Patrícia queria que eu assistisse um filme com a Jeanne Moreau, escolhemos um aleatório que dentre muitos com a atriz, ela ainda não tinha assistido. Acho que acertamos na mosca, porque sem querer encontramos um filme cuja narrativa é tão cativante que não conseguimos desgrudar os olhos da tela.
A trama é ambientada na Iugoslávia, 1943 (e em plena 2ª Guerra Mundial). Um certo soldado alemão namora com cinco mulheres ao mesmo tempo. Para ele, as mulheres são como pequenos troféus, um deboche. Para elas, a esperança de um amor romântico, de casamento.
Quando os combatentes da Iugoslávia descobrem que essas cinco mulheres perderam a virgindade com o soldado alemão, vão à casa de cada uma delas, raspam seus cabelos (para marca-las), as expõem em praça pública e as expulsam. {O fato das personagens terem seus cabelos raspados me lembrou esses fait-divers que escutamos e lemos de moças que moram em favelas e que tem o cabelo raspado porque foram descobertas namorando policiais e são marcadas como X-9}.
O fato é que essa humilhação sofrida por elas, não só causa um trauma como também as impulsiona a pegar nas armas e a se unir aos combatentes. Antes, sofrem diversas tentativas de abusos, passam fome e sofrem por questionamentos morais. Impossível não identificar um tom feminista, com o retrato de mulheres fortes e destemidas, que lutam bravamente ao lado dos homens, horando seus ideais. É realmente primorosa a forma em que o universo feminino foi tratado, com respeito e delicadeza (especialmente o retrato que fazem sobre a gravidez em tempo de guerra).
Jeanne Moreau é realmente espetacular, linda, sensualíssima e muito intensa. Outro destaque é Silvana Mangano, em toda a sua expressividade e seriedade.