Matheus Nachtergaele é um ator maduro, respeitado e que chegou em um ponto em sua carreira em que não precisa provar nada para ninguém. Mas se precisasse, era só apresentar um dos capítulos da série Zé do Caixão para mostrar que sabe o que faz e que quando o faz, faz muito bem. A série foi transmitida no ano passado pelo canal Space e dividida em seis capítulos, cada um deles, retrata uma fase da vida de José Mojica e seus respectivos trabalhos. Eu terminei de assisti-la essa semana e fiquei encantada com a imersão que Nachtergaele fez no personagem e no quanto ele conseguiu ser convincente… o tom de voz, os erros gramaticais, os olhares. Tudo muito intenso!
Zé do Caixão sempre me pareceu uma figura bizarra, mas ao mesmo tempo, tão amigável. Na minha casa, quando alguém deixava a unha ficar grande demais, ganhava esse apelido. Sempre que eu o via na televisão o encarava com estranheza…mas com identificação, entendia nele a personificação perfeita do terror brasileiro. Um símbolo mesmo. A série só veio para confirmar isso e me ensinar o que eu não sabia sobre a sua história, eu nem fazia ideia de que ele era um coveiro que buscava por uma mulher que pudesse gerar o seu herdeiro. Só pra constar, “À meia noite levarei sua alma”, filme de 1964, foi o divisor de águas na carreira de Mojica, um marco no terror brasileiro. É a primeira aparição do Zé do Caixão e a gente pode ver como o personagem surgiu na vida de José, que tinha pesadelos com um homem que o puxava para uma cova.
A série é uma representação do quanto é difícil fazer cinema no Brasil e no quanto José Mojica foi forte e extremamente criativo para conseguir resistir produzindo por tanto tempo. O primeiro capítulo, por exemplo, conta como foi a realização do faroeste “A Sina do Aventureiro” e como Mojica – que hoje, aos 79 anos, prefere não ser confundido com o personagem que inventou – quase se transformava em dois para manter a Apollo funcionando, uma produtora, que também funcionava como escola de atores. [Ele era produtor, roteirista, diretor e professor!].
Muito legal a sua relação com os pais, o apoio que eles lhe davam e do ambiente em que cresceu e, especialmente por causa do pai, foi cercado por um mundo cinematográfico. Adorei a personagem da Nilse, que na verdade é a personificação de todas as mulheres que passaram na vida de José e o ajudaram nas produções e enfim, tiveram uma relação amorosa. E por falar em amor, a série mostra um lado super picante do Zé do Caixão, que, aparentemente, adorava fazer menções sexuais em seus filmes e que levou uma vida sexual muito intensa.
- Eu procurei por seus filmes e vi que estão disponíveis no Youtube, vi uma sequência muito interessante em que ele mata um homem em uma banheira. Pretendo assistir os filmes completos e quem sabe, comentar sobre eles por aqui!