochra) e a culpa recai sobre Ethel. Os jornais passam a explorar a história da alpinista social de passado humilde e ela fica sem saber para onde fugir

Pelo que li no site “50 anos de filmes”, há uma informação no IMDB de que a história é vagamente baseada na vida de Virgínia Hill: “ que foi amante do gângster Bugsy Siegel – o sujeito que criou Las Vagas, e teve sua vida retratada no filme Bugsy, de Barry Levinson, em 1991, com Warren Beatty no papel principal e Annette Benning no da amante.”

Gosto demais desse filme. Aliás, foi o primeiro que vi quando ganhei o Box da Joan Crawford há seis anos atrás. Foi um filme polêmico, com passagens fortes.  Há uma cena em que ela apanha do mafioso (não era comum tanta violência nas telas, muito menos ver uma mulher apanhando). Ele bate tanto nela, que o rosto fica repleto de marcas e então desmaia de dor. Todo o filme possui uma longa representação sobre o mundo luxuoso e degradante da máfia mas é também um crítica irônica ao ‘sonho Hollywoodiano que é alimentado pelo desejo de ter fama e poder.