Enganar é viver (ou “La Alegria está em el Campo”)

ADA
Tava pesquisando sobre esse filme e encontrei uma super entrevista (de 1996, um ano após o lançamento), em que a Carmen Maura falava muitas coisas interessantes sobre a sua carreira, uma delas é que enfrentou muitas dificuldade para se acostumar com o jeito frio dos franceses e que tem um pouco de birra porque eles se acham os melhores de mundo. Na entrevista Carmen contou que ficou mais de seis meses gravando “La alegria está en el campo” e que realmente morava numa fazenda, longe de tudo, levando uma vida meio bucólica. Ela disse que se esforçou muito para aprender francês e que tem orgulho de dominar a língua, contou que gostava de morar na França porque o assédio lá praticamente não existe, que podia passear com seus cachorros sem ser reconhecida.

A melhor parte foi quando ela falou sobre suas expectativas de carreira, disse que não ficava sem trabalho e que tinha o privilégio de ser uma atriz de cinema… que não tinha a ilusão de ser uma atriz de Hollywood e que sofreu muito quando gravou “Mulheres à beira de um ataque de nervos”, que só não largou tudo porque tinha um contrato a cumprir. Quando ela chegou em Hollywood para a promoção do filme, foi muito maltratada e que provavelmente recebeu esse tratamento por causa da sua idade. Na época, Carmen já estava no auge dos 40 e tantos, sentia que não conseguiria (e que não estava disposta) a concorrer com atores com a metade da idade dela.

Sobre o filme: O pequeno empresário Francis (interpretado por Michel Serrault) está enfrentando sérios problemas em sua fábrica: não tem verba e as funcionárias em greve. Pior é que, quando chega em casa, não encontra consolo na mulher e na filha, que são frias e arrogantes e só pensam em gastar.Um dia a família está vendo TV e escutam o caso de uma senhora que possui duas filhas e que está em busca de seu marido. Essa senhora é Dolores, vivida por Carmen Maura, uma fazendeira produtora de foie gras, extremamente simples. Quando mostram uma foto antiga do marido desaparecido de Dolores, Francis tem uma baita surpresa… o homem na foto é idêntico a ele.Decidido a evitar os problemas do dia-a-dia e se livrar da esposa e da filha, Francis assume a identidade do esposo de Dolores.

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YT

Meus comentários, cheios de spoilers: Eu estava louca para assistir esse filme, pensei que fosse uma super comédia. É uma comédia leve, uma trama interessante, mas nada que se diga “nooossa!”. A verdade é que o filme começa muito bem, dá pra dar umas boas risadas, mas aos poucos vai perdendo o ritmo. De qualquer forma, não é uma história tão comum, tem umas reviravoltas legais. Carmen está muito bem, mais séria do que o normal. Eu adorei o fato de seu personagem ser extremamente simples e, em segredo, extremamente rica. Tão rica que tira Francis do fundo do poço, mas o coloca em uma enrascada já que o dinheiro que ela tem (e suas infindáveis barras de ouro, rsss) são “dinheiro sujo”, tretas que o verdadeiro marido de Dolores arrumou em 1968, quando fazia violentos assaltos. O melhor é que a verdadeira esposa de Francis, quando descobre que ele a traiu, enlouquece (e só no fim do filme descobrimos que ela enlouquece de alegria por se ver livre do marido). Também descobrimos que Dolores sabe o tempo inteiro de que Francis não é seu verdadeiro marido, mas mesmo assim confia a ele sua fortuna, porque aprendeu a amá-lo.

Carmen foi indicada ao César por esse filme como melhor atriz coadjuvante.