Sou grande fã do Jack Nicholson, fã assumida. Mas a minha admiração por ele não surgiu através dos seus grandes filmes, daqueles mais famosos como “Um estranho no ninho”, por exemplo. Comecei a admirar Nicholson depois que assisti ‘Acerto final’, um drama de 1995, dirigido por Seann Peann. No filme, ele interpreta Freddy Gale, um homem traumatizado pela morte da filha, Emily. Depois de perdê-la, Gale promete para si mesmo se vingar de John Booth (interpretado por David Morse), o responsável pelo atropelamento da garota – no dia, Booth estava alcoolizado.
Quando Booth finalmente é solto, Gale encontra-se no ápice da sua obsessão. Inclusive, vai a casa da sua ex-mulher (interpretada por Anjélica Huston) para confrontá-la com o passado, com a morte da menina. Gale não suporta a ideia de ver sua ex-esposa com outro homem e, agora, mãe de dois filhos. É exatamente nessa concepção que o filme ganha seus pontos, enquanto Gale está preso ao passado, sua mulher resolveu seguir em frente e Booth, mesmo se sentido culpado e completamente arrependido, também deseja reconstruir a vida ao lado de Jojo (interpretada por Robin Wright).
O bacana é que a trama não se trata apenas da vingança de Gale e também não é um daqueles dramas morosos, não é um sonífero. “Acerto final” nos faz repensar na vida, nas relações familiares e nas “chances” que deixamos passar. Apesar de não ser grandioso, o filme traz pequenas pérolas em forma de diálogo e uma atuação primorosa de Nicholson, que domina o longa em toda sua duração. Aqui, Nicholson está dramático, mas em uma dosagem tão perfeita que é difícil não se sensibilizar com sua dor, é difícil não torcer para que ele consiga finalmente, matar Booth e livrar-se desse rancor que o corrói aos poucos.
A trilha sonora é perfeita, especialmente uma música de Bruce Springsteen que captura toda a tensão e o suspense do filme. Em falar em música, uma das coisas desse filme que não sai da minha cabeça é as diversas sequências construídas em cima de um bonequinho, que assobiava uma música que Gale cantava para Emily, uma música triste e marcante, uma alegoria a memória de Gale, atormentado pela morte da filha.