Há tempos eu queria ler algo do Raphael Montes; me chama atenção o fato de ele ser um escritor tão jovem e de sucesso. Terminei de ler o “O Vilarejo”, seu mais recente livro, e fiquei meio dividida: gostei da essência da trama e dos temas, mas achei a narrativa fraca e pouco desenvolvida. Preciso ler mais algum livro dele para tirar esse impressão (ou confirmá-la). O fato é que esse livro, apesar do gênero, é bem tranquilo… são tão poucas páginas que passam correndo aos olhos. Quando você percebe, já terminou.
O livro se inicia com um narrador-personagem, que conta como recebeu um manuscrito com sete histórias trágicas, relacionadas à sete demônios (e aos setes pecados) – todas os contos são ambientados em um mesmo lugar: um vilarejo onde os moradores, cercados de neve e famintos, cometem atos asquerosos… Alguns em prol da sobrevivência, outros por vingança, por amor ou por ódio, o fato é que existe em todos eles, uma “sementinha do mal”.
No livro existe uma mistura de tudo o que a gente já viu em filmes de terror ou leu em livros de suspense: assassinato, estupro, canibalismo…. Mas não há aquele choque, ou repulsa (talvez, apenas no primeiro conto). O autor tratou as tramas com tanta rapidez e as ambientou tão superficialmente que não deu tempo de se envolver, de mergulhar na história. Uma pena, porque ele escreve muito bem. O livro me remeteu a dois filmes: A Vila e Dogville.