Muito Suspense! Conheça: El Hotel de los Secretos

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El Hotel de los Secretos é uma série mexicana, produzida pela Televisa e lançada nos EUA em 2015. Inspirada no sucesso espanhol “Gran Hotel”, a série apresenta uma trama cheia de suspense, mistérios e assassinatos. O cenário é luxuoso, assim como os figurinos.Assisti os nove primeiros capítulos da série (ao todo, serão 80) e fiquei realmente surpresa com alguns detalhes. A série é uma aposta da emissora, foi muito bem produzida e não fica atrás em relação à espanhola (que por sinal, foi um sucesso de público e que ficou por três temporadas no ar). Só para constar, El Hotel de los Secretos é produzida por Roberto Gómez Fernandez, filho do Roberto Bolaños… o “Chaves”.

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A proposta da Televisa com este trabalho é revolucionar a antiga estética da telenovela, cujo diálogo não é tão rápido, a fotografia não é tão boa, os personagens são maniqueístas, e há um tom melodramático demais. O intuito não é acabar com as novelas, é claro (aliás, grande filão da emissora). É apenas apresentar outras opções ao espectador e andar em igualdade com as novas linguagens da tv mundial (especialmente americana).

A série começa com Júlio (Erick Elias) a caminho do Hotel e em busca de notícias de sua irmã, Cristina. Durante a viagem, ele conhece e se encanta por Isabel (Irene Azuela) sem saber que ela é filha da dona do hotel. Quando chega, Júlio descobre que sua irmã foi despedida há meses e começa a desconfiar de que ela tenha sido assassinada. A chegada de Júlio traz à tona uma série de segredos que envolvem praticamente todos os personagens, entre eles: Teresa (dona do Hotel, interpretada por Diana Bracho), Ângela (a governanta, interpretada por Daniela Romo), Diego (pretendente de Isabel, interpretado por Jorge Poza), Sofía (filha de Teresa, interpretada por Dominika Paleta).

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Como assisti algumas cenas da série espanhola, fiquei um pouco incomodada com a reprodução de muitos momentos, quero dizer… as primeiras cenas da série mexicana são praticamente iguais à espanhola, inclusive os diálogos. Só nos capítulos subsequentes é que senti uma inovação em relação à trama, seja no tom mais cômico ou no próprio perfil dos personagens.

Em suma, o que mais me interessa na série é ver Daniela Romo e Diana Bracho trabalhando juntas, são duas das minhas atrizes mexicanas favoritas. Diana interpreta a dona do hotel e está muito bem. Ângela é a sombria e exigente governanta…. Daniela realizou um enorme trabalho de imersão (não usa maquiagens, cortou as marcantes unhas grandes, fala baixo e pouco sorri). Ângela foi amante do marido de Teresa e teve um filho com ele, algo aconteceu para que fosse silenciada.

10 músicas da Daniela Romo

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Gente! A minha musa mor mexicana (do momento) faz aniversário esse mês, 56 anos. Acho que não preciso falar mais sobre o quanto gosto dela, você pode ler aqui, aqui e aqui. Já faz tempo que eu queria criar esse post, então aproveitei a oportunidade para comentar dez músicas, cantadas por ela, que são as minhas favoritas. Listas são muito injustas e vocês sabem, a gente acaba excluindo algumas que não queria…Mas, vamos lá:

P.S) Comecei a escrever esse post há mais de um mês e só terminei agora… por isso, pode acontecer uma pequena confusão. O aniversário da Daniela é no dia 27 de Agosto. 

1) Mi Credo

Sueños de Cabaret foi um disco gravado em 2008, tem todo aquele clima de elegância (sedução e romantismo) da década de 1930. Foi feito um ano depois da Daniela protagonizar uma grandiosa peça teatral, Victor ou Victoria. É de longe o meu favorito. Mi Credo é uma música tão gostosa e tem uma letra linda! Ah!: “Você é minha religião, meu pedaço de céu. Abraça-me forte, meu trevo de boa sorte”

2) Dueña de mi corazón

Essa música é o toque do meu celular, é também o som do meu despertador. Fico dividida entre a versão da década de 1985 e da de 2012. Adoro a batida, a mensagem e aquele refrão delicioso que carrega um: “ay ay ay ay”  que dá uma latinidad à música:

3) Yo no te pido la luna

A primeira das primeiras, foi com ela que descobri que Daniela, além de atriz, é também cantora. Uma baladinha bem gostosa e romântica, com aquele tipo de melodia que fica agarrada na cabeça da gente, que dá vontade de ouvir mil vezes sem parar. Meus amigos, minha mãe… todos eles decoraram essa letra, de tanto que cantei! Uma música que me traz boas lembranças, da época em que eu pegava o carro e colocava o som na maior altura, e saia cantando pela estrada afora. A minha versão preferida é a de 2012. É um dos grandes sucessos da Daniela, acho que não há um mexicano na terra que não a conheça. 

4) De mi enamorate

Outro grande sucesso da Daniela, uma música que ficou guardada na memória dos mexicanos porque foi tema de abertura de uma novela (aliás, protagonizada pela própria Daniela). Foi escrita por ninguém mais, ninguém menos que Juan Gabriel, “El divo de Juarez”… uma espécie de Roberto Carlos mexicano. Adoro os rompantes da música, é preciso ter fôlego para acompanhá-la…

5) Coco Loco

Acho essa música muito marcada, bem oitentista. No entanto, tem uma das melhores letras… fala sobre liberdade, sobre autenticidade. Acho, que no fundo, tem aí uma mensagem pró amor livre, o que me agrada mais ainda. É bem baladinha, gostosinha de ouvir também… 

6) Atarte a mi corazon

Essa música é simplesmente a MAIS GOSTOSA DE CANTAR!

7) Mentiras  

Essa música gruda na cabeça e não sai mais…

8) Celos

Adoro essa música, mesmo sendo bem bobinha (a letra). É o retrato de uma jovem Daniela, até meio imatura e absurdamente teatral. Também bem datada, oitentista pra caramba…. 

9) Que vengan los bomberos

A Daniela Romo sempre teve um senso de humor admirável, é difícil encontrar um vídeo em que ela não faz graça em frente as câmeras. “Que vengan los bomberos” me passa essa ideia, uma música cômica, divertida e gostosa para se ouvir, dançar ou cantar. O clipe é uma gracinha, Daniela se solta e é impossível não rir…

10) Algo del Alma

O cd “La Voz del Corazón” foi lançado recentemente e eu ainda não tive tempo de conhecê-lo muito bem. Existe uma música linda lá chamada La Libertad del Corazon que vale a pena ouvir, e ainda conta com a participação do Gianmarco.  Mas de todas, “Algo del Alma” me chamou atenção… provavelmente por transmitir uma energia positiva… Acho que a Daniela é uma artista muito mais madura agora e uma mulher modificada, o câncer a tornou mais espiritual e isso refletiu em suas músicas. 

Onde Fanny e Marisa se encontram

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Pausa para uma rápida observação…

Se eu contasse que estou para fazer essa publicação há mais de um ano vocês acreditam? Eu sempre quis falar sobre isso, mas um assunto vai substituindo outro e vou me esquecendo, ou me perdendo em meio ao caos de ideias. Eu acho que, se existem duas mulheres no cinema que possuem uma beleza ímpar, elas são a Fanny Ardant e a Marisa Paredes. Eu realmente não sei se o termo correto seria beleza, é como se as duas tivessem “aquilo” que as outras não tem.

Pra falar a verdade, se você for reparar bem, elas nem são tão “bonitas” assim (e não que isso importe), é que elas possuem um charme, uma postura, uma elegância… ou sei lá o quê, que as faz diferentes. Desde que as conheci faço essa relação e juro que essa impressão existe antes mesmo (muito antes!) de eu ter essa súbita paixão pela Fanny. Paixão aliás que tenho e mantenho pela Marisa. Confesso que eu colocaria a Daniela Romo nessa lista também, se não fosse por um detalhe que muda todo o cenário. 

Fanny e Marisa possuem pouca diferença de idade. Marisa tem 69 anos e a Fanny 66. Marisa é espanhola e Fanny francesa; As duas são magras, altas, possuem uma voz grave e costa grandes. Em resumo, possuem um pouco da essência que a Joan Crawford tinha. É aquele aspecto meio atlético, masculino e híbrido… um aspecto que nos confunde já que, ao mesmo tempo, nenhuma das duas abre mão de sua feminilidade. Se você reparar, a Daniela é exatamente assim, tem voz grossa, é alta, atlética… e possui unhas grandes e sempre pintadas de vermelho, os cabelos na cintura e usa os vestidos mais sensuais possíveis. Ou seja, você vê uma mulher, mas enxerga os traços masculinos.

Fanny, no entanto, parece que gosta (ou necessita) de alimentar aquela postura de “femme fatale”. Ela é mais imaculada, intocável. É serena, séria, fala baixo, faz charme quando conversa, anda sempre de óculos escuros e não abre mão de usar roupas de grife. Marisa parece mais simples, mais real. Possui aquela imagem matriarcal, forte, sentimental… ligada muito mais à arte do que aos holofotes.

Daniela é linda, mas perde para as duas em um quesito fundamental: a liberdade de ser, interpretar e criar. Fanny e Marisa, por um conjunto de aspectos (mas especialmente pelo cinema e pela cultura de seus países), são mais livres em seus personagens. Daniela recua quanto se fala sobre sexualidade, porque como todo mundo já sabe, há um enorme boato que ronda a sua vida. E mesmo se não fosse isso, é claramente uma artista conservadora e eu diria, menos corajosa. Admiro profundamente o seu trabalho em Victor Victoria, trabalho aliás… que ela disse que foi um dos melhores de sua vida. Mas infelizmente há poucos registros e por ser uma espetáculo grandioso (e caro), ficou centralizado em um público muito específico. Não é como um filme do Almodóvar ou do Truffaut que se encontra em todo o canto.

Azar da Daniela, sorte da Marisa e da Fanny

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Alborada

Alborada Há muito tempo deixei de acompanhar novelas. Talvez pela correria do dia-a-dia, ou por falta de paciência. Mas, nos últimos meses, por causa dessa euforia em relação à Daniela Romo, assisti pelo Youtube a novela mexicana Alborada, produzida em 2005 e dirigida por Carla Estrada.

Estou encantada com duas questões: pela grandiosidade da produção (seja o cenário, roupas, estudo de época) e pelo enredo – diferente dos melodramas que estamos tão acostumados, a trama é de uma qualidade inquestionável e de uma brutalidade também.

Lucero é a mocinha. Ela e Fernando Colunga são o casal principal, que passam por uma epopeia para ficarem juntos. Ela Maria Hipólita e ele, Luiz. Mas, diferente da expectativa, Luiz é um homem rude, cheio de defeitos e manias e Hipólita foi mãe solteira, que desistiu de um casamento porque o seu marido era “afeminado”. Estamos falando de uma trama que se passa antes da independência mexicana, por volta de 1800.

Entre cenas de inquisição e escravismo, vemos um México religiosamente fervoroso (e, como em muitos lugares do mundo), repleto de preconceitos (se é assim que posso dizer).  Outra coisa também incrível é a forma que o machismo é retratado, as mulheres não possuem voz, sofrem abusos de todos os tipos e de todos os lados.  E… esteticamente a novela também é incrível, seja pela cenário escuro e cheio de velas, pelas roupas impecáveis ou pelos detalhes. (As cenas de quando eles vão ao banheiro ou tomam banho são realmente sensacionais).


Así es y así será!

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Doña Juana Arellano, a personagem interpretada por Daniela Romo, é incrível. SÉRIO! Viúva, amarga e desleal, ela teve coragem de trocar o filho pelo sobrinho, para garantir que o filho tivesse um título melhor. O problema é que os dois crescem juntos e o tratamento que ela dá para o filho (que, todos pensam que é sobrinho) é bem diferenciado. Deu para entender? Não, né?! Mas ok, há outras coisas mais interessantes: a começar pelo fato de que Daniela estava tão imersa no personagem, que ela mesmo fazia a sua maquiagem, ela escolheu suas roupas e seus penteados. E, mesmo fora dos cenários ou em casa, pedia para ser chamada de Juana.

Outra coisa sensacional é que ela treinou durante meses uma postura para caracterizar Juana. A produtora pediu que ela passasse a olhar para as pessoas debaixo para cima, para acentuar uma imagem misteriosa.

Lucero DanielaRomoJuana morreu de cancrum (ou cancro). Ver a decadência da personagem, antes tão linda e  poderosa, é incrível. Ela não só perde o poder e o dinheiro, como também a saúde. Para isso, Daniela emagreceu dez quilos. [Pois é, essa é uma outra questão super interessante, a forma que retrataram as doenças típicas da época. Diego, o filho da Juana, morreu de sífilis… por exemplo].

Ah, e a Juana tinha empregada que a seguia para todos os lados e era a sua companheira (e cúmplice). Modesta era uma índia (e rolava muita descriminação contra os índios sabe?), mas estava com a Juana há muito tempo, e a Juana fazia com que todos a respeitassem. Ah sim… e eu já ia me esquecendo, a “bengala” que a Daniela usava era de ninguém mais, ninguém menos do que Porfirio Diaz!!

Enfim, a novela é super incrível, recomendo demais…

Daniela Romo (mais uma vez)

O Choro é livreNunca, na história do La Amora foi publicado um texto tão grande assim. Também nunca demorei tanto para escrever, fui juntando as informações e deu nisso, nesse pequeno monstro. Para quem gosta da Daniela Romo (alô, Cássia!) espero que tenham paciência para lê-lo… Para o restante, o choro é livre… O texto, aliás, era pra ficar maior… mas resolvi publicar agora e depois… que sabem, publico uma segunda parte…

Há algumas semanas uma das publicações mais visitadas do blog é o artigo sobre a Daniela Romo, provavelmente porque esta é uma das únicas páginas em português sobre ela. Agora, mais do que nunca, um número alto de pessoas tem procurado por seu nome… felizmente Sílvio Santo resolveu transmitir Sortilégio (novela que foi comprada pelo SBT pouco tempo depois de ter sido lançada no México, mas que foi engavetada quando chegou aqui).

Daniela Romo Como disse na primeira publicação, Romo é uma paixão antiga, revigorada nos últimos tempos desde que encontrei um site que a mencionava. Isso foi em abril e agora, depois de tanto escutar suas músicas, assistir suas novelas, entrevistas, ler artigos, noticias e acompanhá-la pelas redes sociais, sinto-me com mais propriedade para escrever. Separei alguns tópicos, temas, para falar sobre as impressões e percepções que tenho sobre ela. Também, é claro, para compartilhar algumas informações.

As músicas e o romantismo

Daniela Romo atua no mundo da música desde os onze anos de idade, época em que cantava em um coral e participava de pequenas peças teatrais. Seu sucesso veio na década de 80 (especificamente em 1983) quando lançou seu terceiro disco com quatro grandes singles que perpetuam por sua carreira: Mentiras, Celos, Pobre Secretária e La Ocasión para amarmos.

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Foi uma estrela pré-moldada para agradar o público jovem. A enviaram aos EUA para estudar música, preparar o “look” e criar um cd direcionado. Sozinha, ainda na América, compôs as faixas do álbum definindo a sua predileção pelo romantismo. Suas letras são da típica garota oitentista e apaixonada. Com o sucesso estrondoso do terceiro cd, realizou um trabalho frenético de produção, alavancando outros hits referenciais em sua carreira, entre eles: Yo no te pido la luna, Enamorada de Ti, Duena de mi Corazon, Quiero Amanecer com Alguién, De mi enamorate.

trayectoria-daniela-romo-300x350Em entrevistas, Daniela mencionou as viagens marcantes que realizou por conta da turnê, uma delas ao Japão, onde foi surpreendida com um grande público que sabia cantar suas músicas. Naturalmente, o sucesso lhe trouxe poder… e dinheiro, uma reportagem na revista Hola revela que Romo comprou sua “primeira mansão” ainda na década de 80.

Curiosamente existiu uma rivalidade entre ela e Yuri, outra cantora mexicana que tinha exatamente o seu estilo: jovem e romântica. Não se sabe se a rivalidade surgiu de uma estratégia midiática, do público ou das cantoras. Recentemente, Yuri (que agora vive e segue sua carreira no Chile) se manifestou sobre o assunto: “Não tenho nada contra Daniela Romo, ela é uma belíssima e excelente pessoa, uma grande atriz e que também tem uma carreira preciosa como cantora. O Chile a ama, mas as gravadoras a apoiaram mais que a mim”. Segundo Yuri, ela foi boicotada pelas gravadoras, que preferiam Daniela por ela ter uma “imagem mais mexicana”.

Já com uma carreira estabelecida, Daniela optou por manter a linha romântica, criando letras apaixonadas. São poucas as faixas que fogem do tema, como “Que vegan los bomberos” (outro de seus hits), “Coco Loco” e “Todo, Todo, Todo”. Ao longos dos anos ela mostrou sapiência em relação a carreira, mantendo-se no topo e fazendo grandes parcerias, uma delas com Juan Gabriel (outro cantor que eu adoro e que inclusive, já mencionei sobre no La Amora).

Outra questão perceptível, que se nota claramente quando se faz uma comparação da sua carreira na década de 1980 x 1990 x 2000 é que ela desenvolveu um lado mais “sedutor” em suas músicas e videoclipes, prova de um amadurecimento e de uma autoconfiança conquistadas com o tempo. Romo transgrediu de “menininha” para “mulherão” sem cair na breguice, no apelativo.

Suas produções possuem um valor cultural inestimável, não é atoa que tenha recebido (em 2012) um prêmio por parte do Grammy Latino, em homenagem à sua carreira. (Aliás, recebeu o prêmio ao lado de grandes cantores, entre eles, Milton Nascimento). Uma de suas preocupações é a de ter em cada um dos shows um toque ‘mexicano’, são diversas as apresentações que fez repleta de penas (em referência aos índios) ou com mariachis, ou mesmo relembrando grandes cantores como Pedro Infante…

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A predileção por perucas

Cinquenta anos usando o mesmo estilo de cabelo, longos e lisos. É a sua marca. Existe um artigo antigo aqui no La Amora onde me refiro à uma entrevista cedida por Daniela em que ela afirma que “jamais cortaria o cabelo” porque para ela o cabelo se tornou um templo e para os fãs, um fetiche.  Encontrei, há algumas semanas, outra entrevista em que ela falava sobre a sua predileção por perucas, dizendo que sua visão sobre a possibilidade de mudar o estilo surgiu em 2001, quando foi convidada à participar da novela Manancial.perucas

De certa forma Manancial foi um marco em sua carreira, foi a primeira vez em que interpretou uma vilã – e, pela primeira vez, uma mulher mais “velha”. Na época, com 42 anos, Daniela se perguntou se deveria ou não aceitar o convite porque, preocupada com a imagem, passaria a ser ligada à figura da mulher madura… ela revelou que chegou a se perguntar: “Estou tão velha para interpretar uma mãe?”.  Quem conhece (ou, pelo menos acompanha) o mundo midiático entende essa preocupação: uma vez “mãe”, o caminho de volta é mais difícil. São inúmeros e extensos o caso de atrizes que envelheceram (ou que foram envelhecidas pela TV) e que nunca mais reviveram grandes personagens.

No caso dela, deu certo: Margarida foi um papel fundamental para destacá-la nas tramas televisivas e permitir que conseguisse outros grandes personagens, tornando-se finalmente uma “Primera Actriz”. Sua parceria com Carla Estrada rendeu também outro bom fruto: a vilã Dona Joana, da novela Alborada (também comprada pelo SBT, mas nunca exibida).

Bom… estou mencionando essas novelas por um motivo simples: Daniela interferiu pessoalmente no look de cada um dos personagens subsequentes à Manancial, e muitos deles traziam um acréscimo: as perucas (ou penteados marcantes, como o caso de Alborada e Triunfo del Amor).  Para se ter uma ideia, nos primeiros capítulos de Sortilégio ela utilizou três perucas diferentes e em La Tempestad, quatro! Eu, que não gosto das perucas que ela usa (especialmente a de Sortilégio) fui entender, tardiamente (e só depois de ler um artigo) que as novelas mexicanas, diferente das brasileiras, atendem ao gosto do kitsch por parte da audiência.

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Os mexicanos amam essa estética, amam o exagero – não estão nem aí com os estereótipos, pelo contrário: é isso que querem ver na tela. Como diria a própria Daniela Romo: “As novelas foram feitas para sonhar”… o público sabe que está vendo uma história fantasosa, portanto, não se incomoda com as perucas (com os looks, com as falas pedantes das mocinhas, com as cenas de amor…) – e mais: sentem falta delas.

 Margarida e os espelhos…

elmanantial1Como disse anteriormente, foi a Daniela que definiu o estilo da personagem Margarida, de Manancial. Desde o cabelo aos sapatos = tudo passou pelo seu crivo pessoal.  Daniela optou por utilizar referências do cinema clássico mexicano, inspirando-se em musas da sétima arte como María Felix e Dolores del Rio. As tranças, extremamente tradicionais, foram uma das características mais marcantes do personagem – que aliás, será trazida novamente às telas através de um remake chamado: “Las sombras del pasado”.

Em entrevista, cedida pouco tempo depois da estreia da novela (ainda em 2002), Daniela explicou suas escolhas: ‘Nas novelas que se passam no campo percebo que os personagem se vestem com looks muito contemporâneos, mas eu queria usar um look inspirado em María Félix ou em Dolores del Río – grandes personalidades… Assim comentei com a Carla Estrada (a produtora) e ela gostou da ideia. Analisei várias mulheres que vivem em fazendas e me dei conta de que são muito finas, elegantes e sempre conservam um look muito tradicional’

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María Felix

Margarida (ou “La Márgara, como foi apelidada) era extremamente vaidosa, um dos seus acessórios mais famosos era um colar, feito à mando de Daniela  (a joia foi guardada anos a fio por ela, até que este ano, foi presenteada a Alejandra Barros que vai assumir seu papel no remake)… Nesse colar existia um espelho, Margarida sempre se observava nele, principalmente quando ia praticar suas maldades, existe metáfora mais sutil e inteligente à vaidade?

Sobre os espelhos, Daniela explicou: “Criei Margarida com a ajuda de Mónica Miguel, que é uma grande diretora. Ela me ajudou a fazer a busca por Margarida e nessa busca encontrei uma mulher vaidosa, que gosta de espelhos porque lhe dão segurança já que se sente abandonada e sozinha… Assim mandei fazer dois espelhos, um se chama Margara 1 e o outro Márgara 2 – um é de ouro e outro é de prata, são os que a Margarida leva no pescoço.”

 Ainda sobre a personagem, ela esclareceu: “Margarida é uma mulher que está cheia de ressentimentos, ódio e egoísmo. É uma mulher que não tem relações sexuais nem amorosas com seu marido, ela vive e revive sua vida através de recordações e está motivada a continuar com algo que é uma farsa, continuar com um casamento que existe só por conveniência. Além disso, não tem como canalizar a falta de amor e sexo porque se dedica ao cuidado do filho, é uma mãe super protetora. O pior é que ela crê que está correta e não pensa duas vezes em socorrer o filho, o problema é que ela não o escuta.”

Interessante Daniela tocar nesse assunto, porque Margarita (sem dúvidas, o meu personagem favorito) exigia uma coragem substancial por parte da atriz, que diversas vezes fazia cenas com menções à masturbação. Margarida, ainda que amargurada e vingativa, era uma mulher forte que não se curvava diante de homem nenhum, nem mesmo diante do marido – que era um. monstro e, o mais poderoso da cidade.

daniela romoO câncer – divisor de águas

Daniela é uma artista extremamente midiática e como disse, demonstra uma sabedoria imensa em suas escolhas. Outro dia brinquei com minha mãe dizendo que se Daniela Romo tivesse um filho, o parto seria transmitido. Ok, não é para tanto… mas o câncer mostrou como Daniela é querida pelo público e pela crítica e como ela tem um jogo de cintura, se equilibrando perfeitamente entre esses dois mundos.

“A vida não é uma questão de sorte, é uma questão de morte”.

Ela descobriu que estava com câncer no seio em meados de 2011, época em que se preparava para lançar seu último cd, “Para Soñar”. Depois de identificado, o tumor foi retirado rapidamente e duas semanas depois da operação, Daniela começou a fazer quimioterapia. Todos os trabalhos de finalização do álbum foram interrompidos, assim como outros de televisão que ela planejava realizar.

Mesmo com rumores sobre a sua doença, Daniela só foi confirmar a informação no dia 04 de novembro do mesmo ano – em uma coletiva. A atriz contou que manteve a doença em segredo para não preocupar a sua mãe: “Sempre relacionamos a palavra câncer com dor, sofrimento e morte. Não queria que minha mãe (na época com 87 anos) me relacionasse a essas palavras. Nosso papel se inverteu, agora sou eu que tenho que cuidar e protegê-la, coisa  que ela sempre fez comigo, quando amamos queremos proteger… queremos evitar qualquer sofrimento”.

Desde então tem participado de campanhas de conscientização e encabeçado grandes trabalhos publicitários – de âmbito nacional e internacional. O câncer, segundo Daniela, mudou radicalmente a sua maneira de ver a vida, para eladanii foi um segundo nascimento. Aliás, foi fundamental para que se questionasse sobre a sua imagem e se transformasse em um ser humano melhor.

Foram diversas e extensas as entrevistas e coletivas em que Daniela se manifestou sobre a doença, em uma delas, bastante emocionada, conta que durante o tratamento fez muitos amigos que também padeciam do câncer- e que viu muito deles morrerem.

“A vida é uma até onde sabemos. Logo pensamos, sonhamos e queremos crer que existem outras. Provavelmente sim, é eu acredito nisso e desejo isso. Mas no instante em que você está em uma só vida… isso é o único que você tem, por isso é preciso abraçá-la, honrá-la, amá-la, agradecê-la e vive-la de mil maneiras. O amor é tantas coisas, o amor é a vida. É a prova de que você alcançou a verdade. Nós sofremos, choramos… mas a vida é uma, e está cheia de todas essas coisas: de sofrimentos, de presenças e ausências, de vazios… Mas é maravilhosa, é o único que existe. E é um mistério insondável, mas vamos cada dia nadando e submergindo nela…”

“Os meses para mim eram uma eternidade e hoje são apenas um instante. E em um instante, de repente, você se dá conta de que tem que agradecer todos e cada um que tocam a sua vida.”

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La Romo!

“Quero me envolver nos teus braços, que não fique um espaço entre eu e você. Ser o sabor da sua boca e me preencher com todo seu aroma. Ser confidente e saber por dentro quem é você. Como uma tatuagem viva, impregnarme em seu ser, não cansar de você, na na na! Eu não te peço a lua, só te peço o momento!”

Soou brega? Pois é um dos maiores sucessos da Daniela Romo e a música que mais tenho escutado nos últimos cinco meses. Aliás, escutado no último volume do meu carro, quando vou e volto dirigindo pelas estradas de Nova Lima. Todos os caroneiros são obrigados a ouvi-la e, sem querer, acabei ensinando as músicas para os meus familiares e amigos. Romanticíssima, Romo escrevreu diversos sucessos nos ano 80, entre eles “Celos” (Ciúmes), “La Ocasión para amarmos” e “Mentiras”. Uma delas (Quiero amanecer com alguién) foi regravada pela cantora Simone e juntas, também escreveram uma outra música: Mi amor.

Daniela Romo
Eu não faço ideia de que programa é esse, mas eu ri demais com esse GIF!

Engraçado (e até gratificante) ouvir minhas amigas ou minha mãe, cantando as músicas dela pela casa. O quê isso significa? Que provavelmente tenho exagerado (um pouco). Ah sim, exagerei muito. Há cinco meses eu não corto o cabelo, com a ideia idiota de que ele fique tão lindo como o dela. Bom, se eu parar para pensar, uso o meu cabelo curto há mais de dez anos. E, aliás, tenho bolado planos mirabolantes para ir para o México e assistir um Show dela (nenhum dos planos vai para frente e, eu nunca consigo juntar dinheiro!!).

Tenho três queridas amigas, que são muito próximas. Acho sensacional o carinho delas comigo e o quanto elas estão atentas às coisas que eu goDaniela Romosto. Foi assim na época da Bette Davis, da Susan Sarandon e da Jessica Lange. Não poderia ser diferente com “La Romo”. Fiz com que todas curtissem a página da internet e volta e meia, conversamos sobre esse assunto no celular. No mês passado, inclusive, tínhamos combinado de fazer um vídeo para mandar para Daniela Romo e, rimos muito depois da publicação de que uma “playera” seria sorteada.

“Você! A impressão que me dá, é que logo vai se afastar do meu amor. Não, não adianta mentir, você tem medo de não encontrar liberdade. E não posso evitar, de sentir essa solidão, esperar suas carícias e uma voz que por dentro quer escapar. A ocasião para amarmos não é só uma noite que se pode esquecer, a ocasião para amarmos pode ser uma tumblr_llh480NNgV1qa8d6svida que nos faça sonhar

Engraçado, em espanhol fica mais bonito…

Depois de tantos meses, me deparei com a “tal” lista que tinha comentando na primeira publicação que fiz sobre ela. A lista apareceu hoje no meu Facebook e foi feita pela “Mirales” onde falam da possível homossexualidade da Daniela. Foi exatamente com ela que “me lembrei” da época em que saía correndo da escola para ver “Manancial”. (Falando nisso, parece que o SBT vai transmitir “Sortilégio” em outubro,  onde Daniela interpreta Vitória. A novela é sensacional, tirando a peruca que ela usa. Pouquíssimo tempo depois, ela descobriu o câncer.)

tumblr_llh4ui2wKX1qa8d6sNa lista, falam que Daniela possui uma relação antiga com sua produtora e que são muito conhecidas e queridas no meio artístico. Inclusive, fazendo uma pesquisa na internet, vi alguns comentários que dão conta de que a música “Yo no te pido la luna” foram feitas para a amada. No refrão, Romo canta: “No borrarme de ti, na na na”. Ah, sim, ela se chama Tina.

Awiwi! Este texto é um dos mais desconexos que eu já escrevi.

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 Screenshot_2014-07-18-11-15-45Screenshot_2014-07-28-15-55-09 (1)

sobre Maria Sorté…

Para finalizar o ciclo com as publicações sobre as minhas atrizes mexicanas favoritas (aliás, um ciclo meio involuntário, que começou sem eu perceber), vou falar sobre a incrivel María Sorté. Antes, só para situar, mencionei Daniela Romo, Jacqueline Andere, Helena Rojo e Diana Bracho. A primeira novela que assisti com Sorté foi “O Privilégio de Amar”, onde ela linda e ruivíssima, interpretava Vivian, uma mulher poderosa, que não só defendia Cristina (a mocinha) como também representava uma ameaça ao império construído pela Luciana Duval.maria-sorte-Outro dia eu estava vendo um vídeo no Youtube, onde ela (em um testemunho religioso) contava um pouco sobre sua vida e tragetória. O “Sorté” foi um apelido que recebeu quando estreou nos palcos. Um dia, logo na seu primeiro ensaio, Maria (que tem como sobrenome de batizo Harfuch Hidalgo) sentou-se em uma cadeira quebrada e caiu. Os companheiros disseram: “Isso é sinal de sorte”, e começaram a chamá-la assim, Maria Sorte – com o tempo, a mídia fez o seu trabalho, adicionando um acento no e e mudando a pronúncia.

Sorté nasceusorte004 em uma família pobre de Chihuahua e foi criada por mãe solteira. Logo depois de formar-se, começou a ministrar aulas em pequenas escolas municipais com o intuito de ajudar nas despesas. Seu pai faleceu quando ela tinha apenas 4 anos, era alcoólatra. Um de seus irmãos foi assassinado e o outro suicidou. Sua mãe faleceu quando ela estava iniciando a carreira e foi assim que ela passou a cuidar do irmão mais novo. No video, Maria contou que chegou a passar fome e por situações de miséria. Depois se mudou para a capital e, resolveu fazer um teste com uma amiga.

Conheceu uma companhia de teatro, onde começou a fazer pequenas participações em peças autorais e com poucos recursos. Logo foi convidada a fazer filmes e, posteriormente, novelas. Seu marido faleceu quando interpretava Vivian em O Privilégio de Amar, um de seus papéis mais reconhecidos. Ela conta que chegou a sepultar o marido e poucos dias depois, teve que voltar a trabalhar: “Não podemos esquecer as dores, porque todos sofremos perdas muito grandes, mas de alguma maneira temos que continuar nosso trabalho e o que fazemos na vida”

Colorina (1980) e El Malefício (1983) foram grandes sucessos, mas foi com “Mi segunda Madre (1989) que María Sorté estorou. Ficou tão, tão conhecida que chegou a protagonizar a novela seguinte “De frente al sol”. E, De frente al Sol foi tão popular que teve uma continuação “Mas allá del puente” (1992), onde ela revive a mesma personagem: Alicia Sandoval. Na novela, diversas cenas comprovam a popularidade do personagem. Nas tomadas externas, María Sorté era quase engolida pelo público, que enlouquecidamente, a gritava.

Ao longo dos anos, Sorté conquistou um publico fiel, participou de grandes novelas sorte007(como Amor Real e Entre el Amor y el ódio) e a nomeação de “primera actriz”. Bom, como não poderia ser diferente (parece moda lá no México) María Sorté também é cantora! Lembro que cheguei a baixar diversas músicas dela e que existe três que não saem da minha playlist: “Mas allá del puente”, “Esperame una noche” e “De frente al sol”. Isso mesmo, ela é a autora das músicas que tocavam na abertura das novelas. (A música “Sola” também é ótima!)

Pouco sei sobre sua vida pessoal. María Sorté foi casada durante vinte e dois anos com o politico Javier Garcia Paniagua, com quem teve dois filhos. Depois que ficou viúva, deu uma entrevista dizendo que não tem interesse em se relacionar com mais niguém: “Prefiero quedarme sin pareja. El señor García Paniagua fue el ‘amor de mi vida’, con muchos problemas, pero lo amé y ahora Dios ha llenado mi vida”.

Confessou que, no auge da carreira, sofreu uma grave crise de depressão que a afastou dos palcos e dos próprios filhos. Disse que na juventude tinha uma enorme gana por fama e dinheiro e que, mesmo com sucesso e reconhecimento, chegava em casa aos prantos. Sempre queria mais e nada era suficiente. Em certo momento de sua vida, começou a ter medo de tudo, não queria deixar que os filhos saíssem ou se afastar do marido. Em uma entrevista, onde ela recebe o programa Despierta América em sua mansão, Sorté conta que só conseguiu se recuperar depois que mudou de religião

Marcante por seus vestidos de cores fortes (ou brilhantes), por suas unhas enormes e pela preferência pelo vermelho, Sorté acabou criando um estilo próprio e, convenhamos, bem mexicano. Diferente da Diana Bracho e da Daniela Romo, ela é uma adepta e defensora das cirurgias plásticas e afirma que não tem objetivo de parar de mexer no seu rosto, não enquanto “precisar”.

María Sorté e Daniela Romo em "La Tempestad"
María Sorté e Daniela Romo em “La Tempestad”

Maria Sorté, assim como Helena Rojo é uma daquelas artistas que nunca sai do ar – que volta e meia está em uma produção nova. A última foi “La Tempestad” onde contracenava ao lado de ninguém mais, ninguém menos que Daniela Romo! Na trama, Sorté era Beatriz, a mãe adotiva de Marina. Pois, Marina tem uma irmã gêmea e as duas são filhas de Mercedes (Romo), que teve suas crianças roubadas. Um ótimo dramalhão, não? Ela também chegou a contracenar com Diana Bracho em Fuego em la Sangre, aqui, Bracho era a vilã e Sorté protegia as “mocinhas”.

Entre el amor y el ódio foi uma das minhas novelas preferidas, daquelas que eu assistia quando saia correndo da escola para não perder nenhum capítulo! César Evora e Susana González eram os personagens principais – e, como raramente acontece, não só tinham química como também formavam um casal super interessante. Acho que, pela primeira vez, me apaixonei tanto pela mocinha, quanto pelo mocinho.

Mas, o vilão dessa novela, ah! Não tinha igual. “Maciel”, um homem sem escrúpulos, tinha uma paixão doentia por Maria Magdalena (Sorté) e fazia de tudo para tirar qualquer um que entrasse no seu caminho. No início da trama ele se fingia de bom com o intuito de conquistá-la, chegou a instalar câmeras escondidas no seu quarto, para vigiar seus movimentos e claro, com segundas intenções. Finalmente, depois de bolar diversos planos, de assassinar vários personagens (inclusive, de manter um cadáver no seu quarto), Maciel (que era um fã incondicional de Napoleão) força um casamento com Maria Magdalena, onde finge proteger seus filhos, a domina financeiramente e fisicamente. É um dos personagens mais loucos e geniais que já vi, e Sorté tem grande destaque na trama, sendo um ponto crucial na conclusão da história.

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Maria, Pescadera: Na segunda temporada de Mujeres Asesinas, Sorté protagoniza um dos episódios  mais legais. No episódio ela interpreta uma mulher extremamente pobre, que precisa trabalhar vendendo peixes para continuar a bancar os tratamentos fitoterápicos da filha deficiente. O problema é que seu chefe é um cara folgado, que vive a assediando sexualmente e que a paga muito pouco. Maria começa a ter fortes dores nas mãos e precisa de uma licença médica, mas para isso precisa passar pela aprovação de uma fiscal (que tem um caso com o chefe e morre de ciúmes dela). É claro que ela não consegue e para piorar, é acusada injustamente de roubo. Com tantas “contras”, Maria acaba tendo um ataque nervoso e mata, sem querer, a fiscal da loja.

imagesEl Secreto de Alejandra: Uma novela controversa e polêmica. Tão polêmica que foi praticamente cortada antes da metade (se não me engano, a novela mais censurada pela Televisa) e acabou com apenas 25 capítulos. A trama falava sobre doação de órgãos, e Sorté interpretava duas personagens: Alejandra e María, que eram idênticas, mas que não tinham parentesco (meio Orphan Black, não?). Maria era uma atriz sem sucesso, que vivia ao lado de um marido violento. Alejandra, por outro lado, era uma milionária que estava em busca de um doador de órgãos para filho.

Alejandra não podia fazer essa papel porque estava com câncer terminal e então, pede para trocar de lugar com María.  Na época a SEGOB (uma secretaria do governo mexicano) enviou uma carta à emissora ordenando  que a novela fosse retirada imediatamente do ar. Com  a correria para acabar, os produtores decidiram transmitir uma nota no fim do último capítulo onde diziam: “Ojala que con el Secreto de Alejandra hayamos logrado despertar una inquietud de caridad en los corazones de la gente.  Si nuestras conciencias dormidas despertaran, habremos cumplido el principal objetivo de esta telenovela: La donacion de nuestros organos. Con nuestra muerte, salvemos otras vidas!

Diana Bracho, a diva!

Sem querer, eu acabei criando um ciclo de publicações onde falo sobre as minhas atrizes mexicanas favoritas. Por que mexicanas? Não sei, ando mergulhada nessa fase. Não poderia deixar de falar da Diana Bracho, não mesmo. Diana está em outro patamar, é como se fosse uma “Meryl Streep Mexicana”, uma Fernanda Montenegro, entende? Bracho possui uma carreira fincada no cinema, mas é plural e tem trabalhos televisivos, teatrais e literários incríveis.

diana brachoDiana vem de uma família artística, seu pai Julio Bracho era apresentador e diretor. Ele, filho de um músico e de uma miss e sobrinho de ninguém mais ninguém menos que Andrea Palma.  Ah, e Diana também é parente distante de Dolores del Río e Ramon Novarro. Seu irmão, Julio, também é ator. Pode? Em entrevistas ela conta que durante a infância foi um pouco “sufocada” pelo pai, era uma menina rica que tinha um motorista e empregados disponíveis para ela o tempo inteiro e começou a atuar, muito novinha.

maxresdefault“Yo le agradezco a la vida haber estado fuera de los márgenes de la convención porque esto me ha dado una libertad de movimiento por todo el mundo, con una gran apertura a lo que me vaya tocando, me siento igual de a gusto comer unos tacos en una esquina que comer en un restaurante de París, porque sé quién soy y estoy a gusto conmigo misma”.”

Antes de estrelar “El Castillo de la Pureza” (filme reconhecido internacionalmente e dirigido por Arturo Ripstein), cursou Letras em New Rochelle (NY) e até hoje, se dedica a literatura. Sim, Diana possui várias faces.  Entre 2002 e 2006 foi presidente da Academia Mexicana de Artes y Ciências Cinematográficas. Recentemente deu uma entrevista ao El País, onde dizia “Amo as minhas rugas” e, diferente de muitas atrizes em sua idade, defende uma estética mais natural. Só pra constar, ela vai completar 70 anos em dezembro.

Diana“Entiendo que el tiempo pasa, la edad no es fácil de aceptar o enfrentar, sobre todo en las mujeres porque de pronto te juzgan y dicen si una ya dio el ‘viejazo’. No quiero hacer juicios sobre las operaciones estéticas, pero he visto que incluso se las hacen personas muy jóvenes que pienso que no las necesitan. Yo soy como soy y no me voy a pelear con la persona que soy, porque me he construido a través de la vida tratando de ser una persona íntegra que ama su trabajo y yo amo la cara que tengo, con sus arrugas y con la edad.”

Eu realmente não me lembro da primeira novela que vi com ela. É com se Diana Bracho sempre estivesse ali. Sei que ela ficou muito conhecida no Brasil depois que o SBT transmitiu a novela Ambição (Cuna de Lobos) e que na primeira fase de “O Privilégio de Amar”, ela interpretou a versão jovem da Dona Ana Joaquina, posteriormente interpretada por Marga Lopez. Mas ela teve trabalhos muito marcantes como “El Derecho de Nacer”, “Pasion y poder” e “Capricho”.

Como disse, acompanho a Diana há muito tempo e acho que perdi a conta de quantos filmes e novelas assisti com ela. (Já comentei sobre muitos aqui no La Amora). Da Diana, três novelas me marcaram em especial.

1) Bajo la Misma Piel: Essa é a primeira e única novela em que me lembro da Diana interpretando uma “mocinha”. A trama se concentra na história de quatro mulheres da mesma família e de gerações diferentes. Diana interpreta Sarah, uma mulher frágil e sensível, casada com Bruno, um homem arrogante. No passado, Sarah se apaixonou por Joaquim, mas com o tempo, cada um tomou um rumo diferente. Sarah vive sofrendo com os abusos do marido e se irrita com os assédios por parte de Rodrigo, um antigo amigo da família.

8m331424ep2Nessa novela, Diana está diferente de tudo o que eu já vi, um personagem denso e muito importante para a carreira dela, que tem um posicionamento de defesa pelos direitos da mulher. Na trama, Sarah é estuprada pelo próprio marido e agredida fisicamente. Existe uma cena fortíssima, que me marcou mundo. O marido da Sarah acaba de descobrir que é estéril e que os dois filhos que criou com ela, não são seus. A cena, aliás é inesquecível, nunca vi nada igual em novela nenhuma. Sarah leva socos e pontapés de Bruno no meio da rua e fica com a cara ensanguentada, é chocante (é a primeira cena do vídeo, é só dar play):

 2) Heridas de Amor: Bertha de Aragón era um verdadeiro furacão. No início da novela era uma mulher que alimentava um amor secreto pelo marido da irmã e que, no passado, tinha entregado a filha para adoção.  Usava roupas e tinha um comportamento de beata e infernizava a vida da sobrinha. Um dia Bertha faz uma viagem e volta completamente diferente, com roupas sensuais e com um comportamento agressivo. Me lembra um pouco a história de “Now Voyager”, com Bette Davis. 

1529578_640pxQuando volta, Bertha se apaixona por César e tem um caso de amor bandido, onde juntos planejam um golpe. O personagem interpretado por Diana ficou muito famoso e conquistou o público. Na época, Diana precisou fazer umas viagens e se afastar da novela e quando ela saiu de cena, a audiência despencou. A novela foi transmitida no SBT e ficou bem famosa por aqui.

Bertha era um personagem incrível, quase uma Nazaré Tedesco. Era muito engraçado a sua mania de chupar pirulito quando ficava nervosa ou coçar a testa. Ela tinha um cachorro que era a sua paixão e sempre o usava para assustar os outros. O fim da Bertha foi uma das coisas mais malucas e estranhas que eu já vi. Ela tinha um empregado (que por sinal, tinha um aspecto grotesco, uma mão defeituosa e se chamava “El guapo”, em tradução meio fula e literal seria “O Bonito”) que a amava. Um dia ele a sequestra e corta seus dedos no intuito de fazê-la ter “medo”.

Como aquele filme, “O Perfume”, o cara queria roubar a essência, o cheiro de medo dela. Difícil explicar. O fim da vilã não poderia ficar mais tenebroso se o cara não a tivesse levado para um “ilha” cheio de bonecas velhas e horrorosas, a prendido e a amordaçado e por fim, suicidado. Bertha termina presa, longe de tudo e de todos, sem os dedos e ao lado de um cadáver.

3) Fuego en la sangre: Mais uma vez Diana interpreta um vilã, Gabriela Santibañez. Mas o tom dela é diferente dos outros, ela é a mãe das três personagens principais e além de controladora e ortodoxa, é extremamente cruel com o marido (idoso e deficiente). Gabriela foi um personagem mais erótico e teve uma relação extraconjugal com Fernando e fisicamente mais violenta do que os outros, sempre saía distribuindo tapas nos outros.

111612_profUma das coisas que me faz adorar a novela é que María Sorté e Diana Bracho atuam juntas, praticamente o tempo inteiro. Adoro quando as minhas atrizes contracenam, como por exemplo em Cadenas de Armargura, em que ela e a Helena Rojo interpretam irmãs inimigas (ou em La Tempestad, em que Daniela Romo e María Sorté atuam juntas ou em Amor Sin Maquilaje em que Daniela e Helena Rojo contracenam…). Como não poderia ser diferente, o fim da Gabriela é uma coisa absurdamente assustadora. Por um engano, ela acaba sendo enterrada viva! 

Cuba Libre?

Diana Bracho_12Como disse, Diana participou de muitos filmes, alguns grandiosos e reconhecidos internacionalmente. “Cuba Libre” ou Dreaming of Julia é um deles, onde ela, ao lado de Gael García Bernal e Harney Keitel estrelam uma deliciosa e nostálgica história que tem como pano de fundo a Revolução Cubana.  O caso é que muito tempo depois do lançamento do filme, Diana chegou a confidenciar que foi muito mal tratada por Keitel e que jamais trabalharia com ele novamente. Ela contou que, nos bastidores, ele sempre fazia um discurso contra atores latinos e mal mal queria encostar nela para fazer as cenas – e, os dois eram um casal!

Atualmente, Diana revive a peça “Master Class Maria Callas”. Quando foi encenada pela primeira vez, a obra foi  um grande êxito e marco em sua carreira. Ela, que nunca gostou de repetir personagens, se une novamente a Diego del Río  e Morris Gilbert (depois de quinze anos!) para representar Callas.

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O ano da peste

Até então, o único filme que tinha assistido com Felipe Cazals foi “Las Poquianchis”, onde ele reconstitui o caso das irmãs González Valenzuela, uma delas interpretada por Diana Bracho.  Outro dia estava lendo sobre o diretor e descobri que ele chegou a dirigir um filme argumentado por Gabriel García Marquez… “El año de la peste”. Confesso que eu não sabia que o Gabo era fã da sétima arte e que atuou, inclusive, como diretor da escola de cinema de Santiago de los Baños, em Cuba.

“El año de la peste”, produzido em 1978, conta a história de uma cidade assolada por uma epidemia desconhecida, qO ano da peste ue mata misteriosamente milhares de habitantes. Mesmo com o excesso de mortes, as autoridades insistem em dizer que a situação está controlada e que não há nada em que se preocupar. As pessoas caminham nas ruas e se deparam com corpos amontoados, mas agem normalmente. Na TV, os telejornais tentam minimizar as ondas de pânico e os estadistas calam médicos e especialistas que afirmam que a cidade está sofrendo com uma epidemia similar a peste negra, ocorrida na Idade Média. [Gabo era fã de Um Diário do Ano da Peste”, escrito por Daniel Defoe (1660-1731)].

Adoro esse tipo de narrativa e enquanto assistia ao filme me lembrei de produções e histórias semelhantes como “Ensaio sobre a cegueira” de Saramago, “Tempos do Lobo” de Michael Haneke ou “Contágio” de Soderbergh. Aliás, Cazals é tão seco quanto  Haneke e não pensa duas vezes em mostrar uma cena de sexo onde uma mulher beija o peito ferido do amante.

‘O ano da peste’ me incomodou um pouquinho… só em duas questões: não gostei da trilha sonora, que ao invés de acentuar o suspense, era irritante. A iluminação também estava estranha, não dava para saber se algumas cenas se passavam de manhã ou de noite, não dava para reconhecer o rosto dos atores enquanto eles dirigiam ou conversavam dentro das casas. Eu realmente não sei se é a estética do filme e fiquei confusa em alguns momentos, imaginando se se tratava da maneira em que o filme foi conservado.

Mesmo com o ritmo lento da trama, Calzar nos presenteia com pequenas pérolas, como aquela cena em que centenas de policiais descem a escadaria de uma igreja (todos armados e com máscaras de proteção) e vão de encontro ao povo (que se manifesta em praça pública) e se defende atirando pedras. No fim, já não existe mais polícia, nem povo… 

Também achei incrível a cena em que os agentes de limpeza começam a despejar remédio sobre as áreas infectadas. Em certo momento eles se deparam com três moradores de rua e jogam remédio sobre eles. Os moradores de rua, por sua vez, continuam a agir como se nada tivesse acontecendo, sentam-se e começam a comer o que encontram no lixo.



Daniela Romo “El año de la peste” trouxe uma feliz surpresa. Daniela Romo, bem no inicinho da carreira, fez uma pequena participação no filme. Tinha vinte anos. Na trama ela interpreta Laura, amiga da assistente do médico e que estranhamente tem um caso com ele. (É, fiquei meio confusa nessa parte). Tive que parar o filme para conferir se era ela mesmo, só pra ter certeza. Romo já tinha um cabelo enorme e usava aquele anel no dedinho (que não larga até hoje!).

Mulheres Assassinas

Mulheres Assassinas é uma sImagemérie mexicana, produzida e criada por Pedro Torres, que narra – a cada episódio, a história de diversas mulheres que cometeram homicídio, alguns casos baseados em histórias reais.

Com três temporadas, Torres conseguiu juntar um enorme e forte cast de atrizes e construiu uma teia de histórias assustadoras e impactantes. Muito, muito diferente das novelas que estamos acostumados, Torres criou um trabalho sombrio, com uma trilha sonora bem feita e com uma fotografia (ah!) de tirar o fôlego.

Logo na estreia, em 2010, a série foi bastante aclamada pela crítica e pelo público – tanto que ganhou versões em outros países. No Brasil, as temporadas foram transmitidas pela CNT e muito se especulou sobre a possibilidade de ser transmitida pelo SBT, o que, infelizmente, não aconteceu. É possível perceber, ao longo dos episódios, que a série foi ganhando mais destaque e, nas temporadas seguintes, apresentou mais detalhamento técnico em relação a produção e a  publicidade.Imagem

A primeira temporada, por exemplo, contou com um show de abertura e algumas fotos publicitárias. A segunda, no entanto, não só tinha um música tema (Que Emane, Gloria Trevi), como plots e diversos vídeos promocionais. A terceira veio para arrebentar, fora os outros quesitos, tinha uma sessão de fotos com cada atriz e uma série de vídeos (além dos promocionais), onde as atrizes, já encarnadas em seus personagens, se confessavam.

Em “Mujeres Asesinas’, Torres explora o lado humano (ou perverso) de cada personagem e apresenta casos de tirar o fôlego. As histórias de alguns personagens são de dar dó! Os episódios são narrados em flashback e só nos finalmente é que sabemos o crime que cada uma delas cometeu.  P.S.: A série me lembra uma aula que tive na faculdade, onde o professor citava Fraser Bond: “noticiário, o escândalo, a violência, o crime e o sexo”.

ImagemEm ‘Mujeres’, vemos as atrizes bem diferente do que estamos acostumados, os personagens são mais densos e obscuros. Maria Sorté, por exemplo, que é uma atriz que eu amo! Interpreta uma mulher que vende peixes e que sofre assédio sexual do chefe. Daniela Romo (uh!), que inclusive participou do primeiro episódio e cantou a canção da primeira temporada, interpreta uma policial viciada em cocaína que adora transar com os caras que prende, principalmente os mais novinhos…  Diana Bracho está incrível, junto a Maité Perroni e Luz Aguillar, interpreta uma “viúva” que matou o marido para ficar com a herança.

asesinas4O universo (da série), criado conforme a perspectiva feminina, mostra como o segundo sexo, em sua maioria das vezes, é colocado de maneira inferior à masculina; seja no ambiente domiciliar ou de trabalho.

O meu episódio favorito, sem dúvidas, é o da “Emília, cozinheira”. Maria Rojo (que participou da série duas vezes), está incrível nesse episódio, no mínimo… chocante! Emília é uma cozinheira endividada e cansada da rotina, que para sobreviver, precisa oferecer favores sexuais ao proprietário do imóvel em que trabalha, Pepe. Não bastasse, seu marido faz vista grossa sobre o que se passa e se aproveita do seu dinheiro para levar uma vida de regalias.

A história tem um fim assustador  (spoiler!), pensem em um moedor de carne…