Carmen Maura, o estupro e a maternidade

Ontem fiquei realmente surpresa coma entrevista que vi da Carmen Maura para o programa “El rincón de pensar”, de Risto Mejide. Foi no ano passado e eu não tinha nem escutado falar do assunto. Carmen, hoje com 70 anos,  simplesmente abriu seu coração e contou detalhes delicados de sua vida. Impressionante foi o relato do estupro que sofreu quando tinha trinta anos. Conforme suas palavras, estava em casa com os filhos quando atendeu a porta e levou um soco inesperado:  “Recuperei a consciência e tinha uma pistola aqui (apontando para a têmpora). É isso, e tudo o que acarreta isso, a violação”.

Para quem não sabe, Carmen é uma grande atriz espanhola, foi musa de Pedro Almodóvar durantes muitos anos e protagonizou filmes mundialmente famosos como “Volver” e “Mulheres a beira de um ataque de nervos”. Ela também fez uns filmes bem legais do Alex de la Iglesia como “800 Balas” e “La Comunidad”.

A descrição de Carmen sobre sua violação é realmente inquietante, ela conta que os policiais duvidaram dela e questionaram se “aquela história” não era apenas para deixá-la famosa. Fiquei impressionada com a forma que ela contou o caso, rindo e se esquivando. É que eu li muitos comentários no vídeo que diziam que essa história não poderia ser verdade, exatamente porque ao contar, Carmen não expressava tristeza. Eu, pelo contrário, acho que o comportamento dela ao contar sobre seu estupro envolvia uma negação e ao mesmo tempo, uma “vergonha”… vergonha que não deveria sentir, é claro. É realmente estranho como as pessoas tendem a desacreditar e a culpar as vitimas.

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Ainda sobre o assunto, achei muito interessante a perspectiva da matéria publicada pelo EL País sobre a entrevista de Carmen: Mas seu testemunho é importante, e muito. É uma exceção na Espanha e algo muito raro no mundo. Na verdade, o caso dela é o primeiro de uma pessoa pública espanhola que conseguimos encontrar, o que não ajuda a que outras vítimas se encorajem a falar sobre sua experiência nem a superar o tabu. “Consideramos importantíssimo falar publicamente. Mesmo as testemunhas que ousam falar à imprensa o fazem com os rostos cobertos porque há um sentimento de culpa na própria mulher. Não porque elas sejam culpadas, claro, mas porque a sociedade as culpa”, explica Tina Alarcón, presidente da CAVAS, o Centro de Assistência a Vítimas de Agressões Sexuais.


 

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Fora tudo o que ela disse, grudou na minha cabeça o que ela fala sobre maternidade. Carmen Maura, que possui dois filhos, simplesmente não consegue esconder seu arrependimento de ter sido mãe. E fala, com todas as letras, que se pudesse voltar no tempo, não engravidaria de novo. (É um pouco estranho né? Não queria ser filha dela e ouvir isso…). O discurso é até feminista, ela diz que nenhuma mulher precisa ser mãe ou se casar para se sentir completa. Que você pode usar seu lado maternal com sobrinhos e amigos…

A bela infeliz

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Lembram que eu fiz uma publicação sobre a Elena Anaya e que comentei que fiquei encantada com a Amparo Muñoz e com seus cabelos brancos? Pois é, dei uma pesquisada sobre ela e descobri uma história impressionante. Muñoz , espanhola, foi Miss Universo em 1974. Sua história de vida, aliás, curta vida, é considerada uma das mais tristes dentre as das rainhas da beleza.

É fácil acreditar que ganhar um concurso de miss é uma grande oportunidade, mas para Amparo essa vitória significou o fim de sua felicidade e a destruição de sua família… isso porque ela odiava ser Miss Universo, vivia essa vida porque seguia ordens e sentia-se imensamente pressionada. E mesmo não gostando, resignou-se…quer dizer, não por muito tempo. Dias depois de receber a coroa (a qual ela chamava de “coroa de jóias baratas”), Amparo renunciou ao título e, em uma coletiva, informou que era mãe solteira ( algo que na época fugia às convenções). Ironicamente, eles não a destronaram e o título de Miss Universo não foi passado para ninguém. Têm-se aí o início de uma vida regrada a drogas e bebidas, de doença e muita solidão…

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Porque eu sempre me envolvo com homens tão covardes? Eu sou a melhor demonstração da tendência humana em repetir os mesmos erros”

Depois do prêmio, Amparo foi realizar um trabalho no Japão. Quando voltou, foi tratada como celebridade instantânea, começou a trabalhar no cinema e na televisão – fora os trabalhos publicitários. As polêmicas envolvendo seu nome foram crescendo, no último de seus três casamentos fracassados, chegou a ser presa. Isso porque ela e seu marido foram acusados de tráfico. Com as polêmicas e a ausência de trabalhos, ela começou a fazer filmes pornôs (e, segundo informações do ex-marido, negadas por ela, Amparo começou a se prostituir). 

Ela morreu aos 56 anos em 2011. A família nunca quis revelar o verdadeiro motivo, mas acredita-se que ela foi vitima do Mal de Parkinson. Há outras versões que dizem que ela era portadora do vírus HIV. E os noticiários, que um dia, divulgavam e vangloriavam sua beleza, mostraram-se mais interessados em exibir sua doença e sua pobreza: “Amparo é o tipo de celebridade viciada e tiranizada por suas paixões. Depois de uma série de problemas emocionais, a única espanhola que um dia usou a coroa de Miss Universo, começou a conviver, dia-a-dia, com os entorpecentes. Depois de anos de heroína e muita solidão, Amparo vive em Malaga, tentando se recuperar da paralisia causada por dois aneurismas, dos problemas na visão, locomoção e na fala. Ela se acostumou a driblar a morte todos os dias.”

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Sua situação econômica, como se sabe, mudou drasticamente. A jovem rica, passou a ser uma senhora pobre. No fim da vida, ela precisou dividir um apartamento com seu companheiro e a mãe dele, e segundo os jornais, tratava-se de um lugar “pouco confortável”.

Ela chegou a escrever um livro de memórias chamado “A vida é o preço

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