Alborada

Alborada Há muito tempo deixei de acompanhar novelas. Talvez pela correria do dia-a-dia, ou por falta de paciência. Mas, nos últimos meses, por causa dessa euforia em relação à Daniela Romo, assisti pelo Youtube a novela mexicana Alborada, produzida em 2005 e dirigida por Carla Estrada.

Estou encantada com duas questões: pela grandiosidade da produção (seja o cenário, roupas, estudo de época) e pelo enredo – diferente dos melodramas que estamos tão acostumados, a trama é de uma qualidade inquestionável e de uma brutalidade também.

Lucero é a mocinha. Ela e Fernando Colunga são o casal principal, que passam por uma epopeia para ficarem juntos. Ela Maria Hipólita e ele, Luiz. Mas, diferente da expectativa, Luiz é um homem rude, cheio de defeitos e manias e Hipólita foi mãe solteira, que desistiu de um casamento porque o seu marido era “afeminado”. Estamos falando de uma trama que se passa antes da independência mexicana, por volta de 1800.

Entre cenas de inquisição e escravismo, vemos um México religiosamente fervoroso (e, como em muitos lugares do mundo), repleto de preconceitos (se é assim que posso dizer).  Outra coisa também incrível é a forma que o machismo é retratado, as mulheres não possuem voz, sofrem abusos de todos os tipos e de todos os lados.  E… esteticamente a novela também é incrível, seja pela cenário escuro e cheio de velas, pelas roupas impecáveis ou pelos detalhes. (As cenas de quando eles vão ao banheiro ou tomam banho são realmente sensacionais).


Así es y así será!

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Doña Juana Arellano, a personagem interpretada por Daniela Romo, é incrível. SÉRIO! Viúva, amarga e desleal, ela teve coragem de trocar o filho pelo sobrinho, para garantir que o filho tivesse um título melhor. O problema é que os dois crescem juntos e o tratamento que ela dá para o filho (que, todos pensam que é sobrinho) é bem diferenciado. Deu para entender? Não, né?! Mas ok, há outras coisas mais interessantes: a começar pelo fato de que Daniela estava tão imersa no personagem, que ela mesmo fazia a sua maquiagem, ela escolheu suas roupas e seus penteados. E, mesmo fora dos cenários ou em casa, pedia para ser chamada de Juana.

Outra coisa sensacional é que ela treinou durante meses uma postura para caracterizar Juana. A produtora pediu que ela passasse a olhar para as pessoas debaixo para cima, para acentuar uma imagem misteriosa.

Lucero DanielaRomoJuana morreu de cancrum (ou cancro). Ver a decadência da personagem, antes tão linda e  poderosa, é incrível. Ela não só perde o poder e o dinheiro, como também a saúde. Para isso, Daniela emagreceu dez quilos. [Pois é, essa é uma outra questão super interessante, a forma que retrataram as doenças típicas da época. Diego, o filho da Juana, morreu de sífilis… por exemplo].

Ah, e a Juana tinha empregada que a seguia para todos os lados e era a sua companheira (e cúmplice). Modesta era uma índia (e rolava muita descriminação contra os índios sabe?), mas estava com a Juana há muito tempo, e a Juana fazia com que todos a respeitassem. Ah sim… e eu já ia me esquecendo, a “bengala” que a Daniela usava era de ninguém mais, ninguém menos do que Porfirio Diaz!!

Enfim, a novela é super incrível, recomendo demais…