Escrever é o que me dá prazer. Desde sempre. E eu não poderia estar mais feliz com a minha profissão, graças a Deus. Recentemente fui convidada a escrever sobre moda – um assunto do qual não estou familiarizada e que, de certa forma, não me desperta interesse. Tenho estudado, visito diariamente sites de comportamento e beleza, que ensinam qual é a melhor forma de se portar e se vestir, que te inspiram e ao mesmo tempo, te moldam.
Ando dividida, essa é a verdade. Depois de tanto ler e estudar, passei a ter a convicção de que o mundo da moda é muito, muito maior as pessoas imaginam (Ou melhor, do que eu imaginava). Existe uma história e um valor atrás das passarelas, daquelas mulheres lindas e magras usando e exibindo roupas caríssimas. Não é só um jogo de influências, é arte… vida. Assim como a literatura, o cinema e o jornalismo, para mim, significam vida.
Ao mesmo tempo, diante de frases e textos tão pitorescos como: “Não use essa roupa se você não estiver em forma” ou “X atriz é o exemplo que você deve seguir”, sinto uma detestável ausência de… como eu poderia chamar? Talvez de, ‘valor humano’. E tenho até vontade de rir daquelas figuras esdrúxulas, luxuosas e famosíssimas que estampam os tabloides. Os ricos gastam milhões por exclusividade, os famosos se popularizam e enriquecem ao reproduzir e fortalecer uma indústria esteticamente cheia, mas com pouco valor humano.
E nesse redemoinho, no meio da indústria e dos famosos estamos nós: o povo, a massa, os que não tem exclusividade, nem nome, nem espaço, nem identidade. Somos uma mistura, um grito de desejo de ‘ser’ e de ‘querer ter’. Somos e… me desculpem, mas é ridículo… somos aquela menina que trabalha na lanchonete durante 30 enormes e pesarosos dias, para comprar um Louboutin igual ao que a personalidade x usa. Quer dizer que uma atendente de lanchonete não pode ter um Louboutin? Claro que pode, não é disso que eu tô falando, tô falando dessa ânsia que nos cega, que nos faz querer ser e parecer com um modelo, com uma concepção pré-fabricada e inalcançável (e não como nós mesmos….)