Certos filmes me chamam a atenção por causa do elenco, neste caso “A garota do parque” filme de 2007, dirigido por David Auburn (o mesmo diretor de ‘A casa do lago’) me atraiu por ser encabeçado por Sigourney Weaver. Não fui com muitas esperanças em relação ao filme porque já tinha lido vários comentários negativos sobre o desenvolvimento da trama. De fato, a história é interessante, mas perde o ritmo no meio do caminho. Apesar dos problemas, fica muito claro que todos os elementos fílmicos são muito bem respeitados, sem aventuras quanto aos movimentos de câmera ou de continuidade. [O filme foi lançado diretamente em DVD no Brasil e é uma produção independente].
A narrativa conta a história de Júlia Sandburg, uma mulher que ficou profundamente traumatiza após o desaparecimento da filha em um parque. O início da trama nos apresenta a família da personagem: o marido e os dois filhos (Chris e Meg) e percebe-se um claro clima de harmonia. Júlia leva Meg ao parque, como o faz constantemente mas acaba se distraindo e não consegue encontrar a garota. Passam-se quinze anos e Júlia continua sofrendo pela ausência da filha. Sua relação com o Chris deteriorou-se, ela o encontra para o jantar de noivado, mas não consegue estabelecer diálogo. O ex-marido, agora casado com outra mulher, também parece não conseguir se relacionar com Júlia e prefere se manter distante.
Completamente absorvida na esperança de reencontrar a filha, Júlia afunda-se no trabalho e em uma solidão profunda. Em um dia inusitado, Júlia encontra Louise (uma jovem com a idade que sua filha teria hoje) e decide ajudá-la. Louise mente dizendo que está grávida e que precisa de dinheiro para voltar para casa, (Júlia lhe empresta setecentos dólares, mas pouco tempo depois, reencontra Louise bebendo e se divertindo em um bar). Júlia decide perdoar Louise e levá-la para casa, a relação das duas se torna um perigoso jogo de interesse e mentiras. Enquanto Júlia vê a possibilidade de Louise ser sua filha perdida, Chris tem certeza que Meg está morta.
Dor, Solidão e Abandono
Apesar de apresentar uma história interessante, há dois aspectos que me desagradaram muito. Meg é um personagem intenso e complexo, mas a interpretação de Daisy Tahan foi pouco cativante. Outro detalhe é o final que deixa a desejar e não oferece respostas. Aliás, a relação entre Júlia e Chris definitivamente poderia ser mais explorada, afinal, Chris cresceu à sombra da irmã e não teve a oportunidade de conhecer o lado mais amoroso da mãe.
Seu ressentimento quanto a mãe fica evidente quando Júlia tenta se aproximar e ele não a permite. Em uma conversa durante a festa de noivado, Chris deixa que seus sentimentos venham à tona e demonstra, diante de todos os convidados, toda a sua dor, toda a raiva que sente quanto a rejeição que sofreu durante a infância.
Chris é um personagem riquíssimo, assim como sua noiva. Enquanto Chris questiona a credibilidade de Meg e os sentimentos que sua mãe nutre por ela, sua noiva tenta fazê-lo perdoá-la e focar no que interessa: no nascimento do seu primeiro filho. Portanto, apesar de parecer que a trama baseia-se apenas no relacionamento entre mãe e filha desaparecida, há outras bifurcações e situações paralelas importantes (que passam despercebidas).