Os Belos dias

Passei a madrugada assistindo aos filmes da Fanny Ardant, foram quatro… assim, de uma vez! Fui dormir às 6 horas da manhã, com o dia amanhecendo e a luz invadindo o meu quarto. Meu Deus, que fissura que eu estou! Eu já havia comentado sobre dois deles por aqui, “Oito Mulheres” e “Nathalie X” – e se você quiser ler as publicações, é só clicar no link. Também assisti “De repente num domingo” e…

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Os Belos Dias: Primeiro eu gostaria de deixar claro que a Fanny é aquele tipo de mulher que quanto mais envelhece, mais bonita fica. É impressionante. Difícil acreditar que nesse filme ela ostenta seus 66 anos com tanta leveza e sensualidade. Ontem também assisti uma entrevista dela no programa brasileiro Roda Viva, ela mantém essa pose de ‘mulher fatal’ a entrevista inteira, ela tem uma voz naturalmente grave e uma postura que deixa os jornalistas intimidados.

Bom, a trama de “Os Belos Dias” foi baseada no romance “Une jeune fille aux cheveux blancs’’ (Uma jovem mulher de cabelos brancos) de Fanny Chesne – que participou do filme como roteirista. Ardant interpreta Caroline, uma mulher na casa dos 60 anos, recém aposentada, casada e com filhos. Tentando sobreviver a tristeza de ter perdido uma amiga e ao ócio da aposentadoria, ela se inscreve em um clube de idosos.  De uma maneira linda e espontânea, Caroline acaba se envolvendo com um dos professores do clube e entra em um conflito já que ela é casada e ele é quase trinta a anos mais novo.

OS BELOS DIAS

De alguma maneira, “Os Belos Dias” me lembra o filme chileno “Glória”, protagonizado pela Paulina Garcia. Os dois retratam o envelhecimento feminino com respeito e leveza. Pra falar a verdade, é até engraçado ver a Fanny em certas situações, aquela cena em que ela faz aula de computação e parece não entender o funcionamento da internet, é uma delícia. “Minhas filhas riem de mim quando peço que elas me ensinem a mexer no computador. Queria ver como elas se sairiam na nossa época, ter que usar o fax, estacionar o carro sem direção hidráulica…”

Além de clássica, ela está muito sensual… É encantadora a maneira em que ela consegue mesclar “a mãe de família” e a “mulher predadora”. Me pareceu que Caroline, na altura dos seus 60 anos, estava disposta a viver uma aventura. A se permitir a errar, depois de fazer tudo tão certo. A questão central deixa de ser a idade do amante, ainda que é uma problemática interessante, e passa a ser a releitura de uma velhice que ainda possui uma chama de juventude. É o envelhecer com dignidade. 

A diretora, Marion Vernoux, também conseguiu mostrar com tanta sensibilidade a perspectiva do marido. Difícil não se sentir tocado quando ele começa a perceber as escapadas da esposa e permite que ela se aventure. Não antes de tentar reconquistá-la….