eu queria morar na Casa das Sete Mulheres…

03 Pelotas - Charqueada São João 3

A casa das sete mulheres foi transmitida na Rede Globo em 2003, ou seja, eu tinha doze anos. Lembro que passava muito tarde e que minha mãe ficava emburrada comigo porque eu não perdia um capítulo e não conseguia acordar sem atraso para ir à aula no dia seguinte. O fato é que eu era apaixonada pela série e mais ainda pela história de cada uma das personagens. Eu desligava a televisão, tarde da noite, e ia me preparar para dormir, pensando como seria se eu tivesse nascido naquela época e vivido naquela casa.

untitled-5Cheguei até a começar a ler o livro, mas não dei continuidade porque era uma leitura pesada e não conseguia assimilar muito bem as informações e os termos. Assistir a história daquelas mulheres e entender a condição feminina da época me deixava inquieta, mas extremamente admirada porque todas elas eram muito fortes.

Lembro que foi o estouro da Camila Morgado, ela ganhou o coração do Brasil na pele da Manoela… mas eu amava a Dona Caetana, a Maria e a Rosa. Pra falar a verdade da Maria só gostava mesmo porque era a Nívea Maria que interpretava… E a Rosa, era a maravilhosa da Ana Beatriz Nogueira, por quem eu morria de amores (e ainda morro, claro e evidente).

globo__A Casa das Sete Mulheres-N_vea Maria_ Samara Felippo_ Bete Mendes_ Daniela Escobar-GC__gallefull

mulheres

Revendo as cenas me dou conta de algumas descaracterizações cometidas pela Rede Globo  quanto aos personagens, como a relação romanceada entre Manoela e Garibaldi, por exemplo. Mas ok, acho que isso não tira o mérito da série, que é linda e emocionante a cada episódio. E olha que eu nunca fui uma pessoa romântica, mas vivia torcendo para a Rosário e a Mariana viverem livres com seus amores, até então proibidos.

Duas cenas me marcaram muito nessa série, uma foi quando a mãe da Manoela a castiga ao descobrir que ela não é mais virgem. Eu ficava morrendo de dó da menina e me colocava no lugar dela, naquela situação humilhante e assustadora em que a mãe a leva para o quarto e pede queeliane_giardini02 abram suas pernas e vejam se ela é “moça ou não é”. Outra foi quando atacam a fazenda e as mulheres, desprotegidas e sem seus maridos (que estavam em viagem), são obrigadas a pegarem nas armas….Aliás, o que era aquela trilha sonora maravilhosa que até hoje não sai da minha cabeça?

Engraçado é que eu sempre me simpatizei pela Giovanna Antonelli, mas a odiava como Anita Garibaldi com todas as minhas forças, talvez porque na época encarava ela como a responsável por estragar a tão idílica vida amorosa de Manoela. Ah… e cara! Como eu adorava a Caetana e achava ela linda, e maravilhosa e aqueles cachos e aqueles olhos, e AH MEU DEUS, ela e o Bento eram o casal mais perfeito do mundo! (perfeitos mais ou menos né, porque o Bento era meio ausente e dava espaço pra concorrência…) Falando nos dois, cês lembram da participação da Irene Ravache como ex-esposa do Bento? Eu até tremia quando ela aparecia!

Ô série boa, que eu não canso de rever…

P.S. Eu queria colocar uma foto da Ana Beatriz Nogueira como Dona Rosa, mas não achei nenhuma que prestasse, cês acreditam?

A última sessão

“Encontro de dois.
Olho no olho.
Cara a cara.
E quando estiveres perto
eu arrancarei
os seus olhos
e os colocarei no lugar dos meus.
E tu arrancara
os meus olhos
e os colocara no lugar dos teus.
Então, eu te olharei com teus olhos
e tu me olharas com os meus.”

– Jacob Levy Moreno

A ÚLTIMA SESSÃO 1 - DNGEu tinha me esquecido do sensação maravilhosa que é ir ao teatro e fico feliz por tê-la relembrado nesta semana, com uma peça tão linda.

Na quinta-feira fomos assistir “A última sesssão”, no Sesc Palladium. A peça, escrita por Odilon Wagner, conta a história de um grupo de amigos idosos que se reúnem em um restaurante para almoçar. Ao longo do encontro eles vão revelando suas histórias, suas mágoas e segredos e são envolvidos em uma trama pautada por muito amor e traição.

Os diálogos são deliciosos, cheios de lirismo, de saudosismo e leveza. Impossível não se divertir com a personagem interpretada por Laura Cardoso, uma mulher super bem resolvida (sexualmente) ou se emocionar com Amanada (Nivea Maria), a mulher traída. Ou se compadecer por Maria Tereza (Miriam Mehler) – cara, como essa atriz é incrível! E Sônia Guedes… ela é muito foda!

Ver aqueles atores tão incríveis, contanto histórias tão densas e, principalmente, ter o privilégio de estar lá… assistindo, não tem preço. Vê-los assim, pulsando, extremamente inteligentes, atualizados… Mandando o recado de que a velhice não é o fim, que há ainda muitas possibilidades – que ainda há muito o que viver e experimentar… foi lindo.

Aliás, saí do teatro com uma vontade imensa de ler Shakespeare, em especial “A Tempestade”.