Rever “Oito Mulheres” é relembrar os meus quinze anos, da minha antiga rotina de sair do colégio e ir direto para a locadora e ficar horas escolhendo filmes para levar para casa. Da época em que eu ficava cantando as músicas do filme na sala de aula, e fingindo falar francês… É, eu tenho uma antiga história de amor com Oito Mulheres, do Ozon. Foi ele que me apresentou ao cinema francês e às que, ainda hoje, estão as minhas atrizes favoritas: Catherine Deneuve, Isabelle Huppert e Fanny Ardant.
Comentei, numa publicação recente, que um antigo vício voltou com tudo. Esse vício se chama Fanny Ardant. Acho que não só por causa da visita da Jéssica, mas também por causa da exposição do François Truffaut que vimos no Museu de Imagem e Som (MIS), aqui em São Paulo. É como se eu tivesse levado um tapa, um choque…. como se a ficha tivesse caído e finalmente eu tivesse convencido que ainda falta muitos filmes da Fanny para assistir – e que ainda me falta muito de cinema para conhecer e estudar. Talvez o meu problema seja ser tão viciada… eu sou como aquelas crianças que assistem o mesmo filme dez vezes, que nunca se cansam. Com Oito Mulheres foi assim, essa semana já assisti duas vezes.
Já escrevi sobre esse filme por aqui, o texto é uma reprodução de um trabalho acadêmico que fiz quando ainda estudava Jornalismo. O professor tinha pedido para escrever um artigo relacionando um assunto a escolha ao livro “O que é Semiótica” da Lúcia Santaella. Então escolhi Oito Mulheres…
Mas é que, rever esse filme é despertar uma antiga admiração, é lembrar de um tempo bom e de ganhar novas perspectivas. Para quem nunca viu o filme, uma breve sinopse: Oito Mulheres estão presas em uma mansão por causa de uma tempestade de neve. Nesse meio tempo acontece um assassinato e todas elas são suspeitas. Enquanto confinadas, elas são levadas à revelar seus segredos obscuros. O filme foi produzido em 2002 e é baseado em uma peça escrita por Robert Thomas.
Quando você revê o filme, você finalmente entende todas aquelas trocas de olhares e sabe localizar tudo o que não é dito explicitamente. Aquela tensão entre elas, a disputa, o mistério, a década…. que delícia de filme. E as personagens, cada uma em sua complexidade entram em conflito pela diferença de idade, de cultura, de classe social, de orientação sexual. É impossível não ficar vidrado nessa mistura e nesse jogo de interesses.
Vi uma entrevista ontem em que o Ozon (na época com 34 anos), disse que se sentiu extremamente pressionado porque estava trabalhando com grandes nomes do cinema e que existiam algumas brigas de ego nos bastidores, por isso, ele precisou de ter muito cuidado ao selecionar cada cena, sem privilegiar ninguém.
Fanny e Deneuve juntas, meu Deus, é muito para o meu pequeno coração. Elas são majestosas e é difícil escolher para quem olhar. No fundo eu acho que a Deneuve é mais bela, mas a Fanny é mais sensual. Não sei explicar… E Huppert, caramba! Como ela está engraçada nesse filme, nem parece com a “rainha do gelo” que estamos acostumados a ver em tela… e a Danielle Darrieux, AH! ❤ (preciso assistir mais filmes dela também, tem o tão famosos Cinco Dedos, que eu nunca vi!).