Apaixonada com dramaturgia me deparei, na semana passada, com um livro incrível: “Eu compro essa mulher” da Cristiane Costa. A autora, através de uma análise sobre as novelas brasileiras e mexicanas, realiza uma reflexão sobre o romance e o consumo na dramaturgia. O culebrón mexicano e as produções brasileiras possuem mais aspectos em comum do que muitos imaginam. É através de uma pesquisa profunda e de um texto agradável que Costa consegue fazer com que o leitor compreenda que os dois tipos de produções nasceram basicamente do mesmo “pai”: o folhetim.
Decidi fazer uma série de publicações relacionadas ao livro, cada uma dedicada a um capítulo diferente. Nas publicações, você vai perceber que os temas abordados por Costa também perpassam por questões históricas e literárias.
Mas, por quê Costa resolveu evidenciar esses dois países?
Logo na introdução ela esclarece a dúvida:
“Embora a Argentina, Venezuela e Colômbia também possuam uma indústria vigorosa, com características fortemente locais, optou-se por focalizar a pesquisa no México e no Brasil, os maiores centros produtores de telenovela do continente. A tão propalada natureza melodramática latino-americana é hoje o principal produto de exportação cultura da região. Exibidas em mais de cem países, em lugares tão distantes quanto a Romênia e a China, as telenovelas continuam parando cidades e provocando verdadeiras ondas de comoção nacional. Num mundo globalizado e voltado para o consumo, não é de se estranhar que certos gêneros narrativos se tornem transnacionais. Afinal, os sonhos românticos são praticamente os mesmos.”
Também há uma justificativa para o título. Em 1966 a Rede Globo exibiu uma novela chamada “Eu compro essa mulher”, baseada no melodrama de Glória Magadan. A história foi adaptada pela televisão mexicana (Yo compro esa mujer) três décadas depois e repetiu o sucesso estrondoso. Como e porque esse modelo reverbera na televisão latino-americana? As respostas são muito interessantes e nos permite conhecer mais sobre a nossa história e sobre nós mesmos.