[Pycho-Bidd] Mulheres mais velhas e cinema

Psycho-biddy (também conhecido com hag horror ou hagsploitation) é um subgênero do terror que, normalmente, apresenta filmes que contam histórias de mulheres na casa dos 50/60 anos, mentalmente abaladas por algum acontecimento que as aterroriza, por um alto nível de estresse (ou, apenas desestruturadas psicologicamente).

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O estilo surgiu em 1962, com o assombroso sucesso de “O que terá acontecido à Baby Jane” (um clássico protagonizado por Bette Davis e Joan Crawford), e foi, também, inspirado em “Crepúsculo dos Deuses” (famoso noir estrelado por Gloria Swanson).
O subgênero “Mulheres Psicóticas” (numa tradução à brasileira) apresenta tramas repletas de vingança, assassinato ou melodrama e o mais importante: “mulheres maduras em situações de perigo/violência/loucura”.
[ Particularmente, acho que esses personagens são sensacionais, especialmente quando abordados de uma forma caricata ou sarcástica, ainda que apresentem inúmeras possibilidades. Há muito humor em “Nazaré Tedesco”, por exemplo, mas há também muito drama em Bárbara Covett (personagem de Judi Dench em Notas sobre um Escândalo).]

Jessica Lange em AHS: podemos considerar como Hag Horror?

O subgênero andava esquecido, até que (re) surge Jessica Lange, com a sua cabeleira loira e estilo inconfundível, em American Horror Story. Murphy, o diretor da trama, fã do tema e extremamente atualizado com o que chamamos de “escola de cinema”, não poderia ter feito um trabalho mais incrível e bem elaborado (tsc, tsc…ainda que eu ache que tenha perdido a mão à partir da terceira temporada).
Como Constance, em Murder House, Jéssica dá a vida à uma mulher enigmática e vingativa, repleta de mistérios sobre os filhos e com uma relação estranha com a casa. A maior característica desse hag horror é a sua posição em relação à Moira, a empregada da casa (e “ex” amante do seu marido, digamos…).
Mas, o ápice acontece em Sister Jude, a freira e ex-prostituta que dirige um manicômio.

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Jude, assim como todas as personagens que se enquadram no gênero, luta contra a decadência física da idade, nutre uma paixão não correspondida (por um padre) e está em uma situação de extremo estresse: encara a possibilidade de perder o posto no manicômio, a aproximação de uma jornalista muito curiosa e acontecimentos “sobrenaturais” e inexplicáveis.

Vivemos, então, a reinvenção do subgênero?

Desde a sua invenção, o subgênero conta com diversos filmes (diferentes nuances e histórias). Há, inclusive, uma ótima lista no Filmow para quem se interessa pelo assunto e que entender um pouco mais sobre o tema.

O fato mais interessante é que na época da sua criação, existia uma espécie de deboche, as atrizes maduras (então consideradas veneno de bilheteria), eram vistas com certa piedade por parte da crítica, que não perdoava a idade.

Não cabe hipocrisia: as atrizes, na medida que vão ficando mais velhas, continuam perdendo espaço em Hollywood. Mas, hoje há toda uma interpretação diferenciada sobre a idade, sobre sexualidade e beleza. Entende-se, cada vez mais, que é possível envelhecer de uma forma diferenciada, manter a vivacidade e explorar a pluralidade feminina, em diversos personagens.

Reggie Love: um dos personagens que me inspiram!

Eu sou aquela pessoa que tem uma lista com um milhão de filmes novos para assistir e na hora “H”, escolhe um filme que já viu um milhão de vezes. Neste fim de semana revi “O Cliente” pelo Netflix e me surpreendi ao lembrar dos mínimos detalhes, das falas e de algumas cenas… ta aí um dos filmes que assistia constantemente quando era pequena, porque amava a Susan Sarandon. Mas eu juro, que não é só por causa dela que esse filme me encanta tanto.[E sim, já escrevi sobre ele por aqui, né?]

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Em suma, só não me lembrava da coragem da personagem, Reggie Love, ao enfrentar um mundo dominado por homens para defender uma criança extremamente assustada e confusa (no caso, o cliente que dá título ao filme).  Essas histórias me inspiram muito, é sempre bom ver o retrato de protagonistas fortes e inteligentes, sabe? Ao mesmo tempo, é incômodo pensar que mulheres continuam sendo subjugadas no mercado de trabalho e menos remuneradas. No inicinho do filme, quando Mark procura por uma ajuda, ele entra na sala da advogada procurando pelo “Senhor Love” e se assusta ao se dar conta de que o Senhor Love, é uma mulher. [Spoiler?] E quando ela entra numa sala, cheia de homens famintos para conseguir uma informação do garoto (que presenciou um assassinato), e surpreende todos com sua esperteza.

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Fiz uma pesquisa rápida sobre o assunto e me deparei com uma matéria do jornal O Globo (publicada em maio, deste ano) sobre uma campanha da OAB contra o machismo entre os advogados. Olha só que interesse o apontamento levantado:  Presidente da OAB/Mulher, Daniela Gusmão diz que há um estigma de que advogadas precisam ser masculinas para serem respeitadas. “A mulher pode ser formal e feminina ao mesmo tempo”, afirma ela, que organiza o evento. Sugiro que leiam a entrevista toda, se for possível. É pequena, mas muito interessante. Quando leio a matéria, imagino a situação se repetindo em outros contextos ou setores, tipo… na engenharia.

O filme propõe muitas pautas, mas a questão profissional é a que mais agrada. Gosto da narrativa, que tem um suspense gostoso de assistir… bem ao estilo anos 90. A riqueza da construção do personagem não terminar por aí, há uma quebra de estereótipos quando descobrimos, ao longo da narrativa, que Reggie perdeu a guarda dos filhos por causa do alcoolismo. Entendo que sua doação para salvar a vida do garoto e da família como uma  redenção.

Bette Davis, Joan Crawford, Susan Sarandon e Jessica Lange!

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53-18276-bettedavis_joancrawford-1405554457A notícia da realização da série Feud mexeu com a minha cabeça. Me deixou doida, doidinha, louca! Susan Sarandon e Jessica Lange representando as disputas entre  Bette Davis e Joan Crawford durante a gravação de “O que terá acontecido a Baby Jane?”. São quatro das atrizes que mais adoro, das quais já assisti inúmeros filmes e acompanho há anos. Quer dizer, meus miolos entraram em erupção. Na verdade eu até já sabia da possibilidade deste projeto, tive conhecimento dele (através das redes sociais em 2014!), mas achei que não iria para frente… Esperei todo o burburinho passar para ver se os veículos de comunicação e os próprios atores/diretores confirmassem. Isso aconteceu e eu morri. Já escrevi inúmeras publicações sobre Baby Jane, sobre Bette, Crawford, Susan e Jessica… acho que seria chover no molhado. Só passei mesmo para dizer que estou super entusiasmada pela série, que deve ser lançada no ano que vem e dirigida por Ryan Murphy (o mesmo diretor de American Horror Story!!).

Lado a Lado

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Tô lendo um livro incrível cujo tema são as madrastas. Trata-se de uma análise psicológica do termo,  uma versão sobre como a sociedade as vê. O livro também tem uma longa passagem sobre os contos infantis (tipo Branca de Neve e Bela Adormecida) e como essas histórias influenciaram nossa percepção. Esse livro (em breve vou fazer uma publicação sobre ele, se chama “Madrastas, do conto de fada para a vida real”), me fez lembrar o filme Lado a Lado, um dos meus preferidos de toda a vida, protagonizado pelo Julia Roberts e pela maravilhosamente incrível diva Susan Sarandon.

Não conheço alguém que tenha o assistido e não se emocionado. O filme (produzido em 1998 e dirigido por Chris Columbus), mostra o conflito de uma família e a incompreensão dos filhos que viram seus pais passarem por uma dolorosa separação e que precisam aceitar o novo relacionamento do pai. É um filme lindo e realmente especial porque não demoniza nenhuma das partes. Não coloca nem a mãe, nem a madrasta como figuras ruins.

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Um dos levantamentos da crítica especializada foi o fato de a doença da mãe deixar de ser um aspecto secundário para se tornar principal. Como se tirasse o foco da separação e encontrasse uma justificativa simples para terminar tudo aquilo da melhor maneira possível. A Susan Sarandon e a Julia Roberts (grandes amigas na vida real) estão incríveis, como sempre. Há uma enorme carga emotiva e difícil não ficar inquieto com o conflito entre elas. As crianças roubam a cena, triste pensar que mesmo com tanto talento, a Jena Malone e o Liam Aiken andem tão sumidos.

Um filme bonito desses (com tão inteligente abordagem emocional), nos lembra que não existe regra ou formula pronta para a paternidade e a maternidade. Ninguém nasce mãe, ninguém nasce pai: torna-se. Impossível não cometer alguns tropeços pelo caminho. Nos lembra também que nenhum casamento vem com a formula da perfeição, que às vezes o amor acaba e que isso pode ser doloroso demais. O casamento acabou, mas os filhos estão aí… e precisam entender que são amados independente do que aconteça.

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Tão delicado olhar sobre o mundo feminino não nos deixa esquecer o lado do pai, interpretado por Ed Harris. Os julgamentos caindo sobre ele, as esperanças perdidas, a culpa. Em suma é um filme que me fala muito, muito além da separação e da doença… é um filme que lembra o quanto temos medo de perder e o quanto temos medo da mudança.

O amor perfeito…

Richard Gere Shall we dance

Na minha visão, não muito romântica sobre a vida, o amor perfeito é parecido com aquele retratado no filme “Dança comigo?”. Lembram da cena em que Richard Gere sobe as escadas rolantes segurando uma rosa e vai ao encontro da Susan Sarandon? No filme os dois são marido e mulher, vivem um casamento dos sonhos: possuem dois filhos, dinheiro, não brigam… E mesmo assim, ele sente um vazio existencial, sente falta de algo que não sabe do que se trata. Então, ele entra em uma escola de dança e sente-se imensamente feliz, mas tem vergonha de contar para a esposa porque acredita que ela já lhe dá felicidade demais.

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O problema é que ela começa a imaginar que ele esta a traindo e, desconfiada, contrata um detetive. O filme todo é uma delícia, ele impressionado com a beleza e o mistério da professora de dança (interpretada por Jennifer Lopez) e se envolvendo amistosamente com os poucos alunos que restam na escola. Mas, aquela cena… a cena do Richard Gere subindo a escada com as rosas na mão, aquela é, ao meu ver, o signficado do verdadeiro amor. Mesmo depois de anos de casado, do cansativo cotidiano, da mesmice, do fato de ter que dormir com a mesma mulher todos os dias, de ouvir os mesmos problemas, sempre, da rotina… ele escolhe ela, ele escolhe voltar, ele escolhe ficar, escolhe aquela mulher. Ninguém o força, nada o obriga. Ele volta porque quer, ele a beija porque a deseja, ele se declara porque a ama.  É o ato de não abrir mão de uma vida construída em conjunto, é olhar para o passado e valorizá-lo.

(P.S: Dança comigo é um filme lindo, sensível e divertido. Um filme para se ver em companhia ou sozinho. É um filme sobre amor, simplesmente. Do marido pela esposa, do noivo pela noiva, da mãe pela filha, da dona de um salão pela dança. É um filme sobre persistência, sobre sacrifícios em prol de um bem maior.)

Doidas Demais

Um breve resumo da comemoração do meu aniversário de 14 anos = Goldie Hawn + Susan Sarandon.

Banger_sistersBom, é que no meu aniversário de 14 anos pedi que minha mãe me levasse ao cinema. Eu não fazia ideia que “Doidas demais” estava em cartaz, aliás, nem sabia da existência desse filme. Mas aí, chego lá e vejo um poster enorme e começo a tremer as pernas. Lembro que a classificação era de 16 anos e minha mãe deu um jeito de fazer com que eu entrasse para assistir. Aliás, lembro que ela dormiu o filme inteiro.

A história é bem fraquinha, mas dá pra divertir um pouco. Acho que é por isso que gostei tanto do filme naquela época e nem me liguei na quantidade de piadas de sacanagem que tem. Só lembro que eu saí do cinema com a sensação de que aquele tinha sido o melhor dia da minha vida. Nossa, eu fiquei tão feliz!

A Goldie Hawn é uma graça, sério! É incrível como ela carrega o filme nas costas e praticamente rouba a cena de todo mundo. Particularmente, achei o personagem do Geoffrey Rush um pouco desnecessário e chato, ainda que ele seja uma peça para ligar certos pontos da trama e contribui para a criação de um pequeno suspense.

THE BANGER SISTERS, from left: Susan Sarandon, Goldie Hawn, 2002, © Fox Searchlight
THE BANGER SISTERS, from left: Susan Sarandon, Goldie Hawn, 2002, © Fox Searchlight

Sobre o filme…

Suzette (Goldie) e Lavinia (Susan) eram duas amigas aventureiras que na década de sessenta colecionavam fotografias “bem comprometedoras” de astros do rock. A presença das duas nos shows e as loucuras que cometiam as fizeram ser apelidadas de “The Banger Sisters” (termo que, segundo o Google, está relacionado com “Headbanger”, uma palavra usada para designar a subcultura de fãs de heavy metal e suas variantes).

Passaram-se vinte anos e a vida das duas tomou rumos bem diferentes: enquanto Suzette continuava a levar uma rotina louca e sem rumo, Lavínia se tornou uma dona de casa chique e blasé.  Suzette precisa de dinheiro e recorre a amiga, mas quando a encontra, fica chocada com a sua mudança.


Ah! E dêem uma olhada no meu diário de quando eu tinha quatorze anos, eu já gostava de fazer listas, já era apaixonada pela Susan Sarandon e amava assistir o Oscar.

Thaís DiárioThais

sobre Susan Sarandon e Os últimos passos de um homem

Ontem eu fui dormir pensando no quanto eu gostava da Susan Sarandon e como essa admiração foi perdendo o fôlego ao longo dos anos. Ainda guardo muito carinho por ela e sempre que posso me dedico a assistir seus filmes e me atualizar sobre o que ela tem feito. Eu não saberia explicar o que mudou, mas, diferente de antes, já não sinto aquela fixação que me fazia comprar seus filmes, pesquisar sobre os seus projetos, colecionar gravuras e todas aquelas coisas que os fãs fazem.

Susan protagonizou muitos dos filmes que eu assistia quando criança, e nem todos eram infantis – na verdade, a maioria esmagadora era composta por filmes dramáticos. Talvez o que mais me emocionou, ou… me marcou, foi “Os últimos passos de um homem”, em que Sarandon interpreta a freira Helen Prejean, que tenta salvar da pena de morte, Mathew Poncelet, interpretado por Sean Penn. 

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Vou confessar que eu tinha medo do Sean Penn, e naquela época eu só tinha olhos para a Susan.  Seu personagem era bruto, grosseiro e acima de tudo, tinha cometido um crime assustador e violento. Hoje, revendo o filme, fico encantada com a grandiosa interpretação dos dois, e  também muito encantada com a direção do Tim Robbins, que por sinal… roteirizou e produziu o filme.  Aliás, na época, Susan e Tim eram casados.

Bom, o filme é baseado em uma história real e é compreensível que tenha levantado tanta polêmica. Não sei se alguém iria discordar, mas neste filme existe um claro posicionamento contra a pena de morte. O interessante, e talvez uma das coisas que me faz apaixonada pela Susan é que ela sempre foi muito politizada e leva isso para a sua vida real. Ela mergulha nosimages seus personagens, nas suas histórias e nas suas ideologias.

O caso é que “Os últimos passos” é uma daqueles filmes que tocam na ferida da sociedade e retratam a complexidade dos valores humanos. Que deixa exposto e quase grita que precisamos evoluir, e muito. E que encontrar um caminho certo é realmente muito difícil (talvez, impossível).

Eu sempre assisti esse filme me colocando no lugar da família dos jovens que foram assassinados. Não sei se vocês já viram esse filme, mas, acho que deveriam… pelo menos para ter uma noção do que estou falando. A cena em que a Helen visita os pais da moça estrupada é  de cortar o coração e é imensamente compreensível a raiva, o ódio, que eles possuem em relação ao assassino. Por outro lado, o que pesa no argumento da Irmã Helen e nos faz ter compaixão por Mathew é a força, a sinceridade do seu arrependimento e a importância do perdão. 

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Esse filme possui três momentos que fazem a minha espinha gelar.. a primeira é a cena em que nos é revelado o assassinato, a forma em que os jovens morreram e como foram covardemente violentados. A segunda é quando Mathew está caminhando para a sua execução, o ênfase em suas pernas tremendo e a explicação de como será a sua morte. Ele vai caminhando e é acompanhado por Helen que lê a Bíblia para ele.

Pena de Morte

“Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.”
Isaías 43:1,2

E por último a cena em que eles se olham pelo vidro e ela diz: ‘Eu te amo”. Bom, está claro que não é uma afirmação com conotação sexual. É uma afirmação que pode ser facilmente explicada por uma música que faz parte da trilha sonora do filme, que aliás, é incrível… gente, não tenho como definir o quanto essa trilha sonora é maravilhosa:

Look in the eyes
Of the face of love
Look in her eyes
Oh, there is peace
No, nothing dies
Within pure light

♡ Thelma e Louise♡

Thelma e Louise]Acho que todo mundo deve ter algo que tenha o marcado na vida. Seja um objeto, uma música, um livro, um lugar… no meu caso, um filme. Eu sempre, desde o comecinho do blog, quis escrever sobre Thelma e Louise. Engraçado, porque já comecei vários rascunhos e nenhum deles foi para frente. E eu sei o porque disso, é que esse foi um filme que me marcou profundamente e que me traz tantas lembranças e sentimentos que eu poderia escrever um livro… quer dizer, eu tenho uma lista infindável de filmes que amo, que assisti mil vezes e que tenho na minha coleção, mas Thelma e Louise é diferente. É o meu filme preferido, de todos os tempos.

Eu ainda era criança quando vi Susan Sarandon e Geena Davis pela primeira vez, juntas, naquele belíssimo e enorme thunderbird. As duas me ajudaram a construir uma imagética (falei o termo certo?) da mulher perfeita. Na minha cabeça a mulher perfeita era e é a mulher livre… e a viagem de Thelma e Louise é exatamente atrás disso, elas buscavam por liberdade.

thelmaHoje, já crescida, acho que me pareço mais com a Louise (e é ela que, ironicamente, era a minha personagem favorita). Louise, a garçonete quarentona e solteira, inteligente, um pouco arrogante… e triste. Louise me parecia tão triste. A Thelma, por outro lado, vivia uma vida medíocre e também infeliz ao lado do marido controlador.  Mas Thelma era como aquele passarinho preso na gaiola, que nunca conheceu o exterior e que, como uma criança, estava descobrindo o mundo. Thelma é a imagem da inocência e ao mesmo tempo, da teimosia… e mesmo com todos os problemas conseguia dar a volta por cima, tinham um tom engraçado, meio louco, meio atrevido…

thelmaDepois de muito tempo é que eu fui saber que Thelma e Louise é um filme feminista. Até então, nunca tinha parado para pensar nisso. Nunca parei para reparar nos detalhes e também não sabia que tinha sido roteirizado por uma mulher, a Callie Khouri.

Quando eu vejo esse filme é como se naquele carro, estivesse mais uma passageira: eu.  Ao longo dos anos, lendo muitos artigos, sites… eu vi que eu era uma, entre milhares, que são apaixonadas pelo filme. E concordo plenamente com o que a jornalista Melissa Silverstein, do site “Women and Hollywood” disse: “Thelma e Louise é uma referência para tantas pessoas porque nunca foi recriado. Quando o filme é um sucesso, é usual ser refilmado várias e várias vezes”.  Ou seja, quando você pensa em Thelma e Louise as imagens que vem a mente já estão meio que… “pré-determinadas”, são as do filme,  né? Não há outro, não há dúvida…

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A cena do estupro de Thelma foi algo aterrorizante para mim, quando criança. Ainda o é, hoje… Revendo o filme, fico pensando na forma em que retrataram a violência sexual, no jeito que mostraram o quanto é um crime terrível e odioso..  Aliás, que as duas sofreram né? Não é difícil perceber como a Louise ficou traumatizada com o que aconteceu com ela no Texas. Aliás, é exatamente isso que a fez fugir, não confiar na polícia. Provavelmente ela denunciou o estupro e não recebeu nenhum auxílio ou respaldo.

Muitos criticam a postura do policial que conversava com elas, muitos dizem que ele era “bom demais”. Não sei, sabe, acho que também é uma forma sutil de retratar um lado mais humano do homem (como gênero mesmo). Elas foram traídas e maltratadas por praticamente todo homem que apareceu em cena, menos por ele. Ele era o único que sabia o que tinha acontecido com a Louise no Texas..

A Callie Khouri, em 2001, se manifestou publicamente sobre o filme e disse que sempre foi criticada por causa do estuprador ter sido assassinado.  Segundo ela as pessoas se incomodam quando duas mulheres são retratadas no cinema como personagens inteligentes e que assumem o controle do próprio corpo. ” Os vilões sempre morrem em praticamente todo o filme…. aquele cara era o vilão e ele foi assassinado. O fato de uma mulher tê-lo assassinado fez com que isso gerasse controvérsias”.

Aliás, muitas feministas chegaram a afirmar que esse filme não pode ser considerada feminista porque elas morrem no final, como se fossem punidas. Eu, acho que foi uma forma de redenção.. .imagine, se tivessem sido presas? Ou, alguém acredita que depois de tudo, elas sairiam ilesas?

filmequethaisamaHum… Já falei que o filme foi gravado em 1991, e que a Susan estava grávida (e só descobriu depois?). Outra coisa interessante é que o filme foi um “boom”, recebeu várias indicações ao Oscar. E Genna e Susan foram indicadas na mesma categoria!! E, Hans Zimmer… meu amigo, a sua trilha sonora me faz chorar até hoje!


Genna Davis e Susa24 anos se passaram e o filme rendeu bons frutos, ainda hoje considerado um clássico. E, sem dúvidas, foi uma produção marcante na carreira das duas, que são super politizadas e socialmente engajadas. Sobre a Susan eu acho que nem preciso falar porque já publiquei um milhão de post falando sobre as suas manifestações sociais e sobre o seu engajamento… agora sobre a Geena eu nunca comentei.

Vocês sabiam que a Geena Davis possui um instituto chamado “Instituto Geena Davis de Gênero na Mídia” e que sempre está fazendo colocações e análises super importantes sobre o papel das mulheres no meio midiático? Ontem mesmo, por exemplo, em uma reunião da ONU em NY ela mostrou dados interessantes (para não dizer outra coisa), segundo ela: “Se incluirmos personagens femininas na medida em que tem sido feito nos últimos 20 anos, só alcançaremos a igualdade em 700 anos”


No ano passado as duas se reuniram para fazer uma sessão fotográfica no Hollywood Reporter, vocês viram?

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Jeff e as armações do destino

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De todos os atores e atrizes que amei, Susan Sarandon foi a primeira e será a última. Recentemente assisti um de seus filmes, Jeff, who lives at home”, uma comédia dramática que conta a história de um cara de quase quarenta anos (Jeff) que é desempregado e mora com a mãe. A mãe, no caso, interpretada por Susan Sarandon. Jeff possui um sério problema de relacionamento com o irmão e não consegue encontrar um sentido para a vida. Um dia, quando precisa ir ao mercado, ele decide mudar o percurso. No caminho uma série coincidências acontecem e o fazem questionar sobre sua existência.

Susan está magnífica, mesmo em um papel mediano. Na trama, ela é uma mãe que está cansada dos próprio filhos, que sente que falhou em algum momento da criação deles e que, por causa deles, deixou a própria vida um pouco de lado. Até, que um dia no escritório, começa a receber mensagens de um “admirador secreto” e  começa a se perguntar se deve ou não dar uma segunda chance para o amor…

Em boa parte da trama ela se dedica a desvendar o mistério, que para o telespectador já é decifrado desde o início… Seu admirador secreto é uma mulher, mulher que foi sua melhor amiga durante anos e que – num pequeno ato de coragem – decidiu revelar seu amor.

Que filme fofo!

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The Calling

The CallingAcompanho a carreira da Susan Sarandon há muito tempo e já estava sentindo saudade de um filme que valesse a pena ser visto. Cheguei a comentar isso no La Amora, sobre o fato da Susan ter sumido dos holofotes e de ter feito filmes ruins e medianos nos últimos anos. “The Calling” está longe de ser um grande suspense, mas Sarandon está na sua melhor forma e traz uma interpretação densa e emocionante – ao vê-la, me lembrei dos seus antigos sucessos, em que aqueles olhos enormes se enchiam de lágrimas e deixavam minha garganta com gosto de choro.

O filme conta a história da detetive Hazel (Sarandon) que comanda a delegacia de uma pequena e calma cidade americana. Hazel tem um histórico de alcoolismo e de insucessos na carreira que colocam a sua credibilidade a prova. De repente, a delegada se vê diante de diversos casos de assassinatos brutais, do qual acredita terem sido feitos por uma mesma pessoa, ou seja, por um serial killer. Como seus superiores não acreditam na sua história, Hazel decide investigar o caso com a ajuda de um policial iniciante, Ray Green (interpretado por Gil Bellows). O filme também conta com a presença ilustre de Ellen Busrtyn, que interpreta uma juíza aposentada, mãe de Hazel.

the_callingNão há nenhuma grande novidade no roteiro e até me arrisco a dizer que o filme perpassa por muitos clichês e pouca ação. O assassino, que é revelado no início da trama é movido por uma missão apocalíptica e para Hazel é mais do que é mistério, é um desafio para que ela prove que ainda é capaz de ser uma boa delegada. O interessante é que todas as vitimas morrem com a boca aberta e na junção das fotos criminais, mandam uma mensagem. Como eu disse, o filme não é grandioso, mas é bom ver Sarandon em sua melhor forma, extremamente dramática e encabeçando o elenco – mais do que isso, protagonizando um filme.