Uma lição de amor é um daqueles filmes que se assiste com o lenço do lado. É difícil segurar as lágrimas em um longa tão dramático e bem construído. A trama traz a história de Sam (Sean Peann), um pai solteiro com deficiência mental que cria com a ajuda dos amigos sua pequena filha, Lucy (Dakota Fanning). Quando Lucy completa sete anos e começa a superar a inteligência do pai, uma assistente social decide colocá-la em um orfanato. Desesperado, Sam procura a ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer) para tentar recuperar a guarda da filha.
Dirigido e roteirizado por Jessie Nelson (Lado a Lado, Corina uma babá perfeita), ‘I am Sam’ (título original em inglês) é uma produção que acerta na abordagem, no roteiro bem construído, na fotografia, nas atuações e na incrível trilha sonora. Falando assim, parece até exagero, mas o fato é que Nelson fez um trabalho notório: soube utilizar câmera subjetivas, construiu uma iluminação perfeita e criou uma atmosfera respeitável: apesar do tema denso, a perspectiva é leve e dinâmica.Sean Penn está incrível, se sobressai de todas as formas. Inclusive, há quem diga que ele improvisou grande parte de suas falas, o que torna o seu trabalho ainda mais admirável. Dakota Fanning por sí só já é uma delícia de se ver em tela, a garota esbanja fofura e inteligência e não fica pra trás quando contracena com monstros do cinema americano, entre eles Dianne Wiest.
Quem acompanha o La Amora sabe que Wiest é um dos meus grandes amores e é fato que, apesar da atriz ter uma participação pequena no filme, sua personagem – uma pianista com transtorno compulsivo que não sai de casa há 28 anos e ajuda Sam a criar Lucy – é marcante e fundamental para a trama. Michelle Pfeiffer – que mulher linda! – teve a inteligência de não deixar seu personagem cair no clichê e fez de Rita (uma advogada atribulada e com problemas familiares) um personagem forte e carismático.
Uma das questões que o filme levanta – e que talvez não fique bem claro no início – é a relação entre pais e filhos (não só entre Sam e Lucy), o argumento é muito mais abrangente do que isso. Os diálogos, em sua maioria com um toque sentimental, nos coloca contra a parede quando pergunta: existe alguém perfeito quando o assunto é a criação dos filhos? Quem é mais bem sucedido: Rita – uma advogada de sucesso que não tem tempo para ficar com o filho ou Sam, um doente mental que trabalha em uma cafeteria e tem uma filha que é apaixonada por ele?
Sam faz de tudo para ficar perto da filha, ele até se muda para uma casa ao lado onde ela vive com os pais adotivos e arruma outro emprego para complementar a renda. O interessante é que não há ‘vilões’ nessa historia, apenas diferentes pontos de vista. A mãe adotiva tenta conquistar Lucy de várias maneiras e por fim reconhece que, apesar do retardo de Sam, Lucy teve o principal: amor.
Filme lindo e delicioso, daqueles que a gente não se cansa de ver. Boa pedida num dia chuvoso… 🙂