O adultério não pode ser medíocre

Traição

Estava eu, stalkeando a Rosa Montero e vi que ela compartilhou no Facebook uma de suas publicações mais recentes no El País. Coincidência ou não, eu já estava decidida a traduzir e publicar aqui uma entrevista da Fanny Ardant que aborda o mesmo tema e apresenta uma perspectiva muito semelhante.

As duas falam sobre traição, companheirismo e lealdade e me parecem muito corretas nas ideias que defendem. Enquanto Montero comenta o caso do Ashley Madison (um site feito para adúlteros, que recentemente, teve informações vazadas), Fanny comenta sobre “Os Belos Dias”, filme em que ela interpreta uma mulher de 60 que mantém um relacionamento fora do casamento com um rapaz bem mais novo.

montero_rosaRosa Montero: “Adúlteros, mas leais. Como é difícil amar alguém, mesmo com o passar do tempo, e construir uma convivência duradoura,que não termine sendo tóxica. A vida é infinitamente complicada e uma das coisas mais complicadas da vida é manter as relações sentimentais e superar todo esse conflito permanente de um relacionamento. Como é difícil amar sem cair na rotina, sem culpar o outro por nossas próprias frustrações, sem devorar, tiranizar, sem se empobrecer, sem se irritar.

É algo tremendamente difícil, por isso é compreensível que cada um siga da melhor forma possível. Não existem regras para o êxito. Pessoalmente, penso que dão ao sexo uma importância desmesurada.Tenho pena de ver que uma simples aventura,que na realidade não significou nada, arruína casais que com muita luta e com muito amor, construiram um relacionamento juntos. A verdade é que eu não acredito que o ser humano nasceu para a monogamia ou para a monoandria. Pelo menos, não para a vida inteira. (…) Tenho a impressão de que quem reprime uma e outra vez seus desejos adúlteros, termina direcionando essa frustação e esse aborrecimento sobre o seu companheiro.


fanny ardant

Acho desonestos aqueles filmes que mostram o marido como um “velho acabado”, ou a esposa como uma “avó de bengalas” e o amante totalmente esplêndido. Isso pode acontecer, é claro… e é por esse motivo que muitos se separam ou se divorciam. Mas, o relacionamento de um casal é muito mais complexo. No filme, meu marido é também encantador. Gosto desse marido porque ele conhece bem a sua mulher, e compartilha com ela grande intimidade. Possui algo sólido e livre, não é apenas um burguês. Os dois se complementam, ele também é pai…é avô.

Quando Caroline vê Julien pela enésima vez ela pensa: “Vou aproveitar a situação, antes que ela se torne medíocre”. O adultério não pode ser sórdido, ele não suporta a mediocridade. Quando você queima certas coisas, é necessário que o faça de maneira extravagante. E assim que começa a ser sórdido, é hora de deixá-lo….


TITUS, que história!

Sangue, vingança e traição: a história.

Titus é um influente general romano que lutou contra os godos e venceu a batalha. Quando retorna a cidade, ele traz quatro prisioneiros: Tamora (a rainha dos godos) e seus três filhos – e os usa dar uma demonstração do seu sucesso e poder.  Tamora implora para que Titus os liberte, ou pelo menos, liberte seus filhos. Implacável, Titus mata o primogênito de Tamora e lhe entrega suas vísceras.

Titus chega na cidade a um momento oportuno, há uma eleição para escolher o novo imperador: na disputa estão Saturtino e Bassiano (irmãos), que brigam pelo trono. Saturtino apela para a vaidade de Titus, enquanto Bassiano acredita em sua justiça. Bassiano realmente possui boas intenções, mas o fato de namorar Lavínia (filha de Titus) o prejudica.

 Em primeiro momento, Titus tenta se auto eleger – o que deixa Saturtino furioso! – depois, percebendo a impossibilidade de se tornar imperador, o general escolhe Saturtino, pois acredita que ele, sendo o irmão mais velho, tem mais direito ao trono.

Os filhos de Titus sabiam do namoro entre Lavínia e Bassiano, além disso, não apoiaram o pai em sua escolha. Titus sente-se traído, mata um dos filhos e exige que os outros (entre eles, Lúcio, um soldado popular e influente) nunca mais se aproximem dele. Assim que assume o cargo, Saturtino dá pistas de sua má índole:  para humilhar Titus e Bassiano ao mesmo tempo, diz que irá se casar com Lavínia. Titus não gosta muito da ideia, mas como é um homem muito leal, aceita.

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Titus leva Tamora e seus filhos para uma prisão, no caminho Saturtino os encontra e fica encantado pela rainha dos godos.  Então Saturtino volta atrás e resolve se casar com Tamora, ofendendo Titus mais uma vez.  Depois da realização do casamento, Tamora faz um acordo com Saturtino: ela sabe que se Saturtino humilhar Titus mais uma vez, a popularidade do imperador pode cair então pede que seu marido deixe que ela se vingue de Titus do seu jeito.

Aos poucos, Saturtino fica cegamente apaixonado por Tamora e nem percebe que ela mantém um romance com um de seus empregados, o Aaron, um homem traiçoeiro. Um dia, Tamora e Aaron são flagrados pelos filhos de Titus. Com medo de ter seu segredo revelado, Tamora os mata e provoca uma tragédia: ela manda que seus filhos se vinguem de Titus de uma vez por todas: estuprem Lavínia.

Os filhos de Tamora não só estupram Lavínia como também arrancam a sua língua e cortam as suas mãos. A garota é encontrada por seu irmão, Lucius, completamente atormentada. Levam-na para Titus e ele fica desesperado, chocado, sem chão. Titus encontra Aaron e pergunta o que pode fazer para demonstrar para Tamora e para Saturtino que não pretende mais brigar, Aaron propõe que Titus tenha um ato de coragem: que arranque a própria mão e mande ao imperador. E é justamente o que Titus faz. O problema é que ele foi enganado, Aaron sugeriu a automutilação por pura maldade. Pouco tempo depois ele manda a mão de Titus de volta e debocha do soldado.

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Nesse meio tempo, Tamora engravida de Aaron, mas a criança nasce negra e ela, envergonhada, pede que o matem. Aaron chega um pouco antes do assassinato do menino e leva o filho para longe dali e promete: ele se vingará. Enquanto isso, Lucio vai até a terra dos godos e conta para o povo as barbaridades que Tamora cometeu. Ele encontra pessoas que também não gostam da rainha e que querem vê-la morta.

Com medo de Saturtino descobrir o crime que seus filhos cometeram em relação à Lavínia, Tamora e seus filhos vão à casa de Titus assombrá-lo, eles fingem ser uma “alucinação” do soldado. O que eles pretendiam, na verdade, era fazer com que Titus pensasse que tinha enlouquecido, mas ele não cai na pegadinha, pelo contrário. Tamora vai para o palácio, deixa os filhos sozinhos na casa de Titus e pede para que eles terminem o trabalho. Titus, no entanto é muito mais esperto do que eles e mata os dois.

Titus manda uma carta para Saturtino e pede por trégua e por isso afirma irá servir um jantar para o imperador e sua esposa. Saturtino aceita. No dia do jantar, Titus prepara a refeição. Antes de servi-la, ele mata a filha (Lavínia) na frente dos convidados para mostrar que não aguenta mais vê-la sofrer. Finalmente, os convidados começam a comer o que Titus preparou: uma torta de carne, feita com os restos mortais dos filhos de Tamora. A rainha não sabe que são seus filhos e então, os come. Depois que Titus revela que a torta na verdade é feita de carne humana, ele finalmente apunhala Tamora no pescoço. Revoltado, Saturtino mata Titus. Lucius, também revoltado, mata Saturtino.