Tantas vezes Helen Mirren

Se existe uma prova viva da importância que o Oscar pode trazer para uma carreira artística é a inglesa Helen Mirren. Depois de ganhar o prêmio de melhor atriz em 2007, sua imagem tornou-se badala nos filmes e tapetes vermelhos de Hollywood. Mirren, que já interpretou rainhas Elizabeth’s mais de quatro vezes tem uma trajetória muito interessante e fez ótimas participações em filmes que, de uma forma ou outra, acabaram caindo no esquecimento.

O primeiro filme que vi com Helen Mirren (e que revi no domingo passado) foi “Tentação Fatal”, de 1999 com Katie Holmes. Sabe aqueles filmes que marcam a adolescência? Pois esse é um deles. Mirren interpreta a malévola Mrs. Eve Tingle, uma professora de história que só sabia maltratar os alunos. A mulher era tão assombrosa que quando caminha pelo corredor da escola, todos saem correndo (inclusive o diretor).

Acontece que Leigh Ann Watson, uma aplicada aluna, precisa tirar nota boa em história para conseguir uma bolsa de jornalismo na faculdade.  Leigh fica seis meses fazendo pesquisas documentadas e escreve 365 páginas retratando o diário de uma mulher medieval, acusada de bruxaria. A menina que precisa de uma nota A, ganha nota C da bruxa Mrs Tingle.

A única coisa que ela tem a fazer é ir bem na última prova escrita. Um belo dia, quando fazia aulas extras, seu colega de turma, Luke, rouba a prova escrita e oferece a Leigh. A garota, sempre certinha se nega a aceitar, mas a professora pega os dois “no pulo” e coloca a culpa em Leigh, que teme perder sua bolsa e consequentemente a oportunidade de ir a faculdade.

Nessa mesma noite, ela e dois amigos decidem ir a casa da Mrs Tingle explicar o que aconteceu. Mas a situação foge completamente do controle, Mrs. Tingle chega a bater em Luke e durante uma discussão e chama a polícia. Para tentar detê-la, os alunos então decidem amarrá-la na cama e chantageá-la até convencê-la a mudar de ideia.

O que eu gosto na Helen Mirren é que ela não tem medo de mostrar seu envelhecimento nem gosta de ficar escondendo seus fios brancos. E se tem um filme em que ela está linda e grisalha é em Matadores de Aluguel de 2006,  dirigido por Lee Daniels.

O filme é bem obscuro, mas com uma proposta dessas não poderia ser diferente. Conta a história de Rose (Mirren) que é uma assassina de aluguel e que está com um câncer, prestes a morrer.  Rose possui um parceiro, Mickey (Cuba Gooding Jr) e os dois são contratados para matar Vickie (Vanessa Ferlito). Acontece que Rose não sabia que Vickie estava grávida e quando mira a arma para matá-la percebe que sua bolsa estourou. Naquele momento, Rose tem uma crise de consciência e salva a garota

Ao salvá-la, acaba se metendo em uma enrascada, simplesmente porque o mandante do assassinato é um dos bandidos mais influentes da área.  A relação entre Rose e Mickey é muito complexa. Rose era ex-mulher do pai de Mickey e depois de assassiná-lo, começou a cuidar do garoto. Mickey foi crescendo e os dois começaram a se relacionar, inclusive sexualmente. Então, Rose torna-se mãe e mulher de Mickey…

Helen interpreta a assassina Rose.

Matadores de Aluguel é sim obscuro, mas Rose não é (juro que não) o personagem mais obscuro interpretado por Helen Mirren. Fiquei em dúvida entre dois deles, mas elegi a Caroline de Uma estranha passagem em Veneza, filme de 1990 com um elenco da pesada:  Rupert Everett, Christopher Walken e Natasha Richardson.  O filme conta a história de um casal que vai passar férias românticas em Veneza.

No dia em que chega, o casal dorme até mais tarde e depois, não consegue encontrar nenhum bar aberto.  Então, conhecem Robert que os leva até um bar (do qual é proprietário). Uma sucessão de acontecimentos fazem com que os dois acabem se hospedando na casa de Robert. Lá, conhecem Caroline, esposa de Robbert que é emocionalmente instável e que vive com uma dor nas costas misteriosa. O filme só fica bom lá para o final, quando você descobre a “estranha passagem” envolve sexo, voyeurismo e  sadismo.

Eu queria falar sobre “O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante”, mas esse filme merece um post único, pra falar só dele. Então aí vai mais uma dica (e a última): Colapso, de 1996 ou “Loosing Chase” (a tradução literal ficaria “Perdendo Chase).  O filme ficou bem conhecido no cenário lésbico por conter um “clima” de romance entre Chase e sua enfermeira.

Na verdade o filme foi feito pra televisão e é de uma delicadeza tamanha. Conta a história da dona de casa Chase Philips (Helen Mirren) que sofre de crises nervosas. O coitado do marido tenta fazer de tudo para agradá-la e para deixar a família unida. Assim, contrata uma “Ajudante de mães”: Elizabeth, interpretada por (Kyra Sedgwick).

Mas Chase é rude o tempo todo, humilha Elizabeth e fica tentando mostrar que ela não é necessária naquela casa. Com calma (e com o tempo), Chase e Elizabeth estabelecem um forte relacionamento de confiança. Chase acaba se abrindo com Elizabeth e conta sua história. Elizabeth por sua vez, também se abre e conta suas feridas… E as duas se apaixonam.